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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Karl Marx



Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818  Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunistamoderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, Antropologia,Biologia, Psicologia, Economia, Teologia, Comunicação, Administração, Design, Arquitetura, e outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.

 Juventude


Karl Marx adolescente.
Marx foi o último de sete filhos, de uma família de origem judaica de classe média da cidade de Tréveris, na época no Reino da Prússia. Sua mãe, Henri Pressburg (1771–1840), era judia holandesa e seu pai, Herschel Marx (1759–1834), um advogado e conselheiro de Justiça. Herschel descende de uma família de rabinos, mas se converteu ao cristianismo luterano em função das restrições impostas à presença de membros de etnia judaica no serviço público, quando Marx ainda tinha seis anos.[2]Seus irmãos eram Sophie (d. 1883), Hermann (1819-1842), Henriette (1820-1856), Louise (1821-1893), Emilie (adotado por seus pais), Caroline (1824-1847) e Eduard (1834-1837).
Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, em Tréveris, ano em que eclodiram revoluções em diversos países europeus. Ingressou mais tarde naUniversidade de Bonn para estudar Direito, transferindo-se no ano seguinte para a Universidade de Berlim, onde o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, cuja obra exerceu grande influência sobre Marx, foi professor e reitor.[2] Em Berlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, que era liderado por Bruno Bauer. Ali perdeu interesse peloDireito e se voltou para a Filosofia, tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Seu pai faleceu neste mesmo ano.[2] Em 1841, obteve o título de doutor emFilosofia com uma tese sobre as "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro".[2] Impedido de seguir uma carreira acadêmica,[3] tornou-se, em 1842, redator-chefe da Gazeta Renana (Rheinische Zeitung), um jornal da província de Colônia;[4] conheceu Friedrich Engels neste mesmo ano, durante visita deste a redação do jornal.[2]

[editar]Envolvimento político

Em 1843, a Gazeta Renana foi fechada após publicar uma série de ataques ao governo prussiano. Tendo perdido o seu emprego de redator-chefe, Marx mudou-se para Paris. Lá assumiu a direção da publicação Anais Franco-Alemães e foi apresentado a diversas sociedades secretas de socialistas. Antes ainda da sua mudança para Paris, Marx casou-se, no dia 19 de junho de 1843, com Jenny von Westphalen,[2] a filha de um barão da Prússia com a qual mantinha noivado desde o início dos seus estudos universitários.[5] (Noivado que foi mantido em sigilo durante anos, pois as famílias Marx e Westphalen não concordavam com a união.[6])

Esposa de Marx, Jenny von Westphalen.
Do casamento de Marx com Jenny von Westphalen, nasceram cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura, Jenny Longuet e Guido, além de um natimorto. Ao que consta, Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições materiais a que a família estava submetida.[7] Marx também teve um filho nascido de sua relação amorosa com a militante socialista e empregada da família Marx, Helena Demuth. Solicitado por Marx, Engels assumiu a paternidade da criança, Frederick Delemuth, e pagando uma pensão, entregou-o a uma família de um bairro proletário de Londres [8]
No tratamento pessoal — Leandro Konder ressalta — Marx foi produto de seu tempo: "Antes de poder contestar a sociedade capitalista Marx pertencia a ela, estava espiritualmente mais enraizado no solo da sua cultura do que admitiria", e que diante dos padrões da Inglaterra vitoriana mostrou: "traços típicos das limitações de seu tempo". Como moças aristocráticas, suas filhas tinham aulas de piano, canto e desenho, mesmo que não tivessem desenvoltura para tais atividades artísticas.[8]
Também em 1843, Marx conheceu a Liga dos Justos (que mais tarde tornar-se-ia Liga dos Comunistas).[2] Em 1844, Friedrich Engels visitou Marx em Paris por alguns dias. A amizade e o trabalho conjunto entre ambos, que se iniciou nesse período, só seria interrompido com a morte de Marx.[5] Na mesma época, Marx também se encontrou comProudhon, com quem teve discussões polêmicas e muitas divergências. E conheceu rapidamente Bakunin, então refugiado do czarismo russo e militante socialista. No seu período em Paris, Marx intensificou os seus estudos sobre economia política, os socialistas utópicos franceses e a história da França, produzindo reflexões que resultaram nosManuscritos de Paris, mais conhecidos como Manuscritos Econômico-Filosóficos. De acordo com Engels, foi nesse período que Marx aderiu às ideias socialistas.[5]
De Paris, Marx ajudou a editar uma publicação de pequena circulação chamada Vorwärts!, que contestava o regime político alemão da época. Por conta disto, Marx foi expulso daFrança em 1845 a pedido do governo prussiano. Migrou então para Bruxelas, para onde Engels também viajou.[5] Entre outros escritos, a dupla redigiu na Bélgica o Manifesto comunista. Em 1848, Marx foi expulso de Bruxelas pelo governo belga. Junto com Engels, mudou-se para Colônia, onde fundam o jornal Nova Gazeta Renana.[2] Após ataques às autoridades locais publicados no jornal, Marx foi expulso de Colônia em 1849. Até 1848, Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos, seu salário e presentes de amigos e aliados, além da herança legada por seu pai.[6] Entretanto, em 1849 Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira; após superarem dificuldades conseguiram chegar a Paris, mas o governo francês proibiu-os de fixar residência em seu território. Graças, então, a uma campanha de arrecadação de donativos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha, Marx e família conseguem migrar para Londres, onde fixaram residência definitiva.[2]

[editar]Morte


Tumba de Karl Marx noCemitério de Highgate, Londres.
Encontrando-se deprimido por conta da morte de sua esposa, ocorrida em Dezembro de 1881, Marx desenvolveu, em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida, bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 1883. Foi enterrado na condição de apátrida,[9] no Cemitério de Highgate, em Londres.[2]
Muitos dos amigos mais próximos de Marx prestaram homenagem ao seu funeral, incluíndo Wilhelm Liebknecht e Friedrich Engels. O último declamou as seguintes palavras:[10]

Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por esta suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. (…) Como consequência, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal.
Em 1954, o Partido Comunista Britânico construiu uma lápide com o busto de Marx sobre sua tumba, até então de decoração muito simples.[11] Na lápide encontram-se inscritos o parágrafo final do Manifesto Comunista ("Proletários de todos os países, uni-vos!") e um trecho extraído das Teses sobre Feuerbach: "Os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias maneiras, enquanto que o objetivo é mudá-lo."[12][13]

