1. Elementos que dificultam conceituar o Renascimento
1.1. O termo é historicamente ambíguo.
Renascimento significa, literalmente, "Novo Nascimento".
Na época feudal, os estudos clássicos não haviam desaparecido totalmente. Ob-
servem-se os "Glosadores".
Os teólogos medievais, ao interpretarem os clássicos, tinham toda a preocupação voltada para as almas e para Deus, ou seja, para o mundo transcendente.
É o teocentrismo.
Deixaram de lado o aqui e o agora. Fizeram-se indiferentes a outra clara proposta da cultura clássica, que valoriza o que há de divino em cada homem: criar e produzir de acordo com sua vontade e seu interesse. Isto é o que "refloresce”.
A arte e a literatura não morreram na Idade Média.
As grandes catedrais, em estilo românico ( Nortre Dame, La Grande) ou em estilo
gótico (Sainte Chapelle).
A pintura de Giotto e de Fra Angélico.
A escultura de imagens vistas pelos fiéis, ao longo de toda a igreja, transmitindo e repetindo as lições da teologia cristã, num universo social de analfabetos.
A literatura medieval com suas canções de gesta- "Chanson de Holand" e seus romances - "Tristão e Isolda".
1.2. O vocábulo abrange vários aspectos:
1º. Transformações literárias;
2º. Transformações artísticas (pintura, escultura e arquitetura);
3º. Transformações cientificas;
4º. Transformações religiosas;
5°). Transformações políticas.
"Sempre que se evoca o tema do Renascimento, a imagem que imediatamente nos vem a mente e a dos grandes artistas plásticos e suas mais famosas obras... por que razão o Renascimento implica esse destaque tão grande dado as artes visuais? As artes plásticas acabaram se convertendo num centro de convergência de todas as principais tendências da cultura renascentista. Acabaram espelhando os impulsos mais marcantes do processo de evolução das relações sociais e mercantis".
SEVCENKO, NICOLAU - O Renascimento
1.3. O antropocentrismo supera o teocentrismo.
Enquanto este faz o homem medieval expressar sua arte e sua literatura influenciado
pela idéia de salvação eterna, aquele caracteriza as realizações renascentis-
tas, fazendo o homem moderno colocar os valores humanos em seus devidos lugares.
1.4. Renascimento, evolução ou revolução?
De inicio, parece-nos um movimento explosivo, revolucionário.
Primeiramente, surge o humanismo difundindo um renovado interesse e estima
pelos escritos da Antiguidade Clássica.
Posteriormente, o Renascimento dá continuidade a modificações iniciadas nos últimos tempos medievais, na Itália, no século XIV.
" O marco mais significativo da criação literária moderna é ambíguo. Trata-se da
"Divina Comédia” de Dante Alighieri (1265-1321). A literatura de Dante guarda intocada inúmeras características da mentalidade e da expressão medievais.
Narra a trajetória alegórica de Dante que, perdido numa floresta terrena,dali é tirado pelo poeta Latino Virgílio, que o guiaria pelo reino dos mortos, através do inferno e do purgatório, até o paraiso. A obra é inspirada tal como recomendava as diretrizes da Filosofia Escolástica.
O que pode ter de moderno um tal poema? Praticamente nada e praticamente tudo.
Para começar, porque o poema é escrito em dialeto toscano e não mais em latim.
Para continuar, porque os guias de Dante nessa travessia sacra e simbólica sao um poeta pagão da Antiguidade e uma senhorita reles, burguesa e caseira.
SEVCENKO,Nicolau - O Renascimento
Portanto, o Renascimento não foi um repentino despertar da Cultura Heleno-LAtina,
Mas sim, a culminância de uma série de reflorescimentos, que teve início no século IX.
2. Causas do Renascimento
2.1. O humanismo, base do Renascimento.
O que é humanismo? Humanismo significava um desafio para a cultura dominante e uma tentativa de abolir a tradição intelectual medieval teocêntrica e de buscar novas raízes na cultura clássica heleno-latina para a elaboração de uma nova cultura com fundamento antropocêntrico.
Os humanistas eram homens "que tendiam a considerar como mais perfeita e
mais expressiva a cultura que havia surgido e se desenvolvido no seio do paganismo,
antes do advento do Cristo. Cultura que exaltava o indivíduo, os feitos históricos,
a vontade e a capacidade de ação do homem, sua liberdade de atuação e de participa-
cão na vida das cidades".
Os humanistas criam que "o homem é a fonte de energias criativas ilimitadas,
possuindo uma disposição inata para a ação, a virtude e a glória".
Eles iniciaram verdadeira caça aos manuscritos da Antiguidade Clássica.
Acharam obras esquecidas ou ignoradas e publicaram cópias novas.
Promoveram uma verdadeira ressurreição erudita do passado heleno-latino.
Foram colecionadores, eruditos, escritores e professores.
2.2. Diversos outros fatores:
1°- Desenvolvimento do Comércio
2° - Aparecimento das "Universidades" medievais e o conseqüente desenvolvi-
do espírito de critica, análise e pesquisa cientificas.
3 °- "Cruzadas" e a Imprensa.
3. Características do Renascimento
3.1. O individualismo contrapõe-se ao coletivismo medieval ( vide a pintura de Fra Angélico ou mesmo a de Giotto, embora as personagens de sua pintura já preservavam sua individualidade). Na pintura observa-se que o número de retratos é cada
vez maior. A criação artística torna-se livre e cada artista torna-se um criador individualizado.
