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sábado, 30 de julho de 2011

RENATO RUSSO - O POETA DO ROCK



Renato Manfredini Júnior, nome artístico: Renato Russo (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996) foi um cantor e compositorbrasileiro.Até os seis anos de idade, Russo sempre viveu no Rio de Janeiro junto com sua família. Começou a estudar cedo no Colégio Olavo Bilac, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Nessa época teria escrito uma bela redação chamada "Casa velha, em ruínas…", que inclusive está disponível na íntegra. Em 1967, mudou-se com sua família para Nova Iorque pois seu pai, funcionário do Banco do Brasil, fora transferido para agência do banco em Nova York, mais especificamente para Forest Hills, no distrito do Queens. Foi quando Russo foi introduzido a língua e a cultura norte-americanas. Aos nove anos, em 1969, Russo e sua família voltam para o Brasil, indo morar na casa de seu tio Sávio numa casa na Ilha do Governador, Rio de Janeiro


.Em 1973 a família trocou o Rio de Janeiro por Brasília, passando a morar na Asa Sul. Em 1975, aos quinze anos, Renato começou a atravessar uma das fases mais difíceis e curiosas de sua vida quando fora diagnosticado como portador da epifisiólise, uma doença óssea. Ao saber do resultado, os médicos submeteram-no a uma cirurgia para implantação de três pinos de platina na bacia. Renato sofreu duramente a enfermidade, tendo que ficar seis meses na cama, quase sem movimentos. Durante o período de tratamento Renato teria se dedicado quase que integralmente a ouvir música, iniciando sua extensa coleção de discos dos mais variados estilos. Em entrevista, Russo teria alegado que este período fora determinante na formação de sua musicalidade.Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico, ao lado dos irmãos Felipe Lemos (Fê) (bateria) e Flávio Lemos (baixo elétrico),e do sul-africano André Pretorius (guitarra). O grupo durou quatro anos, de 1978 a 1982, terminando por brigas entre Fê e Renato. O Aborto Elétrico foi a semente que deu origem à Legião Urbana e ao Capital Inicial (formado por Fê e Flávio, junto ao guitarrista Loro Jones e ao vocalista Dinho Ouro-Preto).Após o fim do Aborto Elétrico, Renato começa a compor e se apresentar sozinho, tornando-se o Trovador Solitário. A fase solo durou poucos meses, até que o cantor se juntou a Marcelo Bonfá (baterista do grupoDado e o Reino Animal), Eduardo Paraná (guitarrista, conhecido como Kadu Lambach) e Paulo Guimarães (tecladista, conhecido como Paulo Paulista), formando a Legião Urbana, tendo Renato como vocalista e baixista.suas principais influencias eram as bandas de post punk que surgiram na epoca, especificamente, Renato Russo se espelhava no trabalho de Robert Smith, vocalista do The Cure e especialmenteMorrissey que era vocalista da banda The SmithsApós os primeiros shows, Eduardo Paraná e Paulo Paulista saem da Legião. A vaga de guitarrista é assumida por Ico-Ouro Preto, irmão de Dinho Ouro-Preto, que fica até o início de 1983. Seu lugar é assumido definitivamente por Dado Villa-Lobos (que criou a banda Dado e o Reino Animal com Marcelo Bonfá, Dinho Ouro Preto, Loro Jones e o tecladista Pedro Thompson). A entrada de Dado consagrou a formação clássica da banda.À frente da Legião, que contou com o baixista Renato Rocha entre 1984 e 1989, Renato Russo atingiu o auge de sua carreira como músico, sendo reconhecido como um dos maiores poetas do rock brasileiro, criando uma relação com os fãs que chegava a ser messiânica (alguns adoravam o cantor como se fosse um deus). Os mesmos fãs chegavam a fazer um trocadilho com o nome da banda: Religião Urbana/Legião Urbana. Renato desconsiderava este trocadilho e sempre negou ser messiânico.Renato Russo morreu pesando apenas 45 quilos, em consequência de complicações causadas pela Aids (era soropositivo desde 1989, mas jamais revelou publicamente sua doença).[1] Deixou um filho, Giuliano Manfredini, à época com apenas 7 anos de idade. O corpo de Russo foi cremado e suas cinzas lançadas sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx.No dia 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte do cantor, Dado e Bonfá, ao lado do empresário Rafael Borges, anunciaram o fim das atividades do grupo. Estima-se que a banda tenha vendido cerca de 20 milhões de discos no país durante a vida de Renato. Mais de uma década após sua morte, a banda ainda apresenta vendagens expressivas de seus discos