[editar]Pensamento

Parte da série sobre o
Marxismo
Karl Marx
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Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Talvez o maior interesse tenha se verificado na Rússia, onde, em 1872, foi publicada a primeira tradução do Tomo I d'O Capital. Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que em 1879 um alemão estudioso da Economia Política,Adolph Wagner, comentou o trabalho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção.[14]
Nos primeiros anos após a morte de Marx, sua teoria obteve crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários (ao final do século XIX, o principal locusde debate da teoria era o Partido Social-Democrata alemão) e, em menor proporção, sobre os círculos acadêmicos ligados às ciências humanas – notadamente naUniversidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.[14]
Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era um admirador. Como filósofo, se posiciona muito mais numa supra-filosofia, em que "realizar" a filosofia é antes "aboli-la", ou ao realizá-la, ela e a realidade se transformam na práxis, a união entre teoria e prática.[carece de fontes]
A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. Marx, aliás, se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade complexa.[15]
O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é a dialética. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos como forças produtivas, capital, entre outros, sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.[carece de fontes]
Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência.[carece de fontes]

[editar]Influências

Algumas das principais leituras e estudos feitos por Marx são:[16]
Ele estudou profundamente todas essas concepções ao mesmo tempo em que as questionou e desenvolveu novos temas, de modo a produzir uma profunda reorientação no debate intelectual europeu.[16]

[editar]Influência da doutrina de Hegel

Hegel foi professor da Universidade de Jena, a mesma instituição onde Marx cursou o doutorado. E, em Berlim, Marx teve contato prolongado com as ideias dos Jovens Hegelianos (também referidos comoHegelianos de esquerda). Os dois principais aspectos do sistema de Hegel que influenciaram Marx foram sua filosofia da história e sua concepção dialética.[17]
Para Hegel, nada no mundo é estático, tudo está em constante processo (vir-a-ser); tudo é histórico, portanto. O sujeito desse mundo em movimento é o Espírito do Mundo (ou Superalma; ou Consciência Absoluta), que representa a consciência humana geral, comum a todos indivíduos e manifesta na ideia de Deus. A historicidade é concebida enquanto história do progresso da consciência da liberdade. As formas concretas de organização social correspondem a imperativos ditados pela consciência humana, ou seja, a realidade é determinada pelas ideias dos homens, que concebem novas ideias de como deve ser a vida social em função do conflito entre as ideias de liberdade e as ideias de coerção ligadas a condição natural ("selvagem") do homem. O homem se liberta progressivamente de sua condição de existência natural através de um processo de "espiritualização" – reflexão filosófica (ao nível do pensamento, portanto) que conduz o homem a perceber quem é o real sujeito da história.[17][18]
Marx considerou-se um hegeliano de esquerda durante certo tempo, mas rompeu com o grupo e efetuou uma revisão bastante crítica dos conceitos de Hegel após tomar contato com as concepções deFeuerbach. Manteve o entendimento da história enquanto progressão dialética (ou seja, o mundo está em processo graças ao choque permanente entre os opostos; não é estático), mas eliminou o Espírito do Mundo enquanto sujeito ou essência, porque passou a compreender que a origem da realidade social não reside nas ideias, na consciência que os homens têm dela, mas sim na ação concreta (material, portanto) dos homens, portanto no trabalho humano. A existência material precede qualquer pensamento; inexiste possibilidade de pensamento sem existência concreta. Marx inverte, então, a dialética hegeliana, porque coloca a materialidade – e não as ideias – na gênese do movimento histórico que constitui o mundo. Elabora, assim, a dialética materialista (conceito não desenvolvido por Marx, que também costuma ser referida por materialismo dialético).[17][19]

A mistificação por que passa a dialética nas mãos de Hegel não o impede de ser o primeiro a apresentar suas formas gerais de movimento, de maneira ampla e consciente. Em Hegel, a dialética está de cabeça para baixo. É necessária pô-la de cabeça para cima, a fim de descobrir a substância racional dentro do invólucro místico.[20]
A respeito da influência de Hegel sobre Marx, escreveu Lenin que

(…) é completamente impossível entender O Capital de Marx, e, em especial, seu primeiro capítulo, sem haver estudado e compreendido a fundo toda a lógica de Hegel.[21]

[editar]Influência do materialismo de Feuerbach

Ludwig Feuerbach foi um filósofo materialista que atraiu muita atenção de intelectuais de sua época. Publicou, em 1841, uma obra (Das Wesen des Christentums  A essência do cristianismo) que teve influência importante sobre Marx, Engels e os Jovens Hegelianos. Nela, Feuerbach criticou duramente Hegel, e afirmou que a religião consiste numa projeção dos desejos humanos e numa forma de alienação. É de Feuerbach a concepção de que em Hegel a lógica dialética está "de cabeça para baixo", porque apresenta o homem como um atributo do pensamento ao invés do pensamento como um atributo do homem. Sem dúvida, o contato de Marx com as ideias feuerbachianas foi determinante para a formulação de sua crítica radical da religião e das "concepções invertidas" de Hegel.[17]

[editar]Influência do socialismo utópico francês

Por socialismo utópico costumava-se designar, à época de Marx, um conjunto de doutrinas diversas (e até antagônicas entre si) que tinham em comum, entretanto, duas características básicas: todas entendiam que a base determinante do comportamento humano residia na esfera moral/ideológica e que o desenvolvimento das civilizações ocidentais estava a permitir uma nova era onde iria imperar a harmonia social. Marx criticou sagazmente as ideias dos socialistas utópicos (principalmente dos franceses, com os quais mais polemizou), acusando-os de muito romantismo ingênuo e pouca (ou nenhuma) dedicação ao estudo rigoroso da conjuntura social, pois os socialistas utópicos muito diziam sobre como deveria ser a sociedade harmônica ideal, mas nada indicavam sobre como seria possível alcançá-la plenamente. Por outro lado, pode-se dizer que, de certa forma, Marx adotou – explícita ou implicitamente – algumas noções contidas nas ideias de alguns dos socialistas utópicos (como, por exemplo, a noção de que o aumento da capacidade de produção decorrente da revolução industrial permite condições materiais mais confortáveis à vida humana, ou ainda a noção de que a crenças ideológicas do sujeito[22] lhe determinam o comportamento).[17]

