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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eugen Berthold


Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenadoralemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.
Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. Sua praxis é uma síntese dos experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. Seu trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.
recht nasceu no Estado Livre da Baviera, no extremo sul da Alemanha, estudou medicina e trabalhou como enfermeiro num hospital em Munique durante aPrimeira Guerra Mundial. Era filho de Berthold Brecht, diretor de uma fábrica de papel, católico, exigente e autoritário, e de Sophie Brezing (em solteira), protestante, que fez seu filho ser batizado nesta igreja.
Suas primeiras peças, Baal (1918/1926) e Tambores na Noite (Trommeln in der Nacht) (1918-1920), foram encenadas na vizinha Munique. Em sua participação no teatro Brecht conhece o diretor de teatro e cinema Erich Engel, com quem veio a trabalhar até o fim da sua vida.
Depois da primeira grande guerra mudou-se para Berlim, onde o influente crítico, Herbert Ihering, chamou-lhe a atenção para a apetência do público pelo teatromoderno. Trabalha inicialmente com Erwin Piscator, famoso por suas cenas Piscator, como eram chamadas, cheias de projeções de filmes, cartazes, etc. Em Berlim, a peça Im Dickicht der Städte, protagonizada por Fritz Kortner e dirigida por Engel, tornou-se o seu primeiro sucesso.
O Nazismo afirmava-se como a força renovadora que iria reerguer o país, pretendendo reviver o Sacro Império Romano-Germânico. Mas, ao mesmo tempo, chegavam à Alemanha influências da recém formada União Soviética.
Com a eleição de Hitler, em 1933, Brecht exila-se primeiro na Áustria, depois Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e finalmente nos Estados Unidos. Recebeu o Prêmio Lênin da Paz em 1954.
Seus textos e montagens o fizeram conhecido mundialmente. Brecht é um dos escritores fundamentais deste século: revolucionou a teoria e a prática da dramaturgia e da encenação, mudou completamente a função e o sentido social do teatro, usando-o como arma de consciencialização e politização.
Teve três filhos com Helene Weigel: Stefan Brecht, Barbara Brecht-Schall e Hanne Hiob.
As suas principais influências foram Constantin Stanislavski, Vsevolod Emilevitch Meyerhold, Erwin Piscator e Viktor Chklovski.
Algumas de suas principais obras são: Um Homem é um Homem, em que cresce a ideia do homem como um ser transformável, Mãe Coragem e Seus Filhos, sobre a Guerra dos Trinta Anos, escrita no exílio, no começo da Segunda Guerra Mundial, e A Vida de Galileu. Afirma Bernard Dort a respeito deste último:
… Galileu foi escrita, pelo menos originalmente, para servir de exemplo e de conselho aos sábios alemães tentados a abdicar seu saber nas mãos dos chefes nazistas.
Além dessas, escreveu também Seu Puntila e seu Criado Matti, A Resistível Ascensão de Arturo Ui, O Círculo de Giz Caucasiano, A Boa Alma de Setzuan, A Santa Joana dos matadouros e A Ópera dos Três Vinténs.
Não é simples falar sobre o conceito que Brecht tinha do teatro, apesar de ao longo de 30 anos haver escrito ensaios e comentários sobre este tema. Este autor era mais um pensador prático, que sempre recriava suas peças ou "experimentos sociológicos", como as preferia chamar, no intuito de aperfeiçoá-las. Pois era através delas que toda sua teoria, crítica e pensamento seriam expostos.
Além de dramaturgo e diretor, Brecht foi responsável por aprofundar o método de interpretação do teatro épico, uma das grandes teorias de interpretação do século XX. Uma das grandes influências no desenvolvimento desta forma de interpretação foi a arte do ator Mei Lan-Fang, que Brecht acompanhou numa representação em Moscou em 1935.
Descreve Brecht em Escritos sobre Teatro um relato deste ator chinês que informa muito sobre a forma de interpretação no teatro épico, ao representar papéis femininos. Mei Lan-Fang repetira várias vezes numa palestra, por seu tradutor, que ele representava personagens femininos em cena, mas que não era imitador de mulheres. Continua Brecht, descrevendo uma demonstração das técnicas deste ator num encontro, que este ator, de terno, executava certos movimentos femininos, ressaltando sempre a presença de duas personagens, um que apresentava e outro que era apresentado. Brecht sublinha que o ator chinês não pretendia andar e chorar como uma mulher, mas como uma determinada mulher
Segundo Rosenfeld, "Foi desde 1926 que Brecht começou a falar de ‘teatro épico’, depois de pôr de lado o termo ‘drama épico’, visto que o cunho narrativo da sua obra somente se completa no palco" (ROSENLD, 1965, p. 146), é possível inferir, portanto, a importância que a encenação tem para os textos brechtianos. É só através da atitude dos atores, do cenário, da música, dos sons e até do silêncio que seu pensamento se completa, só através destes elementos que seu texto causará o efeito desejado, caso o contrário seu não causará o impacto devido.
No início de sua carreira Brecht estabelece os elementos de uma nova forma de interpretação para o ator. Em, a propósito dos critérios de apreciação da arte dramática, defende o ator Peter Lore de críticas negativas dizendo que uma interpretação gestual levará o público a exercer uma operação crítica do comportamento humano. Afirma que cada palavra deve encontrar um significado visual e através do gesto o espectador pode compreender as alternativas da cena (Peixoto, 1974, 2. edição, pg; 68).
Peixoto descreve que para Brecht a interpretação gestual deve muito ao cinema mudo, principalmente a Chaplin, que elaborara uma nova forma de figuração do pensamento humano (Peixoto, 1974, 2. edição, pg; 68). Esta preocupação levará a que Brecht defina o conceito de gestus na interpretação e montagem de suas peças.
Conforme destaca Fredric Jameson, em seu Método Brecht, algumas das inovações propostas pela cena brechtiana são similares àquelas propostas por importantes artistas modernistas no teatro ou em outras artes. Destacam-se entre eles a dramaturgia de Frank Wedekind, influência reconhecida pelo próprio Brecht, o romance Ulysses de James Joyce, as propostas cubo-futuristas de Maiakovski, ou construtivistas nocinema de Sergei Eisenstein e, principalmente, os postulados do diretor de teatro Meyerhold e os procedimentos de colagem nos trabalhos de Picasso.
Willet, por outro lado, reforça o aspecto da construção narrativa em seu trabalho: Com Brecht os mesmos princípios de montagem espalham-se ao teatro pois a forma narrativa do teatro épico seria mais adequada para se lidar com temas sócio-econômicos, evidenciando Willet que a montagem foi a técnica estrutural mais natural na prática artística brechtiana (1978, 110).