FRASES SE RENATO RUSSO



A felicidade mora aqui comigo até segunda ordem.

..É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há...

Eu sei

Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também[...]

QUANTAS CHANCES DESPERDICEI QUANDO O QUE EU MAIS QUERIA ERA PROVAR PRA TODO MUNDO QUE EU NÃO PRECISAVA PROVAR NADA PRA NINGUÉM 

Quando tudo está perdido sempre existe um caminho, quando tudo está perdido sempre existe uma luz.

" Quem me dera ao menos uma vez... Provar que quem tem mais do que precisa ter, quase sempre se convence que não tem o bastante... e fala demias por não ter nada a dizer!"

...Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim...

Não preciso de modelos

Não preciso de heróis

Eu tenho meus amigos


"Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito."

Mentir pra se mesmo é sempre a pior mentira.








11 de outubro,de 2011 completam-se 15 anos da morte de Renato Manfredini Jr, o Renato Russo. Tempo suficiente para sentirmos a falta que faz para a música brasileira um de seus mais brilhantes compositores e intérpretes.
Para os fãs, o luto que se estende representa um hiato da genialidade do músico. Para a família e amigos, a perda representa a saudade da pessoa, do ente querido. Mas, para todos, a ausência de Renato significa a falta de alguém que diga o que se quer ouvir. Porque assim eram as suas músicas: a palavra certa, na hora exata, do jeito mais sublime.
Nascido no Rio Janeiro, em 1960, Renato nos deixou muito cedo – o que parece ser o destino dos ídolos que se tornam mitos. Nas sua curta passagem, no entanto, nos presenteou com uma extensa lista de músicas marcantes, que foram (e continuam sendo) a trilha sonora de muitas vidas, de muitos amores, de alegrias e dissabores.
Sua música continua atual. Sua história é continuamente recontada. O homem se confunde com o mito e ambos se mantêm no imaginário coletivo. Neste ano Renato foi homenageado no Rock In Rio em um show dos parceiros de Legião, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Há um filme sendo produzido sobre sua vida, além de outros baseado em sua obra.
A equipe de Faroeste Caboclo presta aqui uma homenagem ao músico, ao homem, ao mito – que nos inspirou e continua inspirando. Afinal, “se fosse só sentir saudades, mas tem sempre algo mais”…
Suas canções se eternizaram e até hoje são lembradas.
Para o filho Giuliano Manfredini, que tinha sete anos quando o cantor morreu, ficam as lembranças de outras pessoas sobre seu pai e a frustração por isso.
- É muito injusto ter as lembranças contadas pelos outros. As pessoas que você nem conhece têm a lembrança de seu pai que você não tem.
Em conversa com o R7, Giuliano falou sobre a responsabilidade que precisa enfrentar por ser filho de um ícone que marcou gerações. Hoje trabalhando com produção de shows e eventos, o jovem tenta passar os ensinamentos de seu pai aos seus trabalhos.  
- A influência que tem o nome do meu pai afeta diretamente a minha vida. Aproveito disso para fazer algo maior. Para unir o nome dele com as minhas ideias. E isso acaba virando algo mágico. É místico ter ele como referência.
A frente da empresa de eventos Mundano, em Brasília (DF), Giuliano está produzindo seu primeiro grande festival, que neste final de semana levará 20 bandas a Praça da Fonte, em Brasília, entre eles os americanos do Bad Religion, os uruguaios do Motosiera e a banda italiana Clan Bastardo. O evento será de graça, ao ar livre.
Segundo Giuliano, o evento vai homenagear Renato Russo, além de Redson, vocalista e fundador do Cólera, que morreu no último dia 27 e iria se apresentar no festival.
- É uma homenagem artística ao meu pai. É um jeito de passar a mensagem dele. Passar para frente tudo o que ele tinha como ideal.
Para o jovem, falta no rock atitudes como as de seu pai de usar o rock como algo de conteúdo e com embasamento em ideais.
- Falta atitude no rock 'n'roll. Falta caras como meu pai e como o Cazuza.
Carinho dos fãs
Um pouco mais melancólica nesta terça por conta dos 15 anos de saudade do filho, Carminha Manfredini, a mãe do cantor, falou sobre o carinho que até hoje recebe do público, principalmente em datas marcantes como essa.
- O carinho do público com a gente [a família] é muito grande. É como se ele estivesse aqui. E, na verdade, ele está mesmo, pois ele deixou um trabalho muito bonito que permanece até hoje. Durante muitos anos ainda vamos ouvi-lo e concordar com as coisas que ele dizia. A humanidade vai e vem e são os mesmos sentimentos. Ele soube sentir, escrever e se expressar em suas músicas.
Com a atividade musical de Giuliano, Carminha se vê novamente vivendo a apreensão da época de Junior (modo como chama Renato Russo). Ela conta que pai e filho não se parecem em nada na personalidade, somente no gosto pela música.
Com o Giuliano produzindo os festivais, ela sente como se começasse tudo novamente.
- Eu tinha pavor quando o Junior saía para os shows. Sempre fiquei muito apreensiva para que tudo desse certo. Isso está se repetindo agora. Ele [Giuliano] é muito confiante e quer que eu vá nos shows que ele faz. Mas eu sempre dou um jeito de fugir.