[editar]Influência da economia política clássica britânica

Marx empreendeu um minucioso estudo de grande parte da teoria econômica ocidental, desde escritos da Grécia antiga até obras que lhe eram contemporâneas. As contribuições que julgou mais fecundas foram as elaboradas por dois economistas políticos britânicos, Adam Smith e David Ricardo (tendo predileção especial por Ricardo, a quem referia como "o maior dos economistas clássicos"). Na obra deste último, Marx encontrou conceitos – então bastante utilizados no debate britânico – que, após fecunda revisão e re-elaboração, adotou em definitivo (tais como os de valor, divisão social do trabalho, acumulação primitiva emais-valia, por exemplo). A avaliação do grau de influência da obra de Ricardo sobre Marx é bastante desigual. Estudiosos pertencentes à tradição neo-ricardiana tendem a considerar que existem poucas diferenças cruciais entre o pensamento econômico de um e outro; já estudiosos ligados à tradição marxista tendem a delimitar diferenças fundamentais entre eles.[17][23]

[editar]Crítica da religião

Para Marx a crítica da religião é fundamental à crítica da exploração, pois crê que as concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus atos.[17] Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido a sentença que profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.”[24] Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões de Ludwig Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de nenhum Deus ou outro ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.[24]

[editar]Revolução

Apesar de alguns leitores de Marx adjetivarem-no de “teórico da revolução”, inexiste em suas obras qualquer definição conceitual explícita e específica do termo revolução.[25] O que Marx oferece são descrições e projeções históricas inspiradas nos estudos que fez acerca das revoluções francesa, inglesa e norte-americana.[17] Um exemplo de prognóstico histórico desse tipo encontra-se em Contribuição para a crítica da Economia Política:

Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social.[26]
Em geral, Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta, ainda que isso dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura do Estado. A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa seu poder político, logo, a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão atuando também violentamente. Diferente do apregoado pelos pensadores contratualistas, para Marx o poder político do Estado não emana de algum consenso geral, é antes o poder particular de uma classe particular que se afirma em detrimento das demais.[25]
Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir a sociedade a partir de um zero absoluto. Na Crítica ao Programa de Gotha, por exemplo, indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de partida.[25] A revolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes, só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx denominou socialismo.[17]

[editar]Crítica ao Anarquismo

Criticou o anarquismo por sua visão tida como ingênua do fim do Estado onde se objetiva acabar com o Estado "por decreto", ao invés de acabar com as condições sociais que fazem do Estado uma necessidade e realidade. Na obra Miséria da Filosofia elabora suas críticas ao pensamento do anarquista Proudhon. Ainda, criticou o blanquismo com sua visão elitista de partido, por ter uma tendência autoritária e superada. Posicionou-se a favor do liberalismo, não como solução para o proletariado, mas como premissa para maturação das forças produtivas (produtividade do trabalho) das condições positivas e negativas da emancipação proletária, como a da homogeneização da condição proletária internacional gerado pela "globalização" do capital. Sua visão política era profundamente marcada pelas condições que o desenvolvimento econômico ofereceria para a emancipação proletária, tanto em sentido negativo (desemprego), como em sentido positivo (em que o próprio capital centralizaria a economia, exemplo:multinacionais).[carece de fontes]

[editar]A práxis

Na lógica da concepção materialista da História não é a realidade que move a si mesma, mas comove os atores, trata-se sempre de um "drama histórico" (termo que Marx usa em O 18 Brumário de Luís Bonaparte) e não de um "determinismo histórico" que cairia num materialismo mecânico (positivismo), oposto ao materialismo dialético de Marx. O materialismo dialético, histórico, poderia também ser definido como uma "dialética realidade-idealidade evolutiva". Ou seja, as relações entre a realidade e as ideias se fundem na práxis, e a práxis é o grande fundamento do pensamento de Marx. Pois sendo a história uma produção humana, e sendo as ideias produto das circunstâncias em que tais ideais brotaram, fazer história racionalmente é a grande meta. E o próprio fazer da história que criará suas condições objetivas e subjetivas adjacentes, já que a objetividade histórica é produto da humanidade (dos homens associados, luta política, etc). E assim, Marx finaliza as Teses sobre Feuerbach, não se trata de interpretar diferentemente o mundo, mas de transformá-lo. Pois a própria interpretação está condicionada ao mundo posto, só a ação revolucionária produz a transcendência do mundo vigente.[carece de fontes]

[editar]O Capital


Capa da primeira edição (1867) de Das Kapital
A grande obra de Marx é O Capital, na qual trata de fazer uma extensa análise da sociedade capitalista. É predominantemente um livro de Economia Política, mas não só. Nesta obra monumental, Marx discorre desde a economia, até a sociedade, cultura, política, filosofia. É uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva, científica, filosófica, etc. Uma obra de difícil leitura, ainda que suas categorias não tenha a ambiguidade especulativa própria da obra de Hegel, no entanto, uma linguagem pouco atraente e nem um pouco fácil.Dentro da estrutura do pensamento de Marx, só uma obra como O Capital é o principal conhecimento, tanto para a humanidade em geral, quanto para o proletariado em particular, já que através de uma análise radical da realidade que está submetido, só assim poderá se desviar da ideologia dominante ("a ideologia dominante" é sempre da "classe dominante"), como poderá obter uma base concreta para sua luta política. Sobre o caráter da abordagem econômica das formações societárias humanas, afirmou A. de Walhens: "O marxismo é um esforço para ler, por trás da pseudo-imediaticidade do mundo econômico reificado as relações inter-humanas que o edificaram e se dissumularam por trás de sua obra."[27] Cabe lembrar que O Capital é uma obra incompleta, tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx vivo. Os demais volumes foram organizados por Engels e publicados posteriormente.[carece de fontes]

[editar]A mais-valia

O conceito de Mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos lucros no sistema capitalista. Para Marx o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria o valor extra da mercadoria, a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe. Os operários em determinada produção produzem bens (ex: 100 carros num mês), se dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operários teremos o valor do trabalho de cada operário. Entretanto os carros são vendidos por um preço maior, esta diferença é o lucro do proprietário da fábrica, a esta diferença Marx chama de valor excedente ou maior, ou mais-valia.(Singer, Paul. Marx – Economia in: Coleção Grandes Cientistas Sociais; Vol 31.)

