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sábado, 12 de junho de 2021

Alexandrina,minha inesquecível babá

(In memória á minha querida babá)


-Não passeio pelo pretérito, senão quando as lembranças,

Que por lá se escondem, reportam-me á alegrias vividas...

O pretérito nem sempre nos é conveniente cascavilhá-lo.

Mas por lá,também,há algumas recordações que valem a pena.

Serem rememoradas – frequentemente -  quando tecidas de

Inenarrável ternura... Caso de minha babá Alexandrina!

 

-Babá Alexandrina é uma dessas lembranças gostosas vez que

Se fez pra mim e para todos a seu redor, a vida inteirinha, ternura.

Alexandrina pajeou-me até os 7anos, bem como aos meus irmãos,

Charles, Luis Carlos e Zoya. Fora babá de minha mamãe também.

Depois de algumas arrelias familiares, só a vi em minhaa dolescência. Daí pra frente não a perdi mais de vista. Ela morava no Rio de Janeiro com meus familiares... E eu em Sampa (SP). Mas, vez por outra, eu dava uma fugidinha - como canta Michel Teló -  e pronto, lá estava eu abraçando-a,beijando-a, e fazendo-a rir pra dedeu – como diz o carioca – pra mim ela era o motivo precípuo , de minhas constantes idas ao Rio de Janeiro,pelo qual nunca morri-me de grandes amores,nem um tiquim sequer.

 

-Minha querida babá – Alexandrina – era de uma pureza d’alma tão grande que, ás vezes chegava ás raias da santa ingenuidade. Isto me encantava! Veja só, um dia á noite, ao retorna da Missa Dominical, da qual nunca se furtara em ir, nem que caísse uma tempestade de raios,relâmpagos e o que mais o valha,ela voltava radiante de alegria, como nunca a vira. Então...debochadamente lhe perguntei: 

- Nossa babá, arranjou um namorado, véia?

Não meu filho, descobri hoje, que sou analfabeta? 

Uma amiga me disse isso hoje! Coitada, nem percebera de que maneira a tal amiga lhe dissera a triste realidade!

 

-Um dia, de manhã, em plena aula, senti um aperto estranho no coração, e logo terminada aula, pedi á minha coordenadora, Da Bethy,que me dispensa-se porque eu não estava me sentindo bem. Disse-lhe também, que não garantia minha presença no dia seguinte. Saí dalí, diretamente, para o aeroporto. Tomei um Eletra e, em 45m estava pousando no Santos Dumont (RJ). Assinalei pra um taxi e dirigi-me a Botafogo, rua Farani 3,prédio onde minha mamãe e todas suas irmãs moravam, cada uma em sua Kitnet. Como todas as tias estavam trabalhando...exceto  tia Zeneida vez que era aposentada, fui direto á casa dela. Estava de saída para visitar a babá, no hospital filantrópico, em que ela estava internada, muito mau de saúde. Tia Zeneida disse-me: - quer ir vê-la, meu filho?  Respondi-lhe: - Tia, acho que vim pra isto. Tomamos um ônibus, e durante o percurso contei-lhe sobre minha sensação estranha. Isto me era habitual. Sempre ocorria comigo, quando - como que uma premonição - alguém que me fosse muito caro estivesse prestes a partir pra eternidade! Chegamos, entramos, e logo me deparei com minha babá prostrada sobre um catre enferrujado, de um hospital paupérrimo, á época não existia o nosso SUS... Retive as lágrimas, beijei-lhe a fronte venerável, e logo notei as muitas escaras em seu corpinho, moribundas... Elas rescendiam um mau cheiro, insuportável! O calor era incandescente. Enfim, era pleno verão no Rio. Em seguida, chamei-a, abaixando-me bem ao seu ouvido. Ela logo abriu seus olhinhos marejados, quiçá, de alegria por eu ali a seu lado. 

Olho-me sorridente,apertou-me a mão, suspirou, profundamente,e partiu lá pras bandas do céu,tão anelado por ela. Imediatamente levaram seu corpinho para o necrotério do hospital. A direção do Velho hospital, inteiradas vezes, nos exigiu que a tirássemos de lá imediatamente, porque, com o calor absurdo daquele dia, provavelmente, o corpo de minha babá, no máximo em 2h, apodreceria! Eu e minha ficamos atordoados, por instantes, com a falação do tal administrador.

 

-Porém, de repente, duas serviçais do hospital, que higienizavam seu corpo inerte, disseram-nos: -  Gente, o corpo de Da Alexandrina não tem mais nem uma escara! - Sua pele está que nem pele de u,a bebê! – Seu corpo não exala mais nau cheiro! Então, eu , titia e o dito impertinente,sem hesitar, constatamos o tal fato fenômeno, boquiabertos vez que, no lugar do mau cheiro, o corpo dela exalava um odor suave e constante de jasmim.(Esse cheiro de jasmim foi constante até seu sepultamento)

-Nesse ínterim, foram chegando suas companheiras de Igreja; - suas amigas da rua onde morava, e meus familiares para velá-la. Todos e todas perplexos, com o cheirinho gostoso, de jasmim. Além do mais, acredite se quiser, a coisa mais linda foi a visita inesperada, de um enxame de minúscula abelhinhas (Frieseomelitta díspar) que sobrevoaram seu cadáver durante as 24h de velório. É, só pra

contrariar o impertinente do administrador, a funerária que conseguimos,só podia fazer seu sepultamento no dia seguinte. Exatamente, 24h após seu falecimento!

Babá Alexandrina, que nem a beata Nhá Chica,era intima das coisa do Céu! Ou seja: - Amou, amou, e amou sem limites!

 

Romildo Ernesto de L Mendes – 07/06/2021

 

 



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