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domingo, 18 de dezembro de 2011

Um artigo que todos os pais deviam ler! ( Glória Perez)

Meu filho, você não merece nada
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
Eliane Brum é Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). 
E-mail: elianebrum@uol.com.brTwitter: @brumelianebrum

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Maria Luíza Silveira Teles

Maria Luiza Silveira Teles, nasceu em Belo Horizonte (MG) em 4 de maio de 1943, tem longa vida dedicada à educação. Licenciada em pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Norte de Minas, inglês e terapia reichiana, com pós-graduação em psicologia e sociologia. Diplomas de Lower Cambridge, Técnicas de Ensino, Diagnose e Prognose em Educação, Psicologia Comportamental do Adolescente. Professora titular de Psicologia da Educação e Sociologia da Educação da UNIMONTES, jornalista, escritora e conferencista, vem trabalhando num projeto novo: iniciar crianças e jovens na filosofia. Atualmente é terapeuta Reiki, escritora de 24 horas com vários livros em co-autoria, tradutora, professora de cursos de aperfeiçoamento, extensão e pós-graduação e consultoria editorial "free-lancer" da Editora Vozes. Publicou, entre muitos livros, Uma Introdução à Psicologia da Educação, O Que é Psicologia, Aprender Psicologia, Curso Básico de Sociologia da Educação, A Greve das Crianças, Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras, Poesias de Caderno, O Alfa e Ômega e As Sete Pontes.
O que é Neurose é uma das obras primas de Maria Luíza Silveira Teles, que, segundo dados estatísticos da editora Brasiliense, chegou a superar os 250 títulos e mais de seis milhões de exemplares vendidos.
Convenhamos, de neurótico todos temos um pouco. Pode ser um baita problema ou cacoete, uma atitude mental da qual não conseguimos nos ver livres, mas não há quem possa bater no peito e se dizer completamente são. O que é Neurose ajuda a conhecer essa nossa velha e inoportuna companheira: de onde vem, como age, como se instala dentro de nós. Quem sabe nos ensine também como desarmá-la, como convencê-la de que, sem ela, vivemos muito melhor.
Diante de uma linguagem completamente acessível a qualquer pessoa, o livro faz um verdadeiro passeio sobre o tema no qual propõem abordar, que é aNeurose. Trata não somente de teorias, mas traz a opinião clara e aberta da autora, que, não somente exemplifica seus argumentos, mas aconselha o leitor acerca dos mesmos, deixando transparente em todos os momentos o fato de que, por ser um assunto de fácil identificação por parte de cada um de nós, não fiquemos frustrados, ansiosos, ou mesmo abatidos com algum fato que espelha a nossa personalidade e/ou conduta.
Ao longo dos nove capítulos que nos apresenta o livro, inclusive, vale ressaltar, com um formalismo extremamente consistente e objetivo, são abordados temas tais como: Critérios de Normalidade, Conceito de Neurose, Tipos de Neurose, Ansiedade, Fobia Social, Doença do Pânico e Depressões, História de Vida, Contexto Social, A Psicologia e a Psicanálise: Caminhos e Descaminhos, Evitando a Neurose e Buscando a Cura.
Em sua argumentação acerca do conceito de neurose, a autora conceitua, debate, exemplifica e opina diante de termos nos quais aborda como pontos chave da discussão, como: Repressão, Fantasia, Racionalização, Projeção, Sublimação, Formação de Reação, Compensação, Regressão, Negação,Identificação, Deslocamento e Conversão Somática.
A psicanálise subdivide o conceito de Neurose em tipos tais como: Neurose Atual, Neurose de Abandono, Neurose de Angústia, Neurose de Caráter,Neurose de Destino, Neurose (ou Síndrome) de Fracasso, Neurose de Transferência, Neurose Familiar, Neurose Fóbica, Neurose Mista, Neurose Narcísica,Neurose Obsessiva e Neurose Traumática, porém, no capítulo referente à estes tipos de neurose, o livro traz um comentário bastante pertinente da autora, que diz acreditar ser uma certa tolice "falar" em tipos de neurose, pois, na realidade, não há nenhuma forma "pura". Esta é mais uma questão didática, acadêmica. Mas o que ela está querendo que venhamos a compreender é que, dependendo do tipo de conflito que aflige o indivíduo, dependendo, pois, do que lhe passa no íntimo, da fase do desenvolvimento em que os traumas se deram, as manifestações externas, os comportamentos, os sintomas serão diferentes.
Ainda neste mesmo capítulo, destaca-se uma diferenciação fundamental entre neurose e psicose, que é que, por mais séria que seja a neurose, o indivíduo tenta lidar com a realidade. Já o psicótico não, ele vive, quase sempre, fora da realidade, que não lhe interessa absolutamente.
No capítulo Ansiedade, Fobia Social, Doença do Pânico e Depressões, sobressai-se um assunto de relevância fundamental, que é a problemática entre médicos, psicólogos e psicanalistas de diagnosticarem um "problema" em um indivíduo como patológico ou psicológico, proporcionando ao mesmo um tratamento adequado. Por exemplo, existe uma diferença fundamental entre depressão e tristeza, diferença esta que, muitas vezes, ata os próprios médicos não percebem, receitando antidepressivos para uma pessoa que está apenas triste diante de um acontecimento verdadeiramente triste. Acho que está faltando aos médicos, psicólogos e psicanalistas um pouco mais de humildade e interdisciplinaridade.
No capítulo A Psicologia e a Psicanálise: Caminhos e Descaminhos, a autora traz à tona uma discussão de extrema importância, que é o fato de a Psicanálise não estar apresentando crescimento considerável, principalmente devido aos psicanalistas estarem parados nas idéias freudianas. Toda a sua produção continua sendo a tentativa de analisar os conceitos de Freud. Os analistas vêm sendo constantemente advertidos de que é preciso sair da sombra de Freud e promover estudos próprios e atuais. Mas a sombra de Freud continua parece inescapável. Ao continuar por aí, a psicologia e a psicanálise, que, sem dúvida, tanto têm ajudado os indivíduos, vão acabar se perdendo por descaminhos, entrando na contramão da História.