[editar]A Ideologia Alemã

Na obra Ideologia Alemã, Marx apresenta cuidadosamente os pressupostos de seu novo pensamento. No Manifesto Comunista apresenta sua tese política básica. Na Questão Judaica apresenta sua crítica religiosa, que diz que não se deve apresentar questões humanas como teológicas, mas as teológicas como questões humanas. E que afirmar ou negar a existência de Deus, são ambas teologia. O ponto de vista deve ser sempre o de ver as religiões como reflexões humanas fantasiosas de si mesmo, mas que representa a condição humana real a que está submetido. Na Crítica ao Programa de Gotha, Marx faz a mais extensa e sistemática apresentação do que seria uma sociedade socialista, ainda que sempre tente desviar desse tipo de "futurologia", por não ser rigorosamente científica. Em A Guerra Civil na França, Marx supera todas as suas tendências jacobinas de antes e defende claramente que só com o fim do Estado o proletariado oferece a si mesmo as condições de manter o próprio poder recém conquistado, e o fim do Estado é literalmente o "povo em armas", ou seja, o fim do "monopólio da violência" que o Estado representa. Em O 18 Brumário de Luís Bonaparte, já está uma profunda análise sobre o terror da "burocracia" e como esta representa a camada camponesa, que por sua própria condição (como ele explica) tem tendências autoritárias.[parágrafo carece de fontes]

[editar]Colaboração de Engels

Engels exerceu significativa influência sobre as reflexões intelectuais de Marx, principalmente no início da associação entre ambos, período em que Engels dirigiu a atenção de Marx para a Economia Política e ahistória econômica da Europa. Após a morte deste, Engels tornou-se não só o organizador dos muitos manuscritos incompletos e/ou inéditos legados, mas também o primeiro intérprete e sistematizador das ideias de Marx. Engels igualmente se ocupou, desde bem antes do falecimento de seu amigo, de redigir exposições em termos populares das ideias de Marx visando facilitar sua difusão.[14]

[editar]Críticas

A crítica ao pensamento de Marx iniciou-se desde a publicação de suas primeiras obras e prossegue - principalmente entre seus seguidores e intelectuais preocupados em conhecer, desenvolver e discutir a atualidade de suas ideias.
Em Miséria do historicismo (1935, 1944), Karl Popper discorda de Marx quanto à história ser regida por leis que, se compreendidas, podem servir para se antecipar o futuro. Segundo Popper, a história não pode obedecer a leis e a ideia de "lei histórica" é uma contradição em si mesma. Já em A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Popper afirma que o historicismo conduz necessariamente a uma sociedade "tribal" e "fechada", com total desprezo pelas liberdades individuais.
Todavia há dúvidas se Marx teria realmente baseado sua teoria em um "historicismo", nos termos colocados por Popper. Argumenta-se que Marx, seguindo uma tradição inaugurada por Maquiavel e Hobbes, busca nos interesses e necessidades concretas dos indivíduos, ao longo da História, a causa fundamental das ações humanas - em oposição às ideias políticas e morais abstratas. Ele não parece supor que esta busca de realização de interesses tenha consequências predeterminadas. Tal interpretação, provavelmente influenciada pelo evolucionismo darwinista, na exegese póstuma do pensamento marxiano, é creditada ao "papa" da Social-Democracia alemã, Karl Kautsky, no final do século XIX. A interpretação kautskista seria contestada, de várias formas, por Bernstein, Rosa Luxemburgo, Lenin, Trotsky e Gramsci, entre outros.
Popper considera Marx como "não-científico" também porque sua teoria não é passível de contestação. Uma teoria científica tem que ser falseável - caso contrário, é incluída no campo das crenças ou ideologias. Resta saber, é claro, se afirmações sobre fatos históricos, necessariamente únicos, podem ser, nos termos de Popper, falsificáveis. (A crítica de Popper não tem esse sentido, ela faz referência ao fato de Marx afirmar que as críticas ao Comunismo são feitas por burgueses com interesses contrários, ou seja, qualquer crítica ao Comunismo tem uma explicação: é feita por um burguês. Dessa forma a teoria não é falseável, ninguém pode dizer que é falsa porque quem diz o faz por interesse burguês.)
Ludwig von Mises, em Ação Humana – um tratado de Economia (1949), demonstrou a impossibilidade de se organizar uma economia nos moldes socialistas, pela ausência do sistema de preços, que funciona como sinalizador aos empreendedores acerca das necessidades dos consumidores. Mises também refinou argumentos formulados por Eugen von Böhm-Bawerk na obra Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction.
Raymond Aron, em O ópio dos intelectuais de (1955) criticou de forma agressiva os intelectuais seguidores de Marx e condenou a teoria da revolução e o determinismo histórico.
Eric Voegelin talvez seja um dos críticos mais severos de Karl Marx. No seu livro Reflexões Autobiográficas relata que, induzido pela onda de interesse sobre a Revolução Russa de 1917, estudou O Capital de Marx e foi marxista entre agosto e dezembro de 1919. Porém, durante seu curso universitário, ao estudar disciplinas de teoria econômica e história da teoria econômica aprendera o que estava errado em Marx.
Voegelin afirma que Marx comete uma grave distorção ao escrever sobre Hegel. Como prova de sua afirmação cita os editores dos Frühschiften [Escritos de Juventude] de Karl Marx (Kröner, 1955), especialmente Siegfried Landshut, que dizem o seguinte sobre o estudo feito por Marx da Filosofia do Direito de Hegel:
"Ao equivocar-se deliberadamente sobre Hegel, se nos é dado falar desta maneira, Marx transforma todos os conceitos que Hegel concebeu como predicados da ideia em anunciados sobre fatos".
Para Voegelin, ao equivocar-se deliberadamente sobre Hegel, Marx pretendia sustentar uma ideologia que lhe permitisse apoiar a violência contra seres humanos afetando indignação moral e, por isso, Voegelin considera Karl Marx um mistificador deliberado. Afirma que o charlatanismo de Marx reside também na terminante recusa de dialogar com o argumento etiológico de Aristóteles. Argumenta que, embora tenha recebido uma excelente formação filosófica, Marx sabia que o problema da etiologia na existência humana era central para uma filosofia do homem e que, se quisesse destruir a humanidade do homem fazendo dele um "homem socialista", Marx precisava repelir a todo custo o argumento etiológico.
Segundo Voegelin, Marx e Engels enunciam um disparate ao iniciarem o Manifesto Comunista com a afirmação categórica de que toda a história social até o presente foi a história da luta de classes. Eles sabiam, desde o colégio, que outras lutas existiram na história, como as Guerras Médicas, as conquistas de Alexandre, a Guerra do Peloponeso, as Guerras Púnicas e a expansão do Império Romano, as quais decididamente nada tiveram de luta de classes.
Voegelin diz que Marx levanta questões que são impossíveis de serem resolvidas pelo "homem socialista". Também alega que Marx conduz a uma realidade alternativa, a qual não tem necessariamente nenhum vínculo com a realidade objetiva do sujeito. Segundo Voegelin, quando a realidade entra em conflito com Marx, ele descarta a realidade.
Finalmente, uma questão de ordem prática, iniciada décadas atrás, foi suscitada pelo stalinismo, notadamente os expurgos, os gulags e o genocídio na antiga União Soviética, que tiveram grande repercussão sobre o pensamento marxista europeu e os partidos comunistas ocidentais. Discutia-se até que ponto Marx poderia ser responsabilizado pelas diferentes "leituras" de sua obra (e respectivos efeitos colaterais) ou se tais práticas seriam resultantes de uma visão deturpada das ideias marxianas. Com o final da guerra fria, o debate tornou-se menos polarizado. Todavia a discussão acerca do futuro do capitalismo - ou daHumanidade - prossegue.

