Renato Manfredini Júnior, nome artístico: Renato Russo (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996) foi um cantor e compositorbrasileiro.Até os seis anos de idade, Russo sempre viveu no Rio de Janeiro junto com sua família. Começou a estudar cedo no Colégio Olavo Bilac, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Nessa época teria escrito uma bela redação chamada "Casa velha, em ruínas…", que inclusive está disponível na íntegra. Em 1967, mudou-se com sua família para Nova Iorque pois seu pai, funcionário do Banco do Brasil, fora transferido para agência do banco em Nova York, mais especificamente para Forest Hills, no distrito do Queens. Foi quando Russo foi introduzido a língua e a cultura norte-americanas. Aos nove anos, em 1969, Russo e sua família voltam para o Brasil, indo morar na casa de seu tio Sávio numa casa na Ilha do Governador, Rio de Janeiro
.Em 1973 a família trocou o Rio de Janeiro por Brasília, passando a morar na Asa Sul. Em 1975, aos quinze anos, Renato começou a atravessar uma das fases mais difíceis e curiosas de sua vida quando fora diagnosticado como portador da epifisiólise, uma doença óssea. Ao saber do resultado, os médicos submeteram-no a uma cirurgia para implantação de três pinos de platina na bacia. Renato sofreu duramente a enfermidade, tendo que ficar seis meses na cama, quase sem movimentos. Durante o período de tratamento Renato teria se dedicado quase que integralmente a ouvir música, iniciando sua extensa coleção de discos dos mais variados estilos. Em entrevista, Russo teria alegado que este período fora determinante na formação de sua musicalidade.Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico, ao lado dos irmãos Felipe Lemos (Fê) (bateria) e Flávio Lemos (baixo elétrico),e do sul-africano André Pretorius (guitarra). O grupo durou quatro anos, de 1978 a 1982, terminando por brigas entre Fê e Renato. O Aborto Elétrico foi a semente que deu origem à Legião Urbana e ao Capital Inicial (formado por Fê e Flávio, junto ao guitarrista Loro Jones e ao vocalista Dinho Ouro-Preto).Após o fim do Aborto Elétrico, Renato começa a compor e se apresentar sozinho, tornando-se o Trovador Solitário. A fase solo durou poucos meses, até que o cantor se juntou a Marcelo Bonfá (baterista do grupoDado e o Reino Animal), Eduardo Paraná (guitarrista, conhecido como Kadu Lambach) e Paulo Guimarães (tecladista, conhecido como Paulo Paulista), formando a Legião Urbana, tendo Renato como vocalista e baixista.suas principais influencias eram as bandas de post punk que surgiram na epoca, especificamente, Renato Russo se espelhava no trabalho de Robert Smith, vocalista do The Cure e especialmenteMorrissey que era vocalista da banda The SmithsApós os primeiros shows, Eduardo Paraná e Paulo Paulista saem da Legião. A vaga de guitarrista é assumida por Ico-Ouro Preto, irmão de Dinho Ouro-Preto, que fica até o início de 1983. Seu lugar é assumido definitivamente por Dado Villa-Lobos (que criou a banda Dado e o Reino Animal com Marcelo Bonfá, Dinho Ouro Preto, Loro Jones e o tecladista Pedro Thompson). A entrada de Dado consagrou a formação clássica da banda.À frente da Legião, que contou com o baixista Renato Rocha entre 1984 e 1989, Renato Russo atingiu o auge de sua carreira como músico, sendo reconhecido como um dos maiores poetas do rock brasileiro, criando uma relação com os fãs que chegava a ser messiânica (alguns adoravam o cantor como se fosse um deus). Os mesmos fãs chegavam a fazer um trocadilho com o nome da banda: Religião Urbana/Legião Urbana. Renato desconsiderava este trocadilho e sempre negou ser messiânico.Renato Russo morreu pesando apenas 45 quilos, em consequência de complicações causadas pela Aids (era soropositivo desde 1989, mas jamais revelou publicamente sua doença).[1] Deixou um filho, Giuliano Manfredini, à época com apenas 7 anos de idade. O corpo de Russo foi cremado e suas cinzas lançadas sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx.No dia 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte do cantor, Dado e Bonfá, ao lado do empresário Rafael Borges, anunciaram o fim das atividades do grupo. Estima-se que a banda tenha vendido cerca de 20 milhões de discos no país durante a vida de Renato. Mais de uma década após sua morte, a banda ainda apresenta vendagens expressivas de seus discos
FRASES SE RENATO RUSSO
A felicidade mora aqui comigo até segunda ordem.
