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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Nhá Geralda do Cintra


(Uma refrescante “Vereda”, na minha nova estrada!...)

-Talvez /uma quilombola/
Mas... /Certamente/
Uma generosa mulher!
Nhá Geralda do Cintra
Mascava fumo de rolo...
E ia odorando /todo ambiente/
Por ela percorrido...
Com aquele /mal cheiroso/ odor.

-A querida /quera octogenária/
Se embiocava...
Numa quimbembe /mal iluminada/
Pela fraca luz de uma velha /absconsa/
E pra arrancá-la/ de lá/...
Ah dava o quê fazer!

-Após a sesta /do dia a dia/
Ela sempre era circundada por cunhas...
Que à sua porta fervilhavam.../aos montes/
Pra fuxicar... E se besuntar
De seus tantos conselhos...
Ora tão sábios... Ora tão espantosos.

-Nhá Geralda do Cintra
Era um “taquinho de gente”/
Um catatau  feminino!
Saltitava pelas ruas do Cintra...
- Que nem guariba assustado
Pelo fogo na mata -
Rumo à igreja onde rezava
Com certa frequência...

-No sovaco... /Nhá Geralda/
Sempre transportava /consigo/
Uma sombrinha/ esgarçada/
Como se quiçama fosse.
Chegava a ser até engraçado,
Mas... ai de quem dela /zombasse/
Por decerto /enfrentaria a fúria/
Da comunidade/ inteirinha!

-Analfabeta / Nhá Geralda/
Nem os xenxéns mensais/
Da aposentadoria / rural/
Bem os distinguia!...
Mas considerada era/ por todos/
Tesouro de sabedoria!

-Ao conhecer-me/ Nhá Geralda
Não hesitou/ em acolher-me
Como filho/ muito querido/
E diga-se /de passagem:
- O que a mim encheu-me
De imensa alegria!...

-Mas...numa manhã /qualquer/
Após um longo e aliviado /suspiro/
Voando rápida como um colibri /sedento/
Nhá Geralda do Cintra... /Serenamente/
Partiu lá pro alto da montanha/
Em busca da flor da Vida...
E...quiçá/ lá em cima /agora/
Esteja bem escondidinha...
Se rindo da gente...à beça.
Mas.../a bendita/ Nhá Geralda do Cintra/
Deixou-nos uma saudade... Infinda!

Montes Claros (MG),   22-11-2011
RELMendes

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