O Capital


O Capital (em alemão: Das Kapital) é um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx como crítica ao capitalismo (crítica da economia política). Muitos consideram essa obra o marco do pensamento socialista marxista. Nesta obra existem muitos conceitos econômicos complexos, como mais valia, capital constante ecapital variável, uma análise sobre o salário; sobre a acumulação primitiva, resumindo, sobre todos os aspectos do modo de produção capitalista, incluindo uma crítica exemplar sobre a teoria do valor-trabalho de Adam Smith e de outros assuntos dos economistas clássicos.

Observação quanto ao conteúdo

Quem procura sobre a teoria econômica marxista consulta o livro O Capital. Porém como seu conteúdo é volumoso e abrangente, a subseção quanto ao conteúdo foi separada por livros, e alguns itens contêm apenas sinopse para as hiperligações que levam aos verbetes como Força de trabalho, Teoria da Abstinência,acumulação primitiva, etc. Ainda, é conveniente consultar a obra anterior que também contém parte do conteúdo que seria aglutinado pelo autor: manuscritos de 1844,Miséria da Filosofia (contém uma tabela comparando a obra econômica de Proudhon com a de Marx), Contribuição para a Crítica da Economia Política, Grundrisse. Há também resumos de O Capital preparado por outros, como a de Carlo Cafiero. Mas o mais recomendado é a leitura integral da obra (assim também recomendaramCafiero, Julian Borchardt, Roman Rosdolsky, Rosa Luxemburgo, etc). Na empreitada de ler a obra integral muitos acabam desistindo no caminho por ser uma obra densa e difícil.

[editar]Seu preparo e livros econômicos anteriores

Marx levou muito tempo até chegar à sua obra considerada máxima. Em 1844 escreveu manuscritos econômico-filosóficos de 1844. Cada vez mais preocupado com os problemas econômicos, escreve e publicaMiséria da Filosofia em 1847, uma resposta preocupada com a objetividade dessa ciência (a Economia Política) ao livro Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria de Proudhon (que questionava a economia mas pelas inquietudes filosóficas do famoso autor anarquista).
Em 1859 publicou Contribuição para a Crítica da Economia Política, que continha dois capítulos: A mercadoria e A moeda, o capital seria uma continuação desse livro, mas Marx se desentendeu com seu editor.
Os seus textos escritos em cadernos para rascunhar e ordenar o pensamento econômico ficaram conhecidos como as Grundrisse. O pequeno Formações econômicas pré-capitalistas é uma das obras derivadas desse volumoso trabalho que se desdobraria (principalmente, mas não somente) nos Livros 1 a 3 de O Capital onde Marx iria expor sua teoria e no Livro 4, que seria a reunião de teorias dos outros autores comentados.
Entre as várias opções de caminhos para expor suas ideias, Marx pensou publicar antes dos outros Livros o que seria o Livro 4 (para expor as falhas dos outros autores e daí mostrar as suas), em unir o conteúdo do Livro 4 ao Livro 1 (mas ficaria então demasiado grande), mas por fim decidiu expor toda sua teoria primeiro para depois mostrar a de outros autores, como forma de satisfazer o público que queria novidades no campo da economia.
A vontade de escrever um livro "um todo artístico" levou a refinar bastante o texto, acrescentando referências e levou à exclusão do que seria o capítulo 6 do plano inicial do Livro 1.
Infelizmente o autor não pôde continuar a cuidar da publicação dos seus Livros.

[editar]A publicação de "O Capital" em francês e em inglês

Sendo o Livro 1 o único que Marx lançou em vida, também foi o único que ganhou revisões do próprio autor e alguns acréscimos ou modificações, como o que ocorreu para seu lançamento na França. O que diferencia as edições em francês e inglês é que elas têm 33 capítulos, com o mesmo conteúdo da edição original, alemã. Isso devido às subdivisões dos capítulos 4 e 24, cujas seções se transformaram em capítulos. Provavelmente isso decorre de Marx ter ouvido a sugestão do cidadão Maurice La Châtre de dividir a obra em fascículos para torná-lo mais acessível aos trabalhadores. Tal procedimento de publicação permitiu que Marx fizesse uma revisão nos fascículos de forma que fez pequenas modificações à edição. Em 1872, numa carta a Danielson, o tradutor russo de O Capital, Marx afirmava que seria mais fácil traduzir do francês para o inglês e outras línguas românticas.
Para o preparo da 4° edição revisada Alemã de 1890, considerada a definitiva, Engels levou em conta a edição francesa e as notas manuscritas encontrados nos exemplares pessoais de Marx.
A edição em inglês para Estados Unidos lançada pela Editora Penguin no começo do século XX já está integralmente em domínio público.
Em 1973 J. Teixeira Martins e Vital Moreira, professores de Lisboa, fizeram uma tradução da edição francesa para português.