                                                Minha Homenagem pra Lu


Ela aceitou o covite. O encontro 20 anos depois.




Wanderléa A Ternurinha

Wanderléa Charlup Boere Salim (Governador Valadares, 5 de junho de 1946) é uma cantora brasileira.
Tornou-se famosa durante a Jovem Guarda. Fez um grande sucesso na época juntamente com seus amigos Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Trabalhou como atriz principal na película brasileira "Juventude e Ternura" (1968), direção de Aurélio Teixeira, bem como contracenou com Roberto e Erasmo em "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" (1968) de Roberto Farias entre outros filmes.

Nascida em Governador Valadares, Wanderléa se mudou aos 9 anos de idade para o Rio de janeiro com a família, para se tornar a mais importante cantora da Jovem Guarda. Já aos 10 anos ganhava concursos em rádios e lançou em 1962 o primeiro compacto. No ano seguinte sai o primeiro LP, "Wanderléa", pela CBS. Na gravadora conhece Roberto(com quem teve um rápido namoro) e Erasmo Carlos, e passa a apresentar em agosto de 1965 o programa Jovem Guarda pela TV Record de São Paulo. Transmitido nas tarde de domingo, o programa teve uma das maiores audiências da época e lançou diversos artistas. Wanderléa e Celly Campelo foram as primeiras estrelas do rock brasileiro. Participou de filmes ao lado de Roberto Carlos e, depois de terminada a Jovem Guarda, continuou a carreira como cantora pop. Atualmente se apresenta cantando seus maiores sucessos, como "Pare o Casamento" (versão de Luís Keller), "Ternura" (Rossini Pinto) e "Prova de Fogo" (Erasmo Carlos).
Em 1984, o filho de Wanderléa, Leonardo, morre afogado aos 2 anos de idade. O garoto estava andando de triciclo e acidentalmente caiu na piscina. Chegou a ser socorrido mas não resistiu.
Atualmente, um grande sucesso de Wanderléa, "Te Amo", esteve na trilha sonora nacional da novela Caras & Bocas, da Rede Globo. Foi tema do casal protagonista, Dafne (interpretada por Flávia Alessandra) e Gabriel (Malvino Salvador). A mesma música já havia entrado para a trilha de uma novela dos anos 90, Pedra Sobre Pedra. Graças a essa canção, Wanderléa voltou a ter destaque na mídia.

