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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Inhá Geralda do Cintra

(Uma refrescante “Vereda”na minha estrada!...)



-Talvez /uma quilombola/quiçá?
Mas... /certamente/sem dívidas/
Uma generosa mulher/ muito â frente de seu tempo/
Inhá Geralda do Cintra/ encrenqueira/ à beça/
- Cintra/bairro /hoje/ central em Montes Claros -
Mascava fumo de rolo...sem parar/
E/ porquanto/ ia odorando /todo ambiente/
Por ela percorrido...em sua bagunçada /quimbembe/
Com aquele mal cheiroso odor/desagradável!

-A querida /quera octogenária/Inhá Geralda do Cintra/
Se embiocava...que nem tatupeba/emburacado/
Numa quimbembe /mal iluminada/ à beça/
Pela fraca luz de uma velha /absconsa/a querosene/
E pra arrancá-la/ de lá/...por qualquer motivo/
Ah/ dava o quê fazer!

-Após a sesta /de todo dia/nunca dispensada/
Ela sempre era circundada por cunhãns...desocupadas/
Que à sua porta fervilhavam.../aos montes/
Pra fuxicar...de todos. E se besuntarem/as pampas/
De seus tantos conselhos...cochichados/ ao pé do ouvido:
Ora tão sábios... Ora tão/ espantosamente/ absurdos.

-Inhá Geralda do Cintra
Era um “taquinho de gente”/insolente/
Um catatau feminino/ inquieto/ pacas!
Saltitava pelas ruas do Cintra...
- Que nem guariba assustado
Pelo fogo a incendiar a mata -
Rumo à igreja “Nossa Sra da Consolação”
Onde rezava /frequentemente...sem cessar/
Quer sol a pino/ quer chovesse/aos borbotões!

-No sovaco... /Inhá Geralda do Cintra/
Sempre transportava /consigo/
Uma sombrinha/ esgarçada/
Como se uma útil quiçama /fora.
Chegava a ser até/ muito engraçado!
Mas... ai de quem dela /zombasse/
Por decerto /enfrentaria a fúria/
Da comunidade/ inteirinha!

-Analfabeta / Inhá Geralda do Cintra/
Nem os xenxéns/ mensais/
- Da sua aposentadoria / rural/ -
Bem os distinguia ou os conhecia!...
Mas considerada era/ por todos/
Tesouro de grande sabedoria!

-Ao conhecer-me/ Inhá Geralda do Cintra/
Não hesitou/ em acolher-me/depressa/
Como um filho/ muito querido!
E diga-se /de passagem/ à língua solta:
- O que a mim encheu-me/sobremaneira/
De imensa alegria!...

-Mas...numa manhã /qualquer/à época
 Do deslanchar de nossa boa amizade/
Após um longo e aliviado /suspiro/
Voando /rápida/ como um colibri /sedento/
Inhá Geralda do Cintra... /Serenamente/
Partiu lá pro alto da montanha/celeste/
Em busca da flor da Vida...eterna/
E...quiçá/hoje lá em cima /agora/
- Embora/insolente como fora/constantemente/por aqui/ -
Talvez esteja bem escondidinha...lá no alto dos céus/
Se rindo da gente...às gargalhadas/ só de gozação!
Entretanto ...confesso/ sem nenhum constrangimento/
Que a bendita/ tal Inhá Geralda do Cintra/
Deixou conosco/por aqui/ uma saudade... Infinda!

Montes Claros (MG), 22-11-2011

RELMendes

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