-Desvestido de
qualquer inspiração poética
Tentei mesmo
assim aplacar de algum jeito
A ira da
silenciosa musa nesse agora de mim tão arredia:
- Abri
apressado a janela que dá pra minha varandinha
E pus-me a
contemplar completamente encantado
A belezura de
um velho pé de ipê lilás em flores
- Que da dita
janela bem se podia vislumbrá-lo extasiado –
Só pra
instigar de alguma maneira à tão arredia musa...
-Logo então
prorrompi em ternas lembranças
Que ao fluírem
borbulhantes à beça
- Como se fora
um caudaloso rio -
Fizeram-me
resvalar de pronto de corpo e alma
Por saudosas e
deliciosas recordações sem fim:
- A decida
íngreme da rua Caiubi/ em Sampa...
- A porta
sempre fechada que durante anos abri...
- O
apartamento aconchegante onde por anos vivi
Rodeado por
graciosas flores-mulheres silvestres
E porquanto
orvalhado pelo frescor inenarrável
Do belo
Araguaia distante...
-Flores-mullheres generosíssimas
Pois sempre foram assiduamente presentes
Em meu
irrequieto caminhar à época da juventude
- Tão sem rumo
nem sequer prumo algum -
E porque
sempre aos amanheceres douravam-se
De muita
ternura e incontáveis gentilezas
Para tentarem
acalentar-me à beça
Em meus
irrequietos dias...
Plenos de
utopias!
-Flores-mulheres boníssimas
Pois sempre
foram muito presentes
Em meu
irrequieto caminhar tão juvenil
E também porque
em todos os anoiteceres
Sob o argênteo
clarão do raríssimo luar de Sampa
Elas sempre se
permitiam enluarar-se de alegria
Só pra
alumiar-me os malvistos rastros abusados
De meus
desvairados sonhos...
-Flores-mulheres
amorosíssimas
- Sempre efetivamente
presentes
Em meu
irrequieto caminhar tão juvenil -
Saibam vocês criaturas de coração lindo
Que ainda hoje
e quiçá sempre quem sabe
Irão perfumar-me
os dias de saudades tantas...
-Ah minhas
amadas flores-mulheres silvestres
Do belo
Araguaia distante... Quanta beleza!
Quanta saudade
desescondida!
RELMendes –
04/07/2010
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