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domingo, 12 de abril de 2015

Morre a crítica teatral Barbara Heliodora, aos 91 anos

A crítica teatral Barbara Heliodora morreu na manhã desta sexta-feira (10) no Hospital
Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio, onde estava internada desde março. A crítica de teatro tinha 91 anos.
Nascida em 29 de agosto de 1923, filha de uma poetisa, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, e do historiador Marcos Carneiro de Mendonça, a crítica teatral e tradutora Barbara Heliodora se transformou em uma das maiores conhecedoras da obra de William Shakespeare no Brasil. 
A paixão pelo escritor inglês começou na infância, aos 12 anos, após ganhar da mãe o primeiro volume das obras completas do dramaturgo. Ela costumava dizer que Shakespeare foi um grande e bom amigo ao longo dos anos.
Barbara estudou e se formou nos anos 1940 em literatura inglesa no Connecticut College, nos Estados Unidos. Aos 35 anos, iniciou a  carreira no jornalismo, no jornal Tribuna da Imprensa, entre outubro de 1957 e fevereiro de 1958.  Na época, amigos do teatro "O Tablado", insistiram para que ela escrevesse sobre o mundo teatral que ela tanto admirava.  
Foi no Jornal do Brasil, onde trabalhou até 1964, que sua carreira conquistou respeito e seriedade pelo conhecido rigor dos seus artigos e críticas. Ela era responsável pela resenha de teatro do jornal. A classe teatral brasileira se referia a ela como a "Dama de Ferro". Nos teatros, gostava sempre de sentar nas primeira fileiras para assistir aos espetáculos.  Em 2013, em entrevista ao programa Starte, da Globonews, ela contou que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos teatrais.
Entre 1964 e 1967, em plena ditadura militar, ela assumiu a direção do Serviço Nacional do Teatro. Barbara também deu aulas no Conservatório Nacional de Teatro e no Centro de Letras e Artes da Uni-Rio, onde se aposentou em 1985.
Voltou ao jornalismo em 1985, na revista Visão. Cinco anos depois,  foi convidada trabalhar no  jornal O Globo, onde ficou por mais de 20 anos. Deixou o dia a dia do jornal no final de 2013, ao completar 90 anos. Nesse mesmo ano, disse em entrevista ao programa Starte, da Globonews, que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos teatrais. Mesmo sem a rotina de escrever diariamente sobre teatro, Barbara continuou a fazer traduções e participar de mesas de debates sobre Shakespeare, em reuniões semanais em sua casa, no Largo do Boticário.
Barbara também fez direção, adaptação e tradução de diversas obras. Um de seus maiores desafios foi a tradução de mais de 30 peças de Shakespeare para o português. Em entrevista exibida em 2009, na Globonews, ela contou que fez a tradução ao longo de 30 anos. A mãe dela já tinha feito a tradução de "Hamlet" e "Ricardo III".
Ao longo da carreira ela escreveu seis livros.  O primeiro em 1975, a partir da sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) : "A Expressão Dramática do Homem Político em Shakespeare".  Em 1997, "Falando de Shakespeare", onde reuniu conferências realizadas ao longo de 15 anos de trabalho.
Em 2000, Barbara escreveu "Martins Pena, uma introdução", a convite da Academia Brasileira de Letras. Em 2004, ela  lançou uma coletânea de ensaios: "Reflexões Shakespearianas".  E na companhia de outros quatro autores, lançou em 2005  "Brasil, Palco e Paixão" - Um século de Teatro", sobre uma parte da história do teatro brasileiro no século XX. O último livro foi "Caminhos do teatro Ocidental", resumo do trabalho como professora de história do teatro, de 1966 a 1985.
Em uma de suas últimas entrevistas disse que pensava sobre a contribuição do teatro. "O teatro é um documentário perfeito da história do ocidente. Você lendo as peças você vai acompanhar o desenvolvimento do ocidente exatamente. Os autores teatrais acabam refletindo exatamente a história toda".
Barbara Heliodora deixa três filhas - de dois casamentos - e quatro netos.


Barbara Heliodora, nascida Heliodora Carneiro de Mendonça (Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1923  — Rio de Janeiro, 10 de abril de2015), foi uma ensaísta, tradutora e crítica de teatro brasileira,2 além de reconhecidamente uma autoridade na obra de William Shakespeare.1É professora emérita e titular aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Foi condecorada pelo Ministério da Cultura da França com a Ordre des Arts et des Lettres e, no Brasil, pela Academia Brasileira de Letras, conquistando a medalha João Ribeiro.
Filha mais nova do casal de intelectuais Anna Amélia e Marcos Carneiro de Mendonça, Barbara Heliodora inicia sua em 1958, aos 35 anos, como crítica teatral da Tribuna da Imprensa.1De 1958 a 1964 assina a coluna especializada do Jornal do Brasil, logo adquirindo respeito graças à seriedade, ao rigor e à erudição dos seus artigos.1 Foi uma das líderes na modernização da crítica teatral no Rio de Janeiro, através do Círculo Independente de Críticos Teatrais.1
De 1964 a 1967, afasta-se da crítica para atuar na direção do Serviço Nacional de Teatro (SNT).1 Mais tarde volta-se unicamente ao ensino ao atuar como professora de história de teatro no Conservatório Nacional de Teatro e, posteriormente, professora titular da mesma disciplina no Centro de Letras e Artes da Uni-Rio, cargo que desempenha até a sua aposentadoria, em 1985.1 Mais tarde, também ministra cursos de pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP), onde defende, em 1975, tese de doutorado intitulada "A Expressão Dramática do Homem Político em Shakespeare", posteriormente transformada em livro.1 Publica também Algumas Reflexões sobre o Teatro Brasileiro em 1972.1 Em 1986, volta a exercer a crítica jornalística na revista Visão, passando depois a jornais e como O Globo, onde se estabelece. Na década de 90, volta a lecionar no curso de mestrado em teatro da Uni-Rio.1
Publicou textos também no Jornal do Brasil e Estado de S. Paulo. Uma de suas obras mais conhecidas é Falando de Shakespeare, a expressão dramática do homem político em Shakespeare e Martins Pena: uma introdução. Também é considerada uma "polemista inveterada".
Em 2013 publicou A história do teatro no Rio de Janeiro e Caminhos do teatro ocidental. Em 2014 lançou Shakespeare: o que as peças contam — Tudo o que você precisa saber para descobrir e amar a obra do maior dramaturgo de todos os tempos.2
Em janeiro de 2014, aos 90 anos, decide sair de cena, embora já estivesse aposentada desde 1985.3 Deixa seu cargo de crítica de teatro n'O Globo para o crítico Macksen Luiz


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