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sábado, 20 de maio de 2017

Eis aqui minha primeira Crônicazinha! (Séria e interessante!)


Um dia ganhei de um poeta uma anotação hilária!
(E eu, até então, não sabia que o cara era o poeta!)

Por incrível que lhes possa parecer, lá pelos idos de 63 até meados de 68, fui quase vizinho de Guilherme de Almeida – sem ainda sabê-lo ser o poeta. Isto, quando residi à rua Caiubi, em Perdizes – bairro de classe média alta em São Paulo - onde à época, situavam-se pontos estratégicos de encontros da intelectualidade católica da ala progressista: - o “Convento dos Dominicanos”e a PUC (SP).

- Certa feita, então, ao saber que Guilherme de Almeida – o 3º príncipe dos
Poetas brasileiros à época – seria homenageado na, e pela PUC de Sampa -
ali bem pertinho do meu apartamento, pois a umas duas ou três quadras de distância - resolvi ir conhecê-lo e, quem sabe, aprender algo útil para o vestibular. Mas olha só que audácia a minha!

Logo ao adentrar no amplo auditório do famoso TUCA, qual não fora a surpresa: - o poeta a ser homenageado era o meu quase vizinho, que do solar do seu sobrado, todas às madrugadas, ao eu retornar de minhas algazarras noturnas – galinhagens, mesmo, pra dizer a verdade – sempre cumprimentava-me melancolicamente vez que, como de costume, estava sempre chumbado por um bom gole de whisky estrangeiro. Fato que da rua se percebia perfeitamente!
- “Bom alvorecer, porongo”!
Também da mesma forma, chumbado, por “cuba libres”e “daiquiris”, respondia-lhe:
- “Bom dia, senhor, tudo chuchu beleza?”

Mas retomemos o fio da meada – a homenagem ao poeta – esta, coube
à uma famosa filóloga da universidade que se pôs a debulhar, por mais de quatro horas, uma sucessão interminável de palavras desconhecidas e conceitos filológicos esdrúxulos, para mim, que, ao mesmo tempo, encantavam-me – “Quanto conhecimento!” – e deprimiam-me profundamente... “Meu DEUS, não sei nada!”
Mas de esguelha, eu não perdia o poeta de vista, que, vez por outra, anotava e anotava alguma coisa em um pedacinho de papel.

Ao terminar a tal homenagem e findos os cumprimentos à fabulosa filóloga e ao poeta príncipe, aproximei-me dele, sorrateiramente, e perguntei-lhe sussurrando:
- “Olá poeta, o senhor entendeu tudo o que ela disse?”
Ele olhou-me sorridente e, com um ar de compadecido - de mim e dele mesmo - deu-me o tal pedacinho de papel em que anotara inúmeras palavras ditas pela ilustre palestrante. Sendo que de um lado, as precedia a palavra HIPÓTESE, e, no verso do precioso papelzinho, o poeta havia escrito sua ESPLÊNDIDA CONCLUSÃO:

-  “Banguelas não mastigam chicletes!” -

Então, soltei uma gargalhada absurdamente escandalosa. Porque descobrira que não somente eu, mas, também o príncipe dos poetas brasileiros, à época, não as tinha compreendido. Mas que felicidade, meu Deus!
Porque, então, teria eu de compreendê-las, enfim,?!...

Montes Claros(MG), 17-02-2014
REL Mendes


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