[editar]A publicação de "O Capital" na Rússia

Em "a tragédia de um povo", Orlando Figes escreve:
"Em Março de 1872 chegava à secretária do censor russo um volume pesado sobre economia política, escrito em alemão. O autor era conhecido pelas suas teorias socialistas e todos os seus livros anteriores tinham sido proibidos. O editor não tinha qualquer razão para esperar que este livro tivesse um destino diferente. Tratava-se de uma crítica sem compromissos ao moderno sistema fabril e apesar de a lei russa da censura ter sido liberalizada, permanecia ainda uma clara proibição para todas as obras que abordassem as "nocivas doutrinas do socialismo e comunismo" ou que pudessem "atiçar a antagonismo entre uma classe ou outra". As novas leis (de censura) eram suficientemente rígidas para proibir livros tão perigosos como o "Ética" de Espinoza, o Leviatã de Hobbes, o "Ensaio sobre a história geral" de Voltaire...
No entanto, acharam eles que este magnum opus alemão - 674 páginas de compacta análise estatística- era demasiado difícil para poder ser considerado uma ameaça ao Estado. "Pode ser afirmado com segurança", concluiu o primeiro dos censores, "que muito poucos na Rússia o vão ler e menos ainda o irão compreender". E o segundo censor acrescentou que para além disso, o autor ataca o sistema de fabricação britânico, e que a sua crítica não é aplicável à Rússia, onde a "exploração capitalista" de que ele fala não é conhecida. Nenhum dos dois censores achou necessário impedir a publicação desta obra "estritamente científica".
E foi assim que o "Das Kapital" foi introduzido na Rússia. Foi a primeira publicação deste livro no estrangeiro, 5 anos da primeira edição, em Hamburgo, e 15 anos antes da primeira edição em inglês." ...Os censores em breve reconheceram o seu erro. 10 meses depois, vingaram-se em Nikolai Poljakov, o primeiro editor russo de Marx, ... ao trazê-lo a tribunal e forçando-o a dissolver a sua editora.

[editar]A publicação de "O Capital" no Brasil

No Brasil houve 2 traduções dos Livros Completos: a de Reginaldo Sant'Anna (anos 1960, atualmente relançada pela Editora Civilização Brasileira) e a da Equipe de Paul Singer (anos 1980) (esta última tradução faz parte da coleção "Os Economistas" da Abril Cultural). O Livro 4 foi traduzido apenas por Sant'Anna.
Além desses tradutores, houve tradução por outros de pedaços ou alguns capítulos soltos, lançadas não como partes do Livro O Capital, mas como livros próprios. Um exemplo é Marx e Engels - Textos da editora Edições Sociais, traduzindo a partir do espanhol alguns prefácios, posfácios e capítulos de O Capital, A mercadoria da editora Ática que na verdade se trata do 1° capítulo do Livro 1 de O capital acrescido de notas de Jorge Grespan (que devem ajudar, pois segundo o próprio Marx, o primeiro capítulo é o mais difícil). E A origem do Capital, da Editora Centauro, que mostra os capítulos "A chamada Acumulação primitiva" e "Teoria Moderna da Colonização" (os capítulos finais do Livro 1, que segundo Engels O estilo da parte final era, por isso, mais vivo, saído de um jato.... A Global Editora, através da coleção Base 5, lançou Teoria da Mais-Valia: Os Fisiocratas que é um pequeno livro que reúne num único volume trechos do Livro 4 de Karl Marx sobre a Fisiocracia e Reflexões acerca da formação e distribuição de riquezasde Turgot

[editar]O Capital

[editar]Livro 1 - o processo de produção do capital 1867

Único dos Livros lançado em vida por Marx e que por isso se beneficiou de refinamento de estilo, melhorias entre edições, acréscimos de posfácios do próprio autor e lançamentos das versões Alemã, Inglesa, Russa e Francesa (levemente distintas, apesar da 4° edição Alemã 1893 ser considerada a versão definitiva devido às correções de Engels e Eleanor Marx e por isso comumente usadas para a tradução para outras línguas).

[editar]Livro 2 - o processo de circulação do capital 1885

Publicado após a morte de Marx, ficando a edição a cargo de Engels. A diferença no estilo dos Livros 2° e 3° em relação ao 1° fazem com que alguns aleguem sua escrita a Engels, . Embora os Livros 2 e 3 tenham sido dedicados à esposa de Marx, Jenny, cogitou-se dedica-los a Darwin. Engels, no túmulo de Marx, disse Darwin mostrou a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, e Marx a da natureza humana.

[editar]Livro 3 - o processo global da produção capitalista 1894

Com a publicação desse 3° Volume Engels termina a tarefa de tornar pública a teoria econômica de Marx ao conjunto do sistema capitalista. Em algumas partes ele relata que teve de preencher as lacunas como um co-autor, mas que identificou os tais acréscimos para que não houvesse dúvidas quanto a o que Marx queria dizer. Porém críticos[quem?] disseram haver problemas e lacunas, o que ainda hoje é tema de debates e uma das maiores lamentações quanto ao fato de o autor ter morrido antes da conclusão de sua obra máxima.
O problema mais comummente apontado é "o problema da transformação" (ver explicação resumida na ligação externa que leva ao texto de Callinicos).
Rosa Luxemburgo foi uma das autoras que admiraram o Livro 3; ela tentou preencher algumas das lacunas de O capital no seu livro "Acumulação do Capital"

[editar]Livro 4 - Teorias da mais valia 1905

Karl Kautsky, após a morte de Engels, e já no século XX, publica o 4° Livro, que são os comentários de Marx a outros autores de Economia Política. O Livro 4 é o menos conhecido justamente por ter sido publicado após a explanação da teoria econômica marxista por Marx e Engels. Acrescente a isso o agravante de Kautsky ter optado por publicar invertendo o título e subtítulo: "Teorias da Mais-Valia - A história crítica do pensamento econômico (Livro 4 de O capital)". Por causa disso, mesmo na coleção de traduções de Sant'Anna recebeu numeração do volume em separado (os Livros 1 a 3 são divididos em volumes numerados de I a VI, e Teorias da Mais-Valia começam do Volume I ao III, quando poderiam ter sido numerados como os volumes VII, VIII e IX de O Capital).
Esse material é de leitura interessante por incluir considerações sobre outras teorias do valor e de fontes que podem ter sido inspiração para as críticas dos antagonismos de classe (desde os que negavam o antagonismo, os que reconheciam mas negavam exploração de classe, os que ficavam ao lado dos oprimidos, e até mesmo os que defendiam a opressão sem dissimular), entre outras considerações não abordadas nos demais livros (como a questão do trabalho produtivo e improdutivo).

[editar]Capítulo VI inédito de O Capital

Excluído por Marx do plano de publicar junto com o Livro 1, é estudado atualmente por conter notas de transição do Livro 1 e Livro 2 (depois que a mercadoria é produzida, ela tem de circular). A numeração do Capítulo 6, excluído, mostra que a exclusão se deu antes da publicação, já que ao longo de edições a numeração e divisão do Livro em partes foi bastante mudada, provavelmente para não cansar o leitor com capítulos demasiadamente longos, um bom exemplo é o capítulo 1 da 1° edição que se transformou em parte 1, subdividido em 3 capítulos.