No início dos anos 1980, a cena musical brasileira foi invadida pelas bandas do Distrito Federal. Brasília, até então vista pelo resto do país como uma espécie de deserto cultural, mostrava subitamente uma arte própria, inquieta, e mais sintonizada com o coração da maioria dos jovens brasileiros que a produção dos centros mais tradicionais. O documentário Rock Brasília – A era de ouro, de Vladimir Carvalho, parte da ascensão estelar das mais famosas entre aquelas bandas (Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude) para investigar as relações entre música, espaço urbano, individualidade e imaginário coletivo.
Valdimir Carvalho é o cara do documentário tradicional, aquele que alterna depoimentos sobre determinado objeto com imagens do próprio objeto. Apesar disso, Rock Brasília é tudo, menos tradicional. Primeiro, porque as pessoas que entrevista são tudo, menos convencionais – um filme em que aparecem personalidades como Caetano Veloso, Dado Villas-Boas ou Dinho Ouro Preto não conseguiria ser careta nem se quisesse (o filme inclui entrevistas com Renato Russo, já que Carvalho vinha ruminando a ideia de um documentário sobre as bandas de Brasília bem antes da morte do cantor, compositor e poeta). Segundo, porque uma obra que inclui imagens como a do tumultuado show da Legião Urbana em 1988 nos fala necessariamente de conflito. Por último, porque o diretor não se limita a seguir sua própria receita – radicaliza nela e, ao fazê-lo, constroi filme cuja poesia transcende a força do que retrata.
O truque está na edição. Rock Brasília produz a nítida impressão de que presenciamos uma conversa contínua, em que cada depoimento parece a continuação do anterior, ou a resposta a ele. Aos poucos, como ocorre na conversa comum, um assunto vai puxando outro, sem qualquer interrupção. É como se os entrevistados não falassem com o entrevistador, mas uns com os outro, e conosco. Vai haver quem reclame que a estratégia fez da obra algo um pouco longo. Pode ser. Mas uma coisa é certa: Rock Brasília tem paixão suficiente para aguentar o tranco. E na maneira como vai crescendo em direção a seu final (ou depois dele, os títulos ao som de Tempo perdido), tem boas chances de empolgar muita gente na plateia.
Essa emoção pode vir de fontes distintas. Para quem foi jovem nos anos 1980 ou 1990, Rock Brasília é nítido filme de geração, levantamento histórico e afetivo de um tempo. Para quem já estava na estrada há mais tempo, ou começou a caminhar por ela depois (é bom lembrar que Renato Russo é ídolo de muita gente que nem havia nascido quando ele morreu em 1996), o filme traz surpresas. Diante de nós, temos pessoas comuns, vistas por elas mesmas, seus amigos e parentes, que foram subitamente atiradas na roda-viva da indústria de espetáculos, mas não abandonaram a humanidade por causa disso. Se Rock Brasilia aborda o estrelato, não se importa com ele. Mais importante é o sentimento da mãe de Renato Russo, dizendo que até hoje finge, para si mesma, que seu garoto só foi ali no Rio e vai voltar a qualquer instante; ou do pai de Fê e Flávio Lemos, do Capital Inicial, a voz embargada, incapaz de falar sobre a falta que sente dos filhos artistas. Rock Brasília vence porque, mais do que falar de arte, sucesso ou cidades, trata de seres humanos.
Por Marcello Castilho Avellar, do Estado de Minas