Discografia

(1962) Ao nascer do sol/Quero amar • Colúmbia • 78
(1962) Meu anjo da guarda/Tell me how long • Colúmbia • 78
(1963) Wanderléa • CBS • LP
(1964) Quero você • CBS • LP
(1965) É tempo do amor • CBS • LP
(1965) É tempo do amor/Do wah diddy diddy • CBS • Compacto simples
(1966) A ternura de Wanderléa • CBS • LP
(1967) Wanderléa • CBS • LP
(1968) Pra ganhar meu coração • CBS • LP
(1971) Bye bye/Anônimo veneziano • Polydor • Compacto simples
(1972) Chuva, suor e cerveja • Polydor • Compacto simples
(1972) Wanderléa maravilhosa • Polydor • LP
(1973) Mate-me depressa/Sem se atrapalhar • Polydor • Compacto simples
(1975) Feito gente • Polydor • LP
(1977) Vamos que eu já vou • EMI-Odeon • LP
(1978) Mais que paixão • EMI-Odeon • LP
(1980) Wanderléa • CBS • LP
(1981) Ser estranho • CBS • LP
(1982) Wanderléa • CBS • LP
(1985) Menino bonito • Som Livre • LP
(1989) Wanderléa • 3M • LP
(1992) Te amo • Som Livre • LP
(1996) O novo de novo. Ao vivo • Paradoxx • CD
(2000) Os maiores sucessos do século-21 grandes sucessos de Wanderléa • Columbia • CD
(2003) O amor sobreviverá • BMG • CD.

Roberto Carlos

Roberto Carlos Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941), mais conhecido como Roberto Carlos, é um cantor e compositor brasileiro. Ele foi um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira, liderando o primeiro grande movimento de rock feito no Brasil. Além dos discos, estrelou um programa na TV Record, chamado Jovem Guarda (que batizou esse movimento de rock), e filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300km por Hora". Atualmente continua se apresentando com freqüência e produz anualmente um especial que vai ao ar na semana do Natal pela Rede Globo, mesma época em que costumavam ser lançados seus discos anuais.
Entre 1961 e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Seus discos já venderam mais de 120 milhões de cópias e bateram recordes de vendagem - em 1994 chegou a marca de 70 milhões de discos vendidos -, incluindo gravações em espanhol, inglês e italiano, em diversos países. Fez milhares de shows em centenas de cidades no Brasil e no exterior. Seu fã-clube é um dos maiores do mundo. Dezenas de artistas já fizeram regravações de suas músicas. Sua popularidade o tornou conhecido no Brasil e na América Latina como O Rei. Em 2010, durante premiação no Radio City Music Hall, em Nova Iorque, o então presidente da Sony Music, Richard Sanders, intitulou-o Rei da Música Latina.
Tendo iniciado a carreira sob influência do rock'n'roll que vinha dos Estados Unidos da América, despontou no início da década de 1960 com composições próprias, geralmente feitas em parceria com o amigo Erasmo Carlos, e versões de sucessos do então recente gênero musical - entre os quais, "Splish Splash", "O Calhambeque", "Parei na contramão" e "É Proibido Fumar" -, fundando as bases para o primeiro movimento de rock feito no Brasil. Com o sucesso, estrelou ao lado de Erasmo e Wanderléa um programa na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao movimento musical. Desta fase, destacaram-se inúmeros sucessos como "Não quero ver você triste", "Lobo Mau", "A garota do baile", "Não é papo pra mim", "Parei, olhei", "História de um homem mau", "Quero que vá tudo pro inferno", "Esqueça", É papo firme", "Mexericos da Candinha", "Eu te darei o céu", "Nossa canção", "Namoradinha de um amigo meu", "Eu sou terrível", "Quando", "Maria, Carnaval e Cinzas", "Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim", "Como é grande o meu amor por você", "Se você pensa", "As canções que você fez pra mim", "Ciúme de você", "Eu te amo, te amo, te amo", "As curvas da estrada de Santos", "As flores do jardim da nossa casa", "Sua estupidez".
Na virada para década de 1970, reformulou seu repertório rock'n roll e se tornou um cantor e compositor basicamente romântico, que não modificou desde então. Logo também mudava seu público-alvo, que deixou de ser o jovem e passou a ser o adulto. Nessa linha, emplacou mais grandes sucessos como "Detalhes", "Amada Amante", "Como dois e dois", "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos", "Quando as crianças saírem de férias", "Como vai você", "Proposta", "A Cigana", "O portão", "Eu quero apenas", "Além do horizonte", "Olha", "Os seus botões", "Ilegal, imoral ou engorda", "Amigo", "Falando sério", "Cavalgada", "Outra vez", "Força estranha", "Café da manhã", "Na paz do seu sorriso", "Amante à moda antiga", "Emoções", "Cama e mesa", "Fera ferida", "O côncavo e o convexo", "Caminhoneiro", "Verde e Amarelo", "Pergunte pro seu coração", "Dito e feito", "Tanta solidão", entre outras. Também a partir dessa fase despontaram composições de cunho religioso em sua obra, algumas também com bastante sucesso, como "Jesus Cristo", "Todos Estão Surdos", "A montanha", "O homem", "Fé", "Estou aqui", "Guerra dos Meninos", "Ele esta pra chegar" e "Nossa Senhora", entre outras.