[editar]Resumos e obras derivadas

[editar]Resumos

  • O Capital - resumo dos 3 livros
autor: Julian Borchardt

[editar]Obras derivadas

autor: Paul Sweezy

[editar]Quadrinhos/banda desenhada

  • O Capital em Quadrinhos
autores: K. Ploeckinger e G. Wolfram
K. Ploeckinger e G. Wolfram lançaram "O Capital em Quadrinhos", quadrinhos/ banda desenhada de 78 páginas com prefácio de Lúcio Colletti, intelectual marxista italiano. No Brasil foi lançado pela editora Global tendo suas 3 edições na década de 80. Curiosamente, se tratam de quadrinhos/ banda desenhada sui generis pois foram impressos em tinta verde, e cada quadrinhos (e não página) era numerada, além dos desenhos serem muito peculiares num estilo infantil, com muitos rabiscos.
  • O Capital em Quadrinhos
autores: Max e Mir
A dupla Max e Mir pegou o trabalho de Ploeckinger e Wolfram e fez melhorias em termos de quadrinhos tais como desenhos mais claros e alguns exemplos mais bem humorados, a impressão em tinta preta, numeração apenas em cada página, tornando o roteiro mais fácil de entender. Curiosamente numa cena em que um operário está numa cama com sua esposa, na obra de Ploeckinger e Wolfram, o casal está com roupas, e na de Max e Mir eles estão nus. Foi lançado no Brasil pela Proposta Editorial, 66 páginas
  • Marx's Kapital for Beginners
autores: David Smith e Phil Evans
Foi lançado nos Estados Unidos na década de 80 pela Pantheon Books, 191 páginas
  • Conheça Marx
autor: Eduardo del Rio (Rius)
Lançado no Brasil na década de 80 pela Proposta Editorial, fazia parte da coleção "Conheça", quadrinhos / banda desenhada da qual fizeram parte "Conheça Einstein", "Conheça Freud", etc.
  • Das Kapital em mangá (資本論)
No final de 2008 foi lançada no Japão uma versão em mangá pela editora EastPress.

[editar]Conteúdo Livro 1

[editar]A compra e venda da força de trabalho: origem da mais-valia

Após analisar a mercadoria, era necessário entender a compra e venda da força de trabalho encarada como mercadoria. Por "força de trabalho" e não simplesmente "trabalho" foi possível resolver as contradições nas fórmulas de Adam Smith e David Ricardo.

[editar]Entesourador x capitalista

O capitalista, diferente do entesourador, não pode converter todo seu ganho para luxo pessoal, ele tem de investir na sua fonte de riqueza, que é a indústria. Enquanto o entesourador prefere guardar, o capitalista prefere investir. O capitalista se torna personificação da sede de riqueza. E no conjunto da sociedade, enquanto nos modos de produção anteriores era mais fácil conseguir a saciedade, até por haver um limite das riquezas existentes, no sistema capitalista essa sociedade não existe e se quer cada vez mais expandir as indústrias. Se nos modos de produção anteriores chega-se a sociedade se hipoteticamente um sultão consegue dominar e comprar todas as coisas, no capitalismo a sociedade por expansão não chega nem com o monopólio.

[editar]Teoria da Abstinência

Segundo essa teoria de Sénior, o capitalista praticava a abstinência pelo bem da empresa. e portanto era mais virtuoso que os empregados.E assim acumulava seu capital.

[editar]Acumulação primitiva

Fatores históricos atípicos do capitalismo que favoreceram os capitalistas e ajudaram no estabelecimento do capitalismo.

[editar]Conteúdo Livro 4

[editar]Reposição de máquinas (Capital constante)