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cleyde Yáconis: Grande Dama do Teatro, do Cinema e da Televisão



Cleyde Becker Iaconis, mais conhecida como Cleyde Yáconis, (Pirassununga, 14 de novembro de 1923)[1] é uma atriz brasileira.
Iniciou sua carreira no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) ao lado da irmã, a atriz Cacilda Becker. Tem um dos repertórios teatrais mais variados e ilustres da dramaturgia nacional. Para Cleyde, sempre foi normal a escalação para interpretar personagens de mais idade que a sua própria, talvez devido à sua voz de contralto e suas feições graves.
Participou ativamente em produções de teatro e televisão, mas em cinema atuou muito pouco em mais de meio século de carreira. Atualmente faz a divertida Dona Brígida Gouveia, na novela Passione, de Sílvio de Abreu, exibida pela Rede Globo. Dentre seus trabalhos na televisão, destacam-se Mulheres de Areia, Os Inocentes, Gaivotas, Ninho da Serpente, Rainha da Sucata, Vamp e Torre de Babel.
Em 29 de setembro de 2009, o antigo Teatro Cosipa Cultura passou a chamar-se Teatro Cleyde Yáconis, em homenagem à atriz que protagonizou a primeira peça montada na casa – O Caminho para Meca.
Em julho de 2010 se afastou de Passione por ter quebrado o fêmur. Voltou as gravações no dia 12 de Agosto.[2] Devido a complicações que teve no implante da prótese em seu fêmur, a atriz ficou afastada das gravações da novela por pelo menos 15 dias, segundo informações do jornal Extra do dia 26 de outubro de 2010.