Peças de teatro
Entradas com nome da tradução ao português (quando houver), título original, ano da escrita / ano da produção.

 Baal (Baal) 1918/1923
 Tambores na Noite (Trommeln in der Nacht) 1918-20/1922
 Os mendigos (Der Bettler oder Der tote Hund) 1919/?
 O Casamento do Pequeno Burgues (Die Kleinbürgerhochzeit) 1919/1926
 (Er treibt einen Teufel aus) 1919/?
 Lux in Tenebris (Lux in Tenebris) 1919/?
 (Der Fischzug) 1919?/?
 (Mysterien eines Friseursalons) (roteiro para cinema) 1923
 Na Selva das Cidades (Im Dickicht der Städte) 1921-24/1923
 A Vida de Edward II da Inglaterra (Leben Eduards des Zweiten von England) 1924/1924
 (Der Untergang des Egoisten Johnann Fatzer) (fragmentos) 1926-30/1974
 O Homem é um Homem (Mann ist Mann) 1924-26/1926
 O Elefante Calf (Das Elefantenkalb) 1924-6/1926
 Mahagonny (Mahagonny-Songspiel) 1927/1927
 A Ópera dos Três Vinténs (Die Dreigroschenoper) 1928/1928
 O Vôo no Oceano (Der Ozeanflug; originally Lindbergh's Flight [(Lindberghflug]) 1928-29/1929
 A Peça de Baden-Baden (Badener Lehrstück vom Einverständnis) 1929/1929
 Happy End (Happy End) 1929/1929
 Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny (Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny) 1927-29/1930
 Aquele que diz Sim, Aquele que diz Não (Der Jasager; Der Neinsager) 1929-30/1930-?
 A Decisão (Die Maßnahme) 1930/1930
 Santa Joana do Matadouros (Die heilige Johanna der Schlachthöfe) 1929-31/1959