Nascido no interior do Espírito Santo, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, é o quarto e último filho do relojoeiro Robertino Braga (27 de março de 1896[1] — 27 de janeiro de 1980[2]) e da costureira Laura Moreira Braga (Mimoso do Sul, 10 de abril de 1914 — Rio de Janeiro, 17 de abril de 2010). A família morava no bairro do Recanto, numa casa modesta, no alto de uma ladeira. Os demais membros da família eram: Lauro Roberto Braga, Carlos Alberto Braga e Norma Moreira Braga, a qual Roberto Carlos carinhosamente chamava Norminha.
Aos seis anos de idade, no dia da Festa de São Pedro, que é o padroeiro da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, ele foi atropelado por uma locomotiva a vapor e sua perna direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho.[3] Até hoje ele usa uma prótese, mas evita falar no assunto.
Ainda criança aprendeu a tocar violão e piano - a princípio com sua mãe e, posteriormente, no Conservatório Musical de Cachoeiro de Itapemirim. Apesar de seu sonho de infância de ser arquiteto, dedicou-se à música. O ídolo na época era Bob Nelson, um artista brasileiro que se vestia de cowboy e cantava música "country" em português. Incentivado pela mãe, cantou pela primeira vez em um programa infantil na Rádio Cachoeiro, aos nove anos. Apresentou-se cantando o bolero "Amor y más amor". Como prêmio pelo primeiro lugar, recebeu balas. O cantor recordaria anos depois o momento, relatado na obra "Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo Cesar de Araújo: "Eu estava muito nervoso, mas muito contente de cantar no rádio. Ganhei um punhado de balas, que era como o programa premiava as crianças que lá se apresentavam. Foi um dia lindo."[4] Tornou-se então presença assídua do programa, todos os domingos acreditando no seus sonhos de cantar.
Depois de um período de reclusão, Roberto Carlos retomou sua carreira com a turnê "Amor Sem Limite", inaugurada em Recife, em novembro de 2000,[10][11] título da canção - feita em homenagem a Maria Rita - de maior destaque no álbum lançado em dezembro daquele mesmo ano.[12][13] Ainda naquele ano, o cantor rompeu o contrato com a gravadora Sony (ex-CBS),[14][15] após 39 anos de parceria.[16]
Em 2001, Roberto recebeu inúmeras homenagens pelo 60º aniversário e gravou o álbum "Acústico MTV",[17] depois de meses de negociações entre a Rede Globo e a MTV Brasil.[18][19] O álbum trouxe 14 releituras em versão acústica para antigos sucessos, alguns cantados com a participação de artistas como Samuel Rosa, do Skank (em "É Proibido Fumar"), Tony Bellotto, dos Titãs (em "É Preciso Saber Viver"), entre outros.
No ano seguinte, Roberto Carlos foi acusado pelo maestro Sebastião Braga de plagiar a melodia da sua composição "Loucuras de Amor" em "O Careta", de 1987.[20] Também foi lançado o DVD "Acústico MTV",[21] que logo seria retirado de circulação devido a problemas contratuais. Em comemoração aos 90 anos do bondinho do Pão de Açúcar, o cantor fez uma apresentação para 200 mil pessoas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.[22]
No final de 2003, apresentou-se no Ginásio do Maracanãzinho, onde foram gravadas imagens para o tradicional especial natalino na Rede Globo, e também onde foi divulgado seu novo álbum, "Pra sempre", totalmente dedicado a Maria Rita. Com nove canções inéditas, o disco contou com "O Cadillac" (única faixa escrita com Erasmo), "Acróstico" (cujas primeiras letras dos versos formam a frase "Maria Rita Meu Amor") e a bela "Todo Mundo Me Pergunta", além da faixa título "Pra Sempre". Em janeiro de 2004, Roberto fez um show no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, como parte das comemorações dos 450 anos da cidade. Em outubro do mesmo ano, o cantor lotaria