..É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há...
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há...
Eu sei
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também[...]
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também[...]
QUANTAS CHANCES DESPERDICEI QUANDO O QUE EU MAIS QUERIA ERA PROVAR PRA TODO MUNDO QUE EU NÃO PRECISAVA PROVAR NADA PRA NINGUÉM
Quando tudo está perdido sempre existe um caminho, quando tudo está perdido sempre existe uma luz.
" Quem me dera ao menos uma vez... Provar que quem tem mais do que precisa ter, quase sempre se convence que não tem o bastante... e fala demias por não ter nada a dizer!"
...Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim...
Não preciso de modelos
Não preciso de heróis
Eu tenho meus amigos
Não preciso de heróis
Eu tenho meus amigos
"Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito."
Mentir pra se mesmo é sempre a pior mentira.
11 de outubro,de 2011 completam-se 15 anos da morte de Renato Manfredini Jr, o Renato Russo. Tempo suficiente para sentirmos a falta que faz para a música brasileira um de seus mais brilhantes compositores e intérpretes.
Para os fãs, o luto que se estende representa um hiato da genialidade do músico. Para a família e amigos, a perda representa a saudade da pessoa, do ente querido. Mas, para todos, a ausência de Renato significa a falta de alguém que diga o que se quer ouvir. Porque assim eram as suas músicas: a palavra certa, na hora exata, do jeito mais sublime.
Nascido no Rio Janeiro, em 1960, Renato nos deixou muito cedo – o que parece ser o destino dos ídolos que se tornam mitos. Nas sua curta passagem, no entanto, nos presenteou com uma extensa lista de músicas marcantes, que foram (e continuam sendo) a trilha sonora de muitas vidas, de muitos amores, de alegrias e dissabores.
Sua música continua atual. Sua história é continuamente recontada. O homem se confunde com o mito e ambos se mantêm no imaginário coletivo. Neste ano Renato foi homenageado no Rock In Rio em um show dos parceiros de Legião, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Há um filme sendo produzido sobre sua vida, além de outros baseado em sua obra.
A equipe de Faroeste Caboclo presta aqui uma homenagem ao músico, ao homem, ao mito – que nos inspirou e continua inspirando. Afinal, “se fosse só sentir saudades, mas tem sempre algo mais”…
Suas canções se eternizaram e até hoje são lembradas.
Para o filho Giuliano Manfredini, que tinha sete anos quando o cantor morreu, ficam as lembranças de outras pessoas sobre seu pai e a frustração por isso.
- É muito injusto ter as lembranças contadas pelos outros. As pessoas que você nem conhece têm a lembrança de seu pai que você não tem.
Em conversa com o R7, Giuliano falou sobre a responsabilidade que precisa enfrentar por ser filho de um ícone que marcou gerações. Hoje trabalhando com produção de shows e eventos, o jovem tenta passar os ensinamentos de seu pai aos seus trabalhos.
- A influência que tem o nome do meu pai afeta diretamente a minha vida. Aproveito disso para fazer algo maior. Para unir o nome dele com as minhas ideias. E isso acaba virando algo mágico. É místico ter ele como referência.
A frente da empresa de eventos Mundano, em Brasília (DF), Giuliano está produzindo seu primeiro grande festival, que neste final de semana levará 20 bandas a Praça da Fonte, em Brasília, entre eles os americanos do Bad Religion, os uruguaios do Motosiera e a banda italiana Clan Bastardo. O evento será de graça, ao ar livre.
Segundo Giuliano, o evento vai homenagear Renato Russo, além de Redson, vocalista e fundador do Cólera, que morreu no último dia 27 e iria se apresentar no festival.
- É uma homenagem artística ao meu pai. É um jeito de passar a mensagem dele. Passar para frente tudo o que ele tinha como ideal.
Para o jovem, falta no rock atitudes como as de seu pai de usar o rock como algo de conteúdo e com embasamento em ideais.
- Falta atitude no rock 'n'roll. Falta caras como meu pai e como o Cazuza.
Carinho dos fãs
Um pouco mais melancólica nesta terça por conta dos 15 anos de saudade do filho, Carminha Manfredini, a mãe do cantor, falou sobre o carinho que até hoje recebe do público, principalmente em datas marcantes como essa.