Selo da antiga Alemanha Oriental estampando Brecht e uma cena de 'A Vida de Galileu.
 A Exceção e a Regra (Die Ausnahme und die Regel) 1930/1938
 A Mãe (Die Mutter) 1930-31/1932
 Kuhle Wampe (roteiro para cinema) 1931/1932
 Os Sete Pecados Capitais (Die sieben Todsünden der Kleinbürger) 1933/1933
 Cabeças Redondas, Cabeças Pontudas (Die Rundköpfe und die Spitzköpfe) 1931-34/1936
 Horácios e Curiácios (Die Horatier und die Kuriatier) 1933-34/1958
 Terror e Miséria no Terceiro Reich (Furcht und Elend des Dritten Reiches) 1935-38/1938
 Os Fuzis da Senhora Carrar (Die Gewehre der Frau Carrar) 1937/1937
 Galileo Galilei (Leben des Galilei) 1937-9/1943
 Quanto Custa o Ferro (Was kostet das Eisen?) 1939/1939
 (Dansen) 1939/?
 Mãe Coragem e seus Filhos (Mutter Courage und ihre Kinder) 1938-39/1941
 O Julgamento de Lucullus (Das Verhör des Lukullus) 1938-39/1940
 O Sr Puntila e seu criado Matti (Herr Puntila und sein Knecht Matti) 1940/1948
 A Boa Alma de Sezuan (Der gute Mensch von Sezuan) 1939-42/1943
 A Resistível Ascensão de Arturo Ui (Der aufhaltsame Aufstieg des Arturo Ui) 1941/1958
 Hangmen Also Die (roteiro cinema) 1942/1943
 As Visões de Simone Machard (Die Gesichte der Simone Machard ) 1942-43/1957
 Schweik na Segunda Guerra Mundial (Schweyk im Zweiten Weltkrieg) 1941-43/1957
 O Círculo de Giz Caucasiano (Der kaukasische Kreidekreis) 1943-45/1948
 Antígone (Die Antigone des Sophokles) 1947/1948
 Os Dias da Communa (Die Tage der Commune) 1948-49/1956
 The Tutor (Der Hofmeister) 1950/1950
 O Julgamento de Lucullus (Die Verurteilung des Lukullus) 1938-39/1951
 (Herrnburger Bericht) 1951/1951
 Coriolanus (Coriolan) 1951-53/1962
 O Julgamento de Joana D'Arc, 1431 (Der Prozess der Jeanne D'Arc zu Rouen, 1431) 1952/1952
 Turandot (Turandot oder Der Kongreß der Weißwäscher) 1953-54/1969
 Don Juan (Don Juan) 1952/1954
 Trumpetes e Tambores (Pauken und Trompeten) 1955/1955
Ver também
 Perguntas de um trabalhador que lê
 Anatol Rosenfeld
 Berliner Ensemble
 Erwin Piscator
 Ekkehard Schall
 Estranhamento
 Gestus
 Helene Weigel
 Teatro de feira
 Teatro Épico
 V-effekt