Na televisão
 1966 - O amor tem cara de mulher - Vanessa (TV Tupi)
 1967 - Éramos Seis - Dona Lola (TV Tupi)
 1968 - A Muralha - bandeirante (participação) (TV Excelsior)
 1968 - Os Diabólicos - Paula (TV Excelsior)
 1969 - A menina do veleiro azul (TV Excelsior)
 1969 - Vidas em conflito - Ana (TV Excelsior)
 1970 - Mais Forte que o Ódio - Clô (TV Excelsior)
 1973 - Mulheres de Areia - Clarita Assunção (TV Tupi)
 1974 - Os Inocentes - Juliana (TV Tupi)
 1975 - Ovelha Negra - Laura (TV Tupi)
 1976 - O Julgamento - Mercedes (TV Tupi)
 1976 - Um Dia, o Amor - Maria Eunice (TV Tupi)
 1978 - Aritana - Elza (TV Tupi)
 1979 - Gaivotas - Lídia (TV Tupi)
 1980 - Um homem muito especial - Marta (Rede Bandeirantes)
 1981 - Floradas na Serra - Dona Matilde (TV Cultura)
 1981 - O fiel e a pedra (TV Cultura)
 1981 - O vento do mar aberto - Clara (TV Cultura)
 1982 - Campeão - Helena (Rede Bandeirantes)
 1982 - Ninho da Serpente - Guilhermina Taques Penteado (Rede Bandeirantes)
 1984 - Meus Filhos, Minha Vida - Adelaide (SBT)
 1985 - Uma Esperança no Ar (SBT)
 1990 - Rainha da Sucata - Isabelle de Bresson
 1991 - Vamp - D. Virginia
 1993 - Olho no Olho - D. Julieta
 1993 - Sex Appeal - Cecília
 1997 - Os Ossos do Barão - Melica Parente de Redon Pompeo e Taques (SBT)
 1998 - Torre de Babel - Diolinda Falcão
 2001 - As Filhas da Mãe - Dona Gorgo Gutierrez
 2004 - Um Só Coração - como ela mesma (participação)
 2006 - Cidadão Brasileiro - Dona Joana Salles Jordão (Rede Record)
 2007 - Eterna Magia - Dona Chiquinha (Francisca Finnegan)
 2010 - Passione - Brígida Gouveia[3]


No teatro
 O Caminho para Meca de Athol Fugard (2008)
 A Louca de Chaillot de Jean Giroudoux (2006)
 Cinema Eden de Marguerite Duras (2005)
 Longa Jornada Noite A Dentro de Eugene O'Neill (2002)
 Péricles, o Príncipe de Tiro de William Shakespeare (1995)
 As Filhas de Lúcifer de William Luce (1993) Mambembe de Melhor Atriz
 O Baile de Máscaras de Mauro Rasi (1991) Molière de Melhor Atriz
 A Cerimônia do Adeus de Mauro Rasi (1989)
 O Jardim das Cerejeiras de Anton Tchekov (1982)
 A Nonna (1980)
 Os Amantes de Harold Pinter (1978)
 A Capital Federal de Arthur Azevedo (produtora) (1972)
 Medeia de Eurípedes (1970)
 Édipo Rei de Sófocles (1967)
 O Fardão de Bráulio Pedroso (1967)
 As Fúrias de Rafael Alberti (1966)
 Toda Nudez Será Castigada de Nélson Rodrigues (1965) Molière de Melhor Atriz
 Vereda da Salvação de Jorge Andrade (1964)
 Os Ossos do Barão de Jorge Andrade (1963)
 Yerma de Federico García Lorca (1962)
 A Morte do Caixeiro Viajante de Arthur Miller (1962)
 A Escada de Jorge Andrade (1961)
 A Semente de Gianfrancesco Guarnieri (1961)
 O Pagador de Promessas de Dias Gomes (1960)
 O Santo e a Porca de Ariano Suassuna (1958)
 A Rainha e os Rebeldes de Ugo Betti (1957)
 Eurydice de Jean Anouilh (1956)
 Maria Stuart de Friedrich Schiller (1955)
 Leonor de Mendonça de Gonçalves Dias (1954)
 Assim É (Se lhe Pareçe) de Luigi Pirandello (1953)
 Ralé de Máximo Gorki (1951)
 Seis Personagens a Procura de um Autor de Luigi Pirandello (1951)
 Pega-Fogo de Jules Renard (1950)
 O Anjo de Pedra de Tennessee Williams (1950)