- O carinho do público com a gente [a família] é muito grande. É como se ele estivesse aqui. E, na verdade, ele está mesmo, pois ele deixou um trabalho muito bonito que permanece até hoje. Durante muitos anos ainda vamos ouvi-lo e concordar com as coisas que ele dizia. A humanidade vai e vem e são os mesmos sentimentos. Ele soube sentir, escrever e se expressar em suas músicas.
Com a atividade musical de Giuliano, Carminha se vê novamente vivendo a apreensão da época de Junior (modo como chama Renato Russo). Ela conta que pai e filho não se parecem em nada na personalidade, somente no gosto pela música.
Com o Giuliano produzindo os festivais, ela sente como se começasse tudo novamente.
- Eu tinha pavor quando o Junior saía para os shows. Sempre fiquei muito apreensiva para que tudo desse certo. Isso está se repetindo agora. Ele [Giuliano] é muito confiante e quer que eu vá nos shows que ele faz. Mas eu sempre dou um jeito de fugir.
No início dos anos 1980, a cena musical brasileira foi invadida pelas bandas do Distrito Federal. Brasília, até então vista pelo resto do país como uma espécie de deserto cultural, mostrava subitamente uma arte própria, inquieta, e mais sintonizada com o coração da maioria dos jovens brasileiros que a produção dos centros mais tradicionais. O documentário Rock Brasília – A era de ouro, de Vladimir Carvalho, parte da ascensão estelar das mais famosas entre aquelas bandas (Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude) para investigar as relações entre música, espaço urbano, individualidade e imaginário coletivo.
Valdimir Carvalho é o cara do documentário tradicional, aquele que alterna depoimentos sobre determinado objeto com imagens do próprio objeto. Apesar disso, Rock Brasília é tudo, menos tradicional. Primeiro, porque as pessoas que entrevista são tudo, menos convencionais – um filme em que aparecem personalidades como Caetano Veloso, Dado Villas-Boas ou Dinho Ouro Preto não conseguiria ser careta nem se quisesse (o filme inclui entrevistas com Renato Russo, já que Carvalho vinha ruminando a ideia de um documentário sobre as bandas de Brasília bem antes da morte do cantor, compositor e poeta). Segundo, porque uma obra que inclui imagens como a do tumultuado show da Legião Urbana em 1988 nos fala necessariamente de conflito. Por último, porque o diretor não se limita a seguir sua própria receita – radicaliza nela e, ao fazê-lo, constroi filme cuja poesia transcende a força do que retrata.
O truque está na edição. Rock Brasília produz a nítida impressão de que presenciamos uma conversa contínua, em que cada depoimento parece a continuação do anterior, ou a resposta a ele. Aos poucos, como ocorre na conversa comum, um assunto vai puxando outro, sem qualquer interrupção. É como se os entrevistados não falassem com o entrevistador, mas uns com os outro, e conosco. Vai haver quem reclame que a estratégia fez da obra algo um pouco longo. Pode ser. Mas uma coisa é certa: Rock Brasília tem paixão suficiente para aguentar o tranco. E na maneira como vai crescendo em direção a seu final (ou depois dele, os títulos ao som de Tempo perdido), tem boas chances de empolgar muita gente na plateia.
Essa emoção pode vir de fontes distintas. Para quem foi jovem nos anos 1980 ou 1990, Rock Brasília é nítido filme de geração, levantamento histórico e afetivo de um tempo. Para quem já estava na estrada há mais tempo, ou começou a caminhar por ela depois (é bom lembrar que Renato Russo é ídolo de muita gente que nem havia nascido quando ele morreu em 1996), o filme traz surpresas. Diante de nós, temos pessoas comuns, vistas por elas mesmas, seus amigos e parentes, que foram subitamente atiradas na roda-viva da indústria de espetáculos, mas não abandonaram a humanidade por causa disso. Se Rock Brasilia aborda o estrelato, não se importa com ele. Mais importante é o sentimento da mãe de Renato Russo, dizendo que até hoje finge, para si mesma, que seu garoto só foi ali no Rio e vai voltar a qualquer instante; ou do pai de Fê e Flávio Lemos, do Capital Inicial, a voz embargada, incapaz de falar sobre a falta que sente dos filhos artistas. Rock Brasília vence porque, mais do que falar de arte, sucesso ou cidades, trata de seres humanos.
Por Marcello Castilho Avellar, do Estado de Minas