Obras de Brecht traduzidas para Português

 Peças Teatrais (coleção). 12 volumes. BERTOLT BRECHT TEATRO COMPLETO. Ed. PAZ E TERRA (1995)
 BRECHT SELECÇAO DE POESIAS, TEXTOS E TEATRO. Ed. DINOSSAURO (1999)
 SETE PECADOS MORTAIS DOS PEQUENOS BURGUESES, OS. Ed. AFRONTAMENTO (1986)
 CIRCULO DE GIZ CAUCASIANO, O. Ed. COSAC NAIFY (2002)
 DA SEDUÇAO. Vários Autores. EDITORIAL BIZANCIO(1998)
 DECLINIO DO EGOISTA JOHANN FATZER, O. Ed. COSAC NAIFY (2002)
 DIARIO DE TRABALHO, 2 vols. Ed. ROCCO (2002)
 ESTUDOS SOBRE TEATRO. Ed. NOVA FRONTEIRA (2005)
 HISTORIAS DO SENHOR KEUNER. PREFEITURA POA (1998) EDITORA 34 (2006)
 HOMEM E UM HOMEM, UM. Ed. AUTENTICA (2007)
 POEMAS - BERTOLT BRECHT. Ed. CAMPO DAS LETRAS
 POEMAS 1913-1956. EDITORA 34 (2003).
 PROCESSO DO FILME "A OPERA DOS TRES VINTENS". Ed. CAMPO DAS LETRAS (2005)
 SANTA JOANA DOS MATADOUROS, A. Ed. COSAC NAIFY (2001). Ed. PAZ E TERRA(1996)

Ziembinski


   Como um polonês venceu a “gambiarra” no teatro brasileiro

Ao avaliar sua influência no teatro brasileiro, já próximo ao cinqüentenário de carreira, o diretor e ator polonês Zbigniew Ziembinski (1908-1978) não convocou a modéstia. “Eu trouxe a consciência do espetáculo teatral”. Julgava a cena então, nos anos 1940, quando desembarcou no Rio de Janeiro, amadora e improvisada. Mas arriscava uma explicação. “O teatro não é o forte do brasileiro; forte é música popular, poesia, futebol.” Sua contribuição nunca deixou de ser avalizada por críticos de renome como Décio de Almeida Prado, que atentou, em 1951, para a intimidade com a peça a ser dirigida e o personagem a ser interpretado. Aluno do encenador e seu estudioso, Yan Michalski escreveu que com ele o teatro nacional abandonou a gambiarra e a ribalta. Questionava, num necrológio, a postura de mito que talvez escondesse muito do homem. Condição não tão presente no livro Ziembinski – Mestre do Palco, trazido pela Coleção Aplauso.
Na volumosa fotobiografia, acompanhada de textos de admiradores e do próprio homenageado, o ingresso ao universo expressionista que transformaria a cena teatral se dá pelas montagens de Vestido de Noiva, o marco inaugural da nova fase. A primeira versão sobre o texto de Nelson Rodrigues, em 1943, já acolhia de modo pleno o imigrante apenas dois anos depois de sua chegada ao Brasil, à vontade com o grupo Os Comediantes, que conheceu por acaso. As casualidades então se sucediam, segundo o jovem fugido da guerra para os Estados Unidos e que numa etapa da viagem acabou por permanecer no Rio. Suas noções das vanguardas polonesas ajudaram a estreitar  as relações com uma turma disposta a mudar o arcaico conceito de teatro na cidade. Esse desafio de Ziembinski migrou em seguida para o Teatro Popular de Arte, mais tarde Teatro Maria Della Costa, e o Teatro Brasileiro de Comédia, onde dirigiu peças como Amanhã, Se Não Chover.

A essa altura os preceitos ziembinskianos, como a marcação e movimentação dos atores em consonância com a luz e a cenografia, já haviam se estabelecido, o que levou a parcerias constantes, caso do cenógrafo Tomás Santa Rosa. Ainda mais significativo foi seu encontro com Cacilda Becker no TBC, com quem fundaria um grupo. Natural também que, ligado aos italianos do núcleo de Zampari, fosse viver o sonho de um cinema industrial na Vera Cruz. Pelo espírito independente, Ziembinski trafegaria em vários grupos teatrais e testaria uma teledramaturgia iniciante, mas que não soube aproveitar seu tipo irreverente, como  fez o cinema. Suas aulas formariam toda uma geração artística. São facetas lembradas no livro, que traz uma bela passagem do cineasta Domingos de Oliveira sobre o amigo. Ele fala de um tal filme sobre um ator veterano que forja a própria morte para saber se ainda é querido. Arrepende-se, quer voltar atrás, mas não pode mais. Ideia de Ziembinski para um roteiro nunca filmado. – Orlando Margarido .