No cinema
 Bodas de Papel (2008)
 Célia & Rosita (2000) (curta metragem)
 Jogo Duro (1985)
 Dora Doralina (1982)
 Parada 88 - O Limite de Alerta (1977)
 Beto Rockfeller (1970)
 A Madona de Cedro (1968)
 Na Senda do Crime (1954)

Festival de Dança de Joinville




O Festival de Dança de Joinville é um festival de dança que ocorre anualmente no mês de julho na cidade de Joinville, Santa Catarina. Foi criado em 1983 pelo ex-bailarino catarinense Silvio Roberto Maia e a artista plástica Albertina Tuma e atualmente é considerado, pelo Livro Guinness dos Recordes, como o maior evento do gênero do mundo em número de participantes - cerca de 4.500 bailarinos. Cada edição do festival dura 11 dias. Junto com o festival, vários outros eventos acontecem, como a Mostra de Dança Contemporânea (não competitiva), o Festival Meia Ponta (para crianças), a Feira da Sapatilha, o Encontro das Ruas, Rua da Dança, Palcos Abertos e Passarela da Dança.
O evento é organizado pelo Instituto Festival de Dança de Joinville, uma organização social sem fins lucrativos.
Consagrado em 27 anos de edições ininterruptas, o Festival de Dança de Joinville é referência nacional e internacional para quem vivencia a dança. Por seu palco passaram jovens bailarinos e coreógrafos que hoje se destacam profissionalmente.
Desde sua primeira edição, em 1983, o Festival de Dança de Joinville somente cresceu, tornando-se um grande evento, com eventos e atividades simultâneas, da realização de mostras até cursos, oficinas e ações para a discussão de temas relacionados à dança, proporcionando um rico intercâmbio entre os participantes que vêm de todos os cantos do Brasil e do exterior. Para acomodar esta programação, o festival passou dos cinco dias da primeira edição para os atuais 11, e hoje é considerado pelo Guinness Book o maior festival de dança do mundo, fato reconhecido em 2005.












terça-feira, 26 de julho de 2011

Festival de Cinema Margarida de Prata

Margarida de Prata é um prêmio oferecido pela Conferência Nacional dos Bispos do


Brasil (CNBB) para filmes brasileiros que ressaltem valores humanos, éticos e espirituais, visando ampliar a consciência crítica e artística do público brasileiro. O prêmio foi instituído em 1967 por ideia de Hilda Azevedo, no Rio de Janeiro. O Margarida foi concedido pela primeira vez para o filme "Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz" dirigido por Paulo Gil Soares, que em foi co-roteirista e assistente de direção de Deus e o diabo na terra do sol (1964) e co-roteirista e cenógrafo em Terra em transe (1967), de Glauber Rocha.












Categorias premiadas


 Melhor longa metragem (Acima de 100min)
 Melhor curta metragem (Até 15min)
 Melhor vídeo documentário

Festival de Cinema Paulínia

O Festival Paulínia é uma premiação de cinema brasileira, realizada no Theatro Municipal da cidade paulista de Paulínia (a 126 km da cidade de São Paulo) desde 2008.
História
O Festival Paulínia é umas das inciativas do programa Paulínia Magia do Cinema, do governo municipal, que visa o desenvolvimento de uma nova atividade econômica na região, baseada no ramo cinematográfico. A mostra competitiva conta com longas-metragens brasileiros de ficção e documentários. Também são exibidos curtas-metragens nacionais e regionais. As sessões são gratuitas e abertas ao público.
Premiação
O vencedor do festival recebe o Troféu Menina de Ouro e prêmios em dinheiro que, somados, chegam a R$ 650 mil.
Edição 2008
O I Festival Paulínia de Cinema foi realizado entre os dias 5 e 12 de julho de 2008, onde foram apresentados filmes nacionais inéditos - como Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins, "Feliz Natal", deSelton Mello, e "Era uma vez...", de Breno Silveira - e produções de sucesso.