3.2. Hedonismo, filosofia que faz da “busca de prazer” a finalidade da vida. A palavra de ordem era ” viver mais pelo sentido do que pelo espírito”. Cimabue e Ducio, já na segunda metade do século XIV, “passaram a dar a suas imagens um toque mais humanizado”, o que justificou o imediato sucesso de sua arte, pois vinha de encontro a nova sensibilidade das camadas urbanas. Surge o dolce stil nuevo ( doce estilo novo). Na arte medieval o prazer tem reduzida importância, pois contava apenas a mensagem.
3.3.Naturalismo, observado na aceitação da natureza em geral e da humana em particular, como algo de bom. Michelangelo é o poeta do corpo, não se encontrava na expressão facial, mas se disseminava por todo o músculo do corpo, por toda ruga da pele ou toda a veia entumescida (vide Moisés). É importante notar que as idéias medievais descreviam a natureza humana como forma inexorável do mal.
3.4. Intelectualismo, racionalismo, etc...
A arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções e aperfeiçoamentos técnicos. Ela acompanha paralelamente as conquistas da física, da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia. Brunelleschi inventa a perspectiva matemática; Leonardo da Vinci inventou instrumentos de engenharia civil ou militar; fez pesquisas anatômica; os irmãos Van Eyck realizam o aperfeiçoamento das tintas, etc... 4. Itália, berço do Renascimento
4.1. Fenômeno tipicamente italiano
Suas condições históricas particularmente favoráveis concorreram pra que esta afirmativa se tornasse aceitável.
Parte da produção clássica da Antiguidade era autóctone (própria da região).
Os letrados e sábios orientais iam a Itália, mesmo antes da dominação turca sobre Constantinopla, facilitando o contato dos europeus ocidentais com a produção clássica original.
O apoio dos mecenas, que valorizam a arte e o artista, como os Médici, o papa Júlio II, etc... Burguesia, príncipes e monarcas, protetores das artes tinham como objetivo mais que a autopromoção, mas também a difusão de novos hábitos, valores e comportamentos.
4.2. Precursores: 1° Dante Alighieri- “Divina Comédia”; 2° Francesco Petrarca- "Pai do Humanismo" - poema épico "De África"; 3º Giovanni Boccaccio - Prosa. -"Decameron".
4.3. Renascimento Literário Italiano
1°) Nicolau Maquiavel - “O Príncipe”
2°) Ludovico Ariosto - "Orlando Furioso"
3°) Torquato Tasso - "Jerusalém Libertada"
4.4. Renascença Plástica Italiano
5. Expressão do Renascimento
5.1. França- Renascimento de cunho basicamente literário e filosófico
1º) Pierre Honsard - "Melódicas Odes” e “Francíada”
2º) François Rabelais - "Gargatura e Pantagruel''
3º) Michel de Montaigne - "Ensaio" – filósofo moralista
5.2. Inglaterra
5.2.1. Sir Francis Bacon
1°) filósofo e cientista
2°) obras: “Novum Organum”.
5.2.2. William Shakespeare
1°) Obras dramáticas imortais
2º) "Hamlet", "OteIo", “Macbeth", “ O Mercador de Veneza”, “Sonhos de uma
Noite de Verão”, “Romeu e Julieta”, etc...
5.2.2. Sir Thomas Morus- Tornou-se o mais célebre humanista da Inglaterra- “Utopia”
5.3. Espanha
5.3.1. Pintores
1°)El Greco – um dos iniciadores da pintura espanhola – obras: “O enterro do
Conde Orgaz”
2º) Coelho e Morales
5.3.2. Escritores
1º) Cervantes - "Dom Quixote de La Mancha"
2º) Lopes de Vagas- Comédias
3º) Tiso de Molina – criador do Dom Juan
4°) Calderón de La Barca- “ Vida e Sonho”
5.3.3. Escritores Místicos da Modernidade
1°) Inácio de Loyola – “Exercício Espiritualidade”
2°) Teresa d'Ávila - “Poesias”, “Castelo Interior”, etc...
3º) João da Cruz - "Obras Espirituais"
5.3.4. Arquitetura
1º) Juan Batista de Toledo
2°) Juan Henera
5.4. Portugal
5.4.1. Arquitetura - estilo manuelino
1°) Boytac
2°) Mateus Fernandes
5.4.2. Literatura
1º) Sá de Miranda - iniciador do classicismo Lusitano
2º) Gil Vicente - criador do teatro português
3°) João de Barro - historiador (biógrafo do rei)
4°) Camões-"Lusíadas"
5.5. Países Baixos
1º) Irmãos Van Eyck - criaram a pintura a óleo
2°) Erasmo de Roterdam (príncipe dos Humanistas) – “ Elogio da Loucura”
3°) Hutten e Rubino- “Cartas aos Homens Obscuros”
4°) Orlando di Lasso- 2.000 obras musicais.
Texto elaborado em 1995 por Romildo Ernesto de Leitão Mendes
QUERIDO ROMILDO, ESTOU AMANDO SER MODERADOR DESSE SEU EXCELENTE BLOG.
ResponderExcluirSUAS POESIAS SÃO MARAVILHOSAS.
A CADA DIA APRENDO MAIS COM SEUS TEXTOS PERFEITO.
ME DELICIO COM AS POESIAS DE MARIA LUZIA.
ABRAÇOS DANIEL ALVES