No palco e na tela
Teledramaturgia:
O Rebu (1974)
Cavalo de Aço (1973)
O Semideus (1973)
O Bofe (1972)
Bandeira 2 (1971)
João Juca Jr. (1969)
A Rainha Louca (1967)
O Rei dos Ciganos (1966)
Eu Compro Esta Mulher (1966)
Principais peças:
Vestido de Noiva (1943)
Pelleas e Melisande (1943)
Anjo Negro (1948)
Nossa Cidade (1949)
Pais e Filhos (1949)
Esquina Perigosa (1949)
Dorotéia (1950)
Pega-fogo (1950)
Amanhã, Se Não Chover (1950)
Paiol Velho (1951)
Divórcio para Três (1953)
Maria Stuart (1955)
O Santo e a Porca (1958)




Teatro Brasileiro de Comédia


Teatro Brasileiro de Comédia (TBC') foi um importante teatro brasileiro, localizado na cidade de São Paulo, na rua Major Diogo. Foi fundado em 1948, pelo industrial italiano Franco Zampari.
Depois de se tornar referência e ser um grande teatro brasileiro, passou por várias crises e ficou fechado em alguns períodos. Há alguns anos foi reformado e voltou a atuar, até ser fechado novamente.
Durante as várias fases por que passou e durante os anos em que existiu como companhia estável, de 1948 a 1964, o palco do TBC chegou a ter o melhor elenco do país, em que se distinguiam: Cacilda Becker,Tônia Carrero, Fernanda Montenegro, Dionisio Azevedo, Cleyde Yáconis, Nydia Lícia, Nathalia Timberg, Tereza Rachel, Paulo Autran, Sérgio Britto, Jardel Filho, Sérgio Cardoso, Walmor


Chagas, Ítalo Rossi e muitos outros. A encenação estava confiada a europeus e, em certos momentos, até quatro deles se alternavam nas montagens: Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi, Ziembinski, Flaminio Bollini Cerri,Maurice Vaneau, Alberto D'Aversa e Gianni Ratto.
As premissas eram a implantação de um teatro de equipe, em que todos os papéis recebiam o mesmo tratamento, e se valorizavam igualmente a cenografia e a indumentária, a cargo de Aldo Calvo, Bassano Vaccarini, Tulio Costa, Gianni Ratto e Mauro Francini; e a política do ecletismo de repertório, revezando-se no cartaz Sófocles, John Gay, Goldoni, Strindberg, Bernard Shaw, Pirandello, Tennessee Williams,Arthur Miller, Sauvajon, Sardou, Roussin, Barillet e Grédy, Jan de Hartog e André Mirabeau, entre muitos outros.
Um desdobramento do TBC foi a criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, cujos galpões em São Bernardo do Campo abrigaram inúmeras produções nacionais, algumas premiadas internacionalmente.
O TBC consolidou a renovação estética do espetáculo brasileiro, iniciada pelo grupo amador carioca de Os Comediantes, e tornou-se a origem de outros conjuntos dele desdobrados, como a Companhia Nydia Lícia-Sérgio Cardoso, a Companhia Tônia-Celi-Autran, o Teatro Cacilda Becker e o Teatro dos Sete. Maria Della Costa, enquanto aguardava a construção de sua casa de espetáculos, passou por ele, e adotou no Teatro Popular de Arte os mesmos princípios.
Acusado de certo conservadorismo, tanto na encenação quanto na escolha de seus textos, além de certo privilégio a uma cultura oficial que mantinha laços com a burguesia dominante, o TBC entrou em sua última fase, alterando suas diretrizes. Passou a confiar as encenações aos brasileiros Flávio Rangel e Antunes Filho, além do belga Maurice Vaneau, e o repertório privilegiou os dramaturgos nacionais Dias Gomes, Jorge Andrade e Gianfrancesco Guarnieri, quando, antes, o autor da casa havia sido Abílio Pereira de Almeida.