Edição 2011
Longa-Metragem
Categoria Escolhido Notas
Melhor Filme Febre do Rato
de Cláudio Assis

Prêmio Especial do Juri Trabalhar Cansa
de Juliana Rojas e Marco Dutra

Melhor Direção - Ficção Selton Mello
Por O Palhaço

Melhor Direção - Documentário Maíra Buhler e [[Matias Mariani
Por Ela Sonhou Que eu Morri

Melhor Ator Irandhyr Santos
Por Febre do Rato

Melhor Atriz Nanda Costa
Por Febre do Rato

Melhor Ator Coadjuvante Moacir Franco
Por O Palhaço

Melhor Atriz Coadjuvante Maria Pujalte
Por Onde Está a Felicidade? (de Carlos Alberto Riccelli)

Melhor Roteiro Selton Mello e Marcelo Vindicatto
Por O Palhaço

Melhor Fotografia Walter Carvalho
Por Febre do Rato

Melhor Montagem Karen Harley
Por Febre do Rato

Melhor Som Gabriela Cunha, Daniel Turini e Fernando Henna
Por Trabalhar Cansa

Melhor Direção de Arte Renata Pinheiro
Por Febre do Rato

Melhor Trilha Sonora Jorge Du Peixe
Por Febre do Rato

Melhor Figurino Fábio Namatame
por O Palhaço (de Selton Mello )

Melhor Documentário Rock Brasilia - era de ouro
de Vladimir Carvalho



Festival de Cinema de Gramado

Festival de Gramado é um festival de cinema do Brasil, realizado anualmente desde 1973 no Palácio dos Festivais na cidade gaúcha de Gramado. Desde sua 20a edição (1992), inclui não apenas produções brasileiras, mas também filmes de origem latina - donde sua designação oficial, "Festival de Cinema Brasileiro e Latino". Foi, na década de 1980, o mais importante festival de cinema do Brasil.
Oficializado pelo Instituto Nacional de Cinema (INC) em janeiro de 1973, o Festival do Cinema Brasileiro de Gramado teve seu ponto inicial nas mostras promovidas durante a Festa das Hortênsias, entre 1969 e 1971. O entusiasmo da comunidade artística nacional, da imprensa, dos turistas e dos gramadenses fez com que todos se engajassem num movimento com o objetivo de transformar a iniciativa num evento de caráter oficial. Foi assim que a Prefeitura Municipal de Gramado, a Companhia Jornalística Caldas Júnior, a Embrafilme, a Funarte e as secretarias de Turismo e de Educação e Cultura do Estado saíram em defesa da idéia e a tornaram realidade.
O 1º Festival do Cinema Brasileiro de Gramado aconteceu de 10 a 14 de janeiro de 1973, passando a realizar-se todos os anos - primeiramente no verão, depois nooutono e, a partir dos anos 90, no mês de agosto. As primeiras edições foram marcadas pelo sensacionalismo, a nudez e a crise das estrelas que disputavam a fama naserra gaúcha. Paralelamente, a disputa pelo Kikito - o Deus da Alegria - animava os debates, criava polêmicas e transformava a criação cinematográfica nacional no único assunto de artistas, realizadores, estudiosos de cinema, imprensa e público em geral. O festival firmou-se em tempos políticos duros - os anos 70 - driblando a censura.

Desde essa época Gramado transformou-se num palco que traduz as glórias e crises do cinema nacional. A partir dos anos 80, com o aprimoramento das discussões sobre arte e cultura nos espaços do festival, o evento conquistou naturalmente o título de um dos maiores do gênero no país. Reunindo um grande número de filmes e de pessoas que querem falar de cinema, criação, sonhos e possibilidades de fazer sempre mais e com qualidade, o festival é hoje um espaço indispensável para a divulgação, discussão, crítica e incentivo à criação cinematográfica nacional.