o Estádio do Pacaembu, também na capital paulista, na apresentação do show "Pra Sempre" e que seria lançado em DVD. Após iniciar tratamento terapêutico, ele também reconheceu publicamente sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo,[23] síndrome que o levou a um comportamento excessivamente supersticioso e o fez abandonar do repertório dos espetáculos canções famosas como "Café da Manhã", "Outra Vez" e "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno". Em entrevista coletiva, admitiu que poderia voltar a cantá-las, demonstrando os resultados do tratamento..[24] No final desse ano, comemorou o 30º aniversário do primeiro especial para a Rede Globo e foi lançado o primeiro volume de sua discografia, em uma caixa por década, que reúne seus discos em formato mini-LP e sonoridade remasterizada.
Em 2005, o Jornal do Brasil organizou uma votação sobre discos que emplacaram diversos sucessos ao mesmo tempo na música brasileira. Os primeiro e o segundo lugares ficaram com Roberto Carlos, com "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", de 1967 (com sucessos como "Eu Sou Terrível", "Quando" e "Como É Grande O Meu Amor Por Você") e "Roberto Carlos", de 1977 (com sucessos como "Amigo", "Outra Vez", "Cavalgada", "Falando Sério" e "Jovens Tardes de Domingo"). Ainda nesse ano, chegou a um acordo com o maestro Sebastião Braga, que o acusava de plagiar uma canção sua..[25] Apesar do sucesso de vendas, os trabalhos recentes de Roberto Carlos continuam a desagradar à crítica, que o considera repetitivo. Ainda naquele ano, recebeu uma indicação e venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Romântica, pelo álbum "Pra Sempre Ao Vivo no Pacaembu".
Roberto Carlos sempre manteve sua vida pessoal afastada dos holofotes e nunca permitiu a exposição dos filhos. Em seu repertório, Roberto Carlos homenageou seus pais (Lady Laura e Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo) e seus filhos (As Flores do Jardim da Nossa Casa, Quando As Crianças Saírem de Férias e Fim de Semana).
No período da Jovem Guarda, ele teria tido um romance com a modelo Maria Stella Splendore, então mulher do famoso estilista Dener. Desta relação, há a possibilidade, até hoje não confirmada, do cantor ser pai da filha de Maria Stella, Maria Leopoldina Splendore Pamplona de Abreu. Isto teria sido o pivô da separação de Dener e Maria Stella.[32]
Em 1968, ele casar-se-ia, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), com Cleonice Rossi, falecida em 1990, mãe dos filhos, nascidos no Brasil, Roberto Carlos Segundo (o Segundinho, mais conhecido como Dudu Braga, nascido em 1969), e Luciana (nascida em 1971). Ele ainda assumiu a paternidade de Ana Paula Rossi Braga, filha de Cleonice, e a registrou como sua colocando nela o sobrenome Braga e seu nome na certidão. Em 1979, o casamento com Cleonice se desfez, iniciando um romance com a atriz Myrian Rios, com quem teve um relacionamento que duraria onze anos. Não quiseram ter filhos.
Na década de 1990, o cantor descobriu, através de teste de paternidade, reconheceu Rafael Torres como seu filho. Em 1995, o cantor casou-se com a pedagoga Maria Rita Simões Braga - eles não quiseram ter filhos. Em 1998, foi diagnosticado câncer em Maria Rita, que viria a falecer de câncer em dezembro de 1999.
Em 17 de abril de 2010 morreu aos 96 anos Laura Moreira Braga, mãe de Roberto, a dois dias de o Rei completar seu aniversário de 69 anos. A notícia da morte de sua mãe foi dada durante uma apresentação que Roberto Carlos fez no Radio City Music Hall, em Nova York. Em 15 de abril de 2011, morreu de parada cardíaca sua filha, Ana Paula Rossi Braga. O mesmo então cancelou um show que faria em Vitória no dia de seu aniversário (19 de abril).