No Livro 4 existe a seção 10 dentro do cap III: "Pesquisar como é possível ao lucro e salário anuais comprarem as mercadorias anuais que, além de lucro e salário, contém capital constante".
"É claro que o problema da reprodução do capital constante se enquadra no estudo do processo de reprodução ou de circulação do capital, mas isso não impede de se tratar aqui do que é essencial." (A circulação é assunto do Livro 2 e a reprodução, do Livro 3)
Embora muitos se contentem com a explicação da acumulação primitiva e da extrações de mais-valia (assuntos do Livro1) para a explicação da continuidade dos negócios do capitalista, ela se esbarra em problemas: a acumulação primitiva explica a compra da 1° máquina pelo capitalista mas não explica a reposição da maquinaria. Já a mais-valia explica a expansão dos negócios, a compra de mais máquinas ou máquina maior de modelo melhor, mas não a reposição da máquina já existente do mesmo modelo que eventualmente precise ser reposta. Se é preciso explorar o trabalhador para algo que inevitavelmente acontecerá, como a quebra da máquina velha, fica impossível de se alcançar o comunismo sem exploração.
"...de seu trabalho excedente -que forma o lucro- parte é fundo de consumo do capitalista, e parte se transforma em capital adicional. Mas não é com esse trabalho excedente ou com o lucro que o capitalista substitui o capital já gasto em sua própria produção. Se fosse assim, a mais-valia não seria fundo para formar novo capital e sim para manter o velho." (Livro 4, cap III seção10 - página 87 da tradução de Sant'Anna)
É um erro pensar que o $ para a máquina vem apenas da produção de mercadorias e do excedente chamado mais-valia: trabalho descontado o salário (assunto do Livro1), pois isso justificaria o capitalista (ou outro que comanda e extrai a mais-valia) e fomenta a Teoria da Abstinência, que diz que o capitalista repõe a máquina de seu próprio bolso (bolso aqui entendido como seu patrimônio do âmbito privado e individual, para seu consumo e da sua família, separado do caixa da empresa). Como o capitalista é dono do processo inteiro, tem-se uma ilusão de óptica de que ele tira do próprio bolso.
Então é necessário entender da onde vem o $$ que possibilita essa reposição. Como se calcula o valor da maquina? Ela se desgasta de tempos em tempos, usa combustível, etc. Então a gente vê o quanto ela conseguiu produzir em mercadorias, e dividimos por elas. Assim, o lote total da mercadoria contém: o salario, o lucro, o custo das matérias-primas e custo de máquina. Se ela quebrou após produzir mil latas de tomate, o valor da máquina vale essas mil latas (embora infelizmente não se saiba com precisão quando uma máquina quebrará, e no caso de máquinas novas, não se tem ainda nem uma média). O lote é dividido entre vários consumidores.
E quem são os consumidores? Os trabalhadores e capitalistas. O problema é que mesmo para um produto para todos, como uma lata de tomate, não se consegue vender o suficiente para cobrir os custos da maquina! Isso porque mesmo somando o salário e lucro, se compra uma parte do lote e não o lote inteiro.
Surge uma pista: a de que poderiam os outros trabalhadores e capitalistas produtores, de digamos latas de azeitona e de milho comprarem as latas de tomate. Ou seja, esferas de produção B e C comprarem de A. Mas Marx mostra que a pista é falsa: Pois então quem vai comprar de B e C? Talvez as pessoas de outras esferas como D, E ,F, G ... e ainda não se resolveu o problema, que aumenta cada vez mais, pois supondo que G compre de todos, alguém tem de pagar ao G, segundo cálculos de Marx, mercadorias caras com valor de 972 horas de trabalho. Os produtores de latas de azeitona e milho tiveram de gastar todo o $ para ajudarem a comprarem as latas de tomate e ficaram sem $ para comprar seus próprios produtos, dependendo de D, E, etc. E os de latas de tomate gastaram todo o $ no próprio produto.
OBS: Isso não é nada saudável. É melhor cada um comprar coisas diferentes, A comprar um pouco de B e C, B de A e C = quem faz lata de tomate comprar milho e azeitona e assim temos um comércio mais saudável. Pensando bem, não é necessário gastar todo o sala´rio+ lucro no próprio produto, pode-se gastar em outros: 1- Se todos gastarem em produtos variados, consome-se um pouco de cada, mas fica sobrando um enorme estoque de cada produto 2- Se resolverem comprar um produto só, fica sobrando o estoque de outros produtos, e o montante em valor estocado é mesma coisa. É o mesmo se depois do pessoal de A,B e C comprarem todo o estoque de A, se queixarem de enjoarem de A e irem ao armazém de B e C e trocarem (sem compra e venda) por latas de outros produtos.
O problema permanece igual, falta consumidores, ou $ para esses consumidores. Então ao invés de B e C, entramos no interior da produção de A, para chegar ao seu antecessor: quem vendeu as maquinas de fazer enlatados, ou então quem forneceu pregos, chapas para o funcionamento da fábrica de A (talvez pudéssemos denominar esses setores de -A, -B). Os trabalhadores e o dono da fabrica de máquina ganharam salário e lucro e podem gastar nas latas de tomate, e isso, (como vimos na OBS), é o mesmo que se gastarem nas latas de milho e azeitona. OK, mais consumidores, e comprando latas de tomate, eles ajudam a comprar mais do lote e paga-se mais um pedaço do custo da máquina. Só que acaba o $ também do pessoal da fabrica de maquinas, pois eles também tiveram de comprar a maquina de fazer maquina, ou pelo menos as peças como parafusos e chapas. Quem comprou da fabrica de maquinas? As pessoas de A, B e C: eles gastam $ para comprar a máquina e para trocarem de latas entre eles mesmos. Nessas trocas as pessoas da fabrica de maquinas também não precisam comprar sua própria produção e sim entrar no sistema de compra e venda diversificada (acrescentando a indústria de máquinas na OBS)
Permanece o problema de o total de pessoas de todas as indústrias não poderem comprar todas as mercadorias (agora incluindo as máquinas que são meios de produção), mas pelo menos diminuiu a proporção não-comprada. Porém daí em diante é fácil: acrescenta-se o salário+lucro dos produtores de pregos e produtores de chapas (anteriores à indústria de máquinas). e estes por sua vez não terão como pagar totalmente os produtores de alumínio e aço refinado. Acrescenta-se o salário desses, e não se tem para pagar o produtor de limalha de ferro e do extrator de bauxita e por aí vai. Marx admite: esse jeito de resolver o problema sempre vai deixar um resto, frações cada vez menores de horas que geraram salário e lucro, mas sempre um resto. Para pagar a maquinaria de esferas de produção maiores, busca-se horas trabalhadas de esferas menores que forneceram esses meios de produção (pois nessas esferas menores também acrescentaram trabalho à matéria-prima) e resta o valor de outra maquinaria/matéria-prima.
Chamando a maquinaria de capital constante (C) e o trabalho de capital variável (V), C de sicrano foi fabricado por beltrano, que veio da soma de S + V, ou seja, para se fabricar máquinas de sicrano foi preciso a máquina de beltrano somada ao trabalho contratado por beltrano. E C de beltrano, da soma de C+V fulano, e assim por diante.
C1+V1=C2; C2+V2=C3; C3+V3=C4... (C2 maior que C1, C3 maior que C2...)
Dizer que o $ para consumo veio de esferas de produção menores não quer dizer que aí o lucro do capitalista ou os salários sejam menores, se trata de menores em volume de $, e abrangendo esferas de produção e não uma fabrica ou outra. O número de fabricas de maquinas de enlatados será sempre menor que a de produtos em lata. Se empregam o mesmo número de gente (digamos que seja dificílimo produzir as maquinas) aí sim os salários e lucros são menores, ou se o capitalista tem o mesmo lucro (ou até maior), quer dizer que os metalúrgicos são mais explorados, mas não que em volume de $ a esfera dos fornecedores seja maior que a que compra essas maquinas/ferramentas. Talvez numa petrolífera por exemplo tanto os trabalhadores quanto seus donos ganhem bem, mas isso porque são poucas as petrolíferas perto do número de fabricas de plásticos e derivados e consequentemente seu volume de $ que forma o mercado consumidor também (pois não tem sentido haver mais petrolíferas que fabricas de seus derivados).
Marx admite: esse jeito de resolver o problema sempre vai deixar um resto, frações cada vez menores de horas que geraram salário e lucro, mas sempre um resto. Para pagar a maquinaria de esferas de produção maiores, busca-se horas trabalhadas de esferas menores que forneceram esses meios de produção (pois nessas esferas menores também acrescentaram trabalho à matéria-prima) e resta o valor de outra maquinaria/matéria-prima. Uma forma da conta não deixar resto é admitir que algo veio de graça, digamos de atividade ligada à natureza como extrativismo.
Mas reparem que tal procedimento mostra que a teoria do valor-trabalho não conseguiu dar conta de todo cálculo, pois uma pequena fração do valor veio da natureza, o que lembra um pouco a teoria do valor amparada pelos antecessores ao Smith, os Fisiocratas, que diziam que o valor vem da natureza.




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