Prêmios

Filmes Brasileiros

 Melhor Filme
 Melhor Diretor
 Melhor Ator
 Melhor Atriz
 Melhor Ator Coadjuvaste
 Melhor Atriz Coadjuvastes
 Melhor Roteiro
 Melhor Edição
 Melhor Fotografia
 Melhor Canção Original
 Melhor Diretor de Arte
 Prêmio Especial do Júri
 Prêmio do Júri Popular

Filmes Latinos

 Melhor Filme
 Melhor Diretor
 Melhor Ator
 Melhor Atriz
 Premio Especial do Júri
 Critics Award
 Premio do júri popular

Premios Especiais

 Troféu Oscarito
 Troféu Eduardo Abelin
 Comenda das Hortências

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Poesias de Cecília Meireles

Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"

Cecília Meireles

Poesias de Carlos Drummond de Andrade

Quero me casar

“Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar!”
(por Carlos Drummond de Andrade)



Amar
Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

De Alguma poesia (1930)

Carlos Drummond de Andrade

Poesias de Manuel Bandeira

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!
Manuel Bandeira



Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Manuel Bandeira


Estrela da Manhã

Eu queria a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda à parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noite
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com malandros
Pecai com sargentos
Pecai com fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto
Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
[comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás

Procurem por toda à parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.

Manuel Bandeira

domingo, 24 de julho de 2011

Fernando Pessoa ou Fernando em Pessoas






Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade,
De rosas —

Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!

Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta.

 

 

O menino da sua mãe  

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.
Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço...
Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.

              Fernando Pessoa


Pobre velha música!

Pobre velha música! 
Não sei por que agrado, 
Enche-se de lágrimas 
Meu olhar parado. 
Recordo outro ouvir-te, 
Não sei se te ouvi 
Nessa minha infância 
Que me lembra em ti.
Com que ânsia tão raiva 
Quero aquele outrora! 
E eu era feliz? Não sei: 
Fui-o outrora agora. 
Fernando Pessoa


Ela canta, pobre ceifeira

Ela canta, pobre ceifeira, 
Julgando-se feliz talvez; 
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia 
De alegre e anônima viuvez, 
Ondula como um canto de ave 
No ar limpo como um limiar, 
E há curvas no enredo suave 
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece, 
Na sua voz há o campo e a lida, 
E canta como se tivesse 
Mais razões pra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão ! 
O que em mim sente 'stá pensando. 
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando !
Ah, poder ser tu, sendo eu ! 
Ter a tua alegre inconsciência, 
E a consciência disso ! Ó céu ! 
Ó campo ! Ó canção !
A ciência Pesa tanto e a vida é tão breve ! 
Entrai por mim dentro ! Tornai 
Minha alma a vossa sombra leve ! 
Depois, levando-me, passai !

Fernando Pessoa







Quero,terei;
Se não aqui;
Noutro lugar que ainda não sei.
Nada perdi;
Tudo serei




AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.


O Guardador de Rebanhos


Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Com um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes,
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva toda.

Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Eu olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer coisa natural

Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

Alberto Caeiro




Trecho da Poesia SAUDAÇÃO A WALT WHITMAN Alvaro de Campos 


Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural, 
Ou de cabeça pra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento, 
No tecto natural da tua inspiração de tropel, 
No centro do tecto da tua intensidade inacessível. 

Abram-me todas as portas! 
Por força que hei-de passar! 
Minha senha? Walt&Whitman! 
Mas não dou senha nenhuma... 
Passo sem explicações... 
Se for preciso meto dentro as portas... 
Sim – eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas, 
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado, 
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar, 
E que há-de passar por força, porque quando quero passou Deus! 

Tirem esse lixo da minha frente! 
Metam-me em gavetas essas emoções! 
Daqui pra fora, políticos, literatos, 
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs, 
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida. 
O espírito que dá a vida neste momento sou EU! 

Que nenhum filho da puta se me atrevesse no caminho! 
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!