Discografia

Roberto Carlos é o único artista latino-americano a superar a barreira dos 100 milhões de cópias vendidas. Segundo o "RankBrasil", ele é o "Cantor Brasileiro que Mais Vendeu Discos no Mundo", com um total de 120 milhões de cópias, em 50 anos de carreira.
DVD,s
2001 - Acústico MTV (DVD)
2004 - Para Sempre: Ao Vivo No Pacaembú (DVD)
2006 - Roberto Carlos: Duetos (DVD)
2007 - Roberto Carlos En Vivo (DVD)
2008 - Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim (DVD)
2010 - Elas cantam Roberto Carlos

Filmografia
Roberto Carlos estrelou filmes inspirados no modelo lançado pelos Beatles na década de 1960.[34] O primeiro longa-metragem foi "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, lançado em 1967. Um ano antes, havia sido iniciada a produção de "SSS Contra A Jovem Guarda", mas o filme jamais foi concluído.
1968 - Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Farias)
1970 - Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (Roberto Farias)
1971 - Som Alucinante (Carlos Augusto de Oliveira)
1971 - Roberto Carlos a 300 Quilômetros Por Hora (Roberto Farias)
Participações
1974 - Saravá, Brasil dos Mil Espíritos (Miguel Schneider)
2007 - Person (Marina Person)
Figuração
1958 - Aguenta O Rojão (Watson Macedo)
1958 - Alegria de Viver (|Watson Macedo)
1958 - Minha Sogra é da Policia (Aloísio de Carvalho)
1961 - Esse Rio que Eu Amo (Carlos Hugo Christensen)

Glauber Rocha

Glauber de Andrade Rocha (Vitória da Conquista, 14 de março de 1939 — Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1981) foi um cineasta brasileiro e também ator eescritor.
Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha, Glauber Rocha nasceu na cidade de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.
Foi criado na religião da mãe, protestante, membro da Igreja Presbiteriana, por ação de missionários americanos da Missão Brasil Central.
Alfabetizado pela mãe, estudou no Colégio do Padre Palmeira - instituição transplantada pelo padre Luís Soares Palmeira de Caetité (então o principal núcleo cultural do interior do Estado).
Em 1947 mudou-se com a família para Salvador, onde seguiu os estudos no Colégio 2 de Julho, dirigido pela Missão Presbiteriana, ainda hoje uma das principais escolas da cidade.
Ali, escrevendo e atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas. Participou em programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores, e até do movimento estudantil, curiosamente ligado ao Integralismo[carece de fontes].
Começou a realizar filmagens (seu filme Pátio, de 1959, ao mesmo tempo em que ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, hoje da Universidade Federal da Bahia, entre 1959 a 1961), que logo abandonou para iniciar uma breve carreira jornalística, em que o foco era sempre sua paixão pelo cinema. Da faculdade foi o seu namoro e casamento com uma colega, Helena Ignez.
Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema. Queria uma arte engajada ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade. Era visto pela ditadura militar que se instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo.
No livro 1968 - O ano que não terminou, Zuenir Ventura registra como foi a primeira vez que Glauber fez uso da maconha, bem como o fato de, segundo Glauber, esta droga ter seu consumo introduzido na juventude como parte dos trabalhos da CIA (Agência Americana de Inteligência) no Brasil.
Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou totalmente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador. Antes, outra irmã dele morreu, aos 11 anos, de leucemia.
Glauber faleceu vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque bacteriano, provocado por broncopneumonia que o atacava há mais de um mês, na Clínica Bambina, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital de Portugal, onde permaneceu 18 dias internado. Residia há meses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se preparava para fazer um filme, quando começou a passar mal.
Antes de estrear na realização de uma longa metragem (Barravento, 1962), Glauber Rocha realizou vários curtas-metragens, ao mesmo tempo que se dedicava ao cineclubismo e fundava uma produtora cinematográfica.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) são três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado dos Estados Unidos da América. Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague e pelo Neorrealismo italiano.
Glauber Rocha foi um cineasta controvertido e incompreendido no seu tempo, além de ter sido patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Ele tinha uma visão apocalíptica de um mundo em constante decadência e toda a sua obra denotava esse seu temor. Para o poeta Ferreira Gullar, "Glauber se consumiu em seu próprio fogo".
Com Barravento ele foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary na Tchecoslováquia em 1963. Um ano depois, com 'Deus e o diabo na terra do sol, ele conquistou o Grande Prêmio no Festival de Cinema Livre da Itália e o Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco.
Foi com Terra em Transe que tornou-se reconhecido, conquistando o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha, o Prêmio de Melhor Filme do Locarno International Film Festival, e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. Outro filme premiado de Glauber foi O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o Prêmio Luiz Buñuel na Espanha.
Filmografia
Longa-metragens
Ano Filme Prêmios e Indicações
1962 Barravento

1963 Deus e o Diabo na Terra do Sol
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1967 Terra em Transe
Vencedor Festival de Cannes: FIPRESCI
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1968 O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro
Vencedor Festival de Cannes: Melhor Diretor
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1970 Cabeças Cortadas

1971 O Leão de Sete Cabeças

1972 Câncer

1975 Claro

1980 A Idade da Terra

Documentários e curta-metragens
Ano Filme Prêmios e Indicações
1959 Pátio A

1959 A Cruz na Praça

1965 Amazonas, Amazonas

1966 Maranhão 66 B

1974 História do Brasil

1974 As Armas e o Povo C

1977 Di Cavalcanti
Vencedor Festival de Cannes: Melhor Curta-Metragem
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro

1979 Jorge Amado no cinema


A – Glauber estreia com um curta-metragem hermético e experimental, vertentes que logo em seguida ele renegará em favor de um cinema político, mas que reaparecerão mais tarde em filmes como Câncer e A idade da terra.
B – Documentário que registra a posse de José Sarney como governador do Maranhão. Foi financiado pelo próprio evento que marcou o início do domínio político da família Sarney no Estado, interrompido apenas em 1º de janeiro de 2007, com a posse de Jackson Lago. Em contrapartida ao discurso de posse e da multidão em celebração, o filme mostra a miséria da população a ser governada. Algumas das imagens documentais da festa foram usadas na montagem de Terra em transe.

Geraldo Vandré

Geraldo Vandré, foi um nome artístico utilizado por Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísilo (João Pessoa, 12 de setembro de 1935) até 1968[1] e pelo qual continua sendo conhecido até a atualidade. Atualmente Geraldo é um advogado, cantor e compositor brasileiro. Seu sobrenome é uma abreviatura do sobrenome do seu pai, José Vandregísilo, de quem ele herdou o sobrenome abreviado para Vandré.
Foi o primeiro filho do casal José Vandregísilo e Marta. O nome artístico Vandré é uma abreviatura do segundo nome do pai.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, tendo ingressado na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela qual se formou em 1961. Militante estudantil, participou ativamente do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Conheceu Carlos Lyra, que se tornou seu parceiro em músicas como "Quem Quiser Encontrar o Amor" e "Aruanda", gravadas por Lyra. Gravou seu primeiro LP, "Geraldo Vandré", em 1964, com as músicas "Fica Mal com Deus" e "Menino das Laranjas", entre outras.
Em 1966, chegou à final do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com o sucesso Disparada, interpretado por Jair Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de A Banda, de Chico Buarque.[2]
Em 1968, participou do III Festival Internacional da Canção com Pra não Dizer que não Falei das Flores ou Caminhando. A composição se tornou um hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar durante o governo militar, e foi censurada. O Refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores. No festival a música ficou em segundo lugar, perdendo para Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim. A música Sabiá foi vaiada pelas pessoas presentes no festival, exigindo que o prêmio viesse a ser da música de Geraldo Vandré.
Simone foi a primeira artista a cantar Pra não dizer que não falei de flores após do fim da censura.
Hoje Geraldo Vandré reside na cidade de Imbituba, no litoral sul de Santa Catarina. Em 2010 concedeu uma polêmica entrevista a Geneton Moraes Neto, criticando o cenário cultural brasileiro desde os anos 1970 e afirma que seu afastamento da música popular não foi causado pela perseguição sofrida pela ditadura militar.
Vandré iniciou carreira musical nos anos 60, tornando-se famoso, pelas suas músicas que se tornaram ícones da oposição ao regime militar de 1964, como "Porta Estandarte", "Aroeira" e "Para não dizer que não falei das flores".
O sucesso maior veio com "Disparada", vencedora junto com A Banda de Chico Buarque do Festival da Canção da TV Record em 1966. Ao saber que sua música havia ganhado Chico Buarque, solicitou que "A Banda" dividisse o primeiro lugar com "Disparada", história desconhecida até 2003 quando Zuza Homem de Mello, lançou seu livro "A era dos Festivais - Uma Parábola". Neste livro ele revela que Chico Buarque ao saber que sua música havia ganhado, não concordou com o resultado, pois considerava "Disparada" melhor e não aceitaria o prêmio, a situação foi resolvida quando foi informado que ele e Geraldo Vandrédividiriam o prêmio. Em 1968 ao defender "Pra não dizer que não falei das flores" no "Festival de Música Popular Brasileira" criou um dos hinos da resistência ao regime militar que ficou conhecido pela primeira palavra: "Caminhando". Além de estar em uma nova situação envolvendo ele e Chico Buarque. "Sabiá" de Tom jobim e Chico Buarque foi declarada vencedora, mas o público se revoltou, pois queriam "Pra não dizer que não falei das flores" como vencedora, mas música havia ficado em segundo lugar, enquanto se apresentavam Cynara e Cybele ao lado de Tom Jobim e Chico Buarque foram vaiados durante a apresentação como música campeã. Este se tornou um dos momento mais emblemáticos da história dos festivais.
Canções após o Exílio
Após o exílio, Vandré demonstrou ter mudado de opinião política, deixando de criticar o regime vigente no Brasil à época, e expressando simpatia as Forças Armadas. Logo após o Retorno ao Brasil, Vandré compôs a canção "Fabiana", em homenagem à Força Aérea Brasileira.
Geraldo Vandré abandonou a vida pública e se afastou do mundo artístico, atuando como advogado [3]. Tal afastamento foi alvo de inúmeros boatos que vinculavam sua suposta descrença na esquerda, sua mudança ideológica e seu abandono da vida artistica a supostos atos de tortura que teriam sido infligidos a Vandré pelo governo militar. O próprio Vandré na entrevista de 2000 afirmou ter se exilado por vontade própria, e disse ter abandonado a carreira artistica devido ao fato de que a imagem de "Che Guevara Cantor", pregada nele pela esquerda, abafa sua obra.
A personalidade reservada de Vandré permitiu que se reproduzissem duas lendas. A primeira, mais difundida, a de que fora preso, torturado, castrado e, consequentemente, teria enlouquecido. A segunda, de que fizera acordo com os órgãos de repressão na sua volta e, para tanto, compusera "Fabiana".
Ambas as histórias foram desmentidas por Vandré, que negou que fora preso e alegou que simplesmente abandonara o país por vontade própria devido a insatisfação com o clima político. Ao retornar em 1973 gravou entrevista declarando que só faria canções de amor, o que gerou o boato, também por ele refutado de que teria feito um acordo com os militares para permitir seu retorno.
Discografia
 1964: Geraldo Vandré
 1965: Hora de Lutar
 1966: 5 Anos de canção
 1968: Canto geral
 1974: Das Terras de Benvirá
 1985: Fabiana