Oferecimentos
A
todos que gostam de ler
Meus
singelos bregueços literários.
Agradecimentos
A
Deus que me concedeu a oportunidade de poder escrever “estas mal traçadas
linhas”
(
Renato Russo)
Sumário
Capitulo 1
Há algo em comum, entre o pequi e o sertanejo!
Capitulo 2
Sertanejo que é sertanejo, é um irritante brincalhão!
Capitulo 3
Portanto, cantemos louvores à mulheres sertanejas
Capitulo 4
Emborcando-me sobre hilárias lembranças da casa paterna!
Capitulo 5
Quebrando paradigmas: - Pasmem... Filhos e parentes, ( com raras e belíssimas exceções ), são infelizmente, os maiores infratores das normas legais do “Estatuto do Idoso” e da “Lei de Deus”!
Capitulo 6
Capitulo 1
Há algo em comum, entre o pequi e o sertanejo!
Capitulo 2
Sertanejo que é sertanejo, é um irritante brincalhão!
Capitulo 3
Portanto, cantemos louvores à mulheres sertanejas
Capitulo 4
Emborcando-me sobre hilárias lembranças da casa paterna!
Capitulo 5
Quebrando paradigmas: - Pasmem... Filhos e parentes, ( com raras e belíssimas exceções ), são infelizmente, os maiores infratores das normas legais do “Estatuto do Idoso” e da “Lei de Deus”!
Capitulo 6
A “Serra da
Piedade” e o noviço estrambelhado
(O exato
momento em que eu recebia o hábito de noviço dominicano em BH.)
Capitulo 7
Frei Jordão, o alegre confessor do Noviço esparolado
Capitulo 7
Frei Jordão, o alegre confessor do Noviço esparolado
PRÓLOGO
Se o morto está vivo, certamente, tem muitas
histórias cabeludas pra contar. Então, vai abrir a boca, doa a quem doer!
Resposta a uma mocreia intrometida:
Lançaram-me
às sombras do esquecimento,
E,
inesperadamente, resurgi como “a fênix” ao lança meu primeiro livro ( Polêmico,
revelador e ireverente).
É
consuetudinário, por estas bandas de cá, dar-se sumiço às pessoas que, de uma
forma ou de outra, se propõem a contrariar interesses escusos de alguns guetos
familiares dessas paisagens do agreste.
Isto
talvez ainda ocorra, porque esses maquiavélicos tecelões da maldade humana não
querem se aperceber que a bondade, a ternura e a verdade, sempre suplantarão o
mal. É só questão de tempo.
Recado
à “medusa oxigenada do agreste”:
Se
segundo, Guimarães Rosa, “ O sertão é do tamanho do mundo”, então, tem lugar
pra todos nós...
-
portanto, daqui não saio, daqui ninguém me tira, porque o sertão é muito sedutor!
Sertão Sedutor
Não sei por que...
Melancólico,
Ponho-me a escarafunchar
Vínculos com o sertão...
Não sei por que
Persisto em viver aqui,
Nesse lindo sertão.
Assunta só!
Tá me saltando da boca
A vontade louca de responder:
Há motivos sedutores de sobra...
Que me fazem
Aqui permanecer!...
Assunta só!
Aqui me afinquei,
( quer queiram ou não!)
E afincado aqui
Vou ficar...
Até que aprouver a Deus
Para o Céu me chamar!...
Assunta só!
Enquanto houver nesse sertão:
Ternos nas folias de reis...
Festas de São Benedito...
São João e São Pedro,
Catopês... Marujadas e Caboclinhos,
Carne de sol, pão de queijo...
Feijão tropeiro e pequi...
Som de viola enluarada,
Cantigas de “Seresta”...
E o luar... a alumiar e a clarear estradas
Por onde eu deva passar...
É claro que vou ficar aqui!
Assunta só!
Vou ficar sim...
Mas, só enquanto existir por aqui:
“Veredas” refrescantes muitas...
E frutos diversos do cerrado
(Umbu, coquinho, mangaba,
Buriti, panã e pequi...)
Pra gente saborear!...
Assunta só!
Pode ter certeza,
Mantido o ecossistema,
Persisto em ficar aqui...
Cravado nesse lindo rincão!...
Assunta só!...
Vou ficar aqui sim...
Porque nesse belo “Sertão,”
É onde se planta vida...
É onde se enterra o corpo,
E é onde se espera contente...
A dita ressurreição!
Montes Claros (MG), 22-11-2011 RELMendes
CAPITULO 1
Há algo em comum...
entre o pequi e o
sertanejo!
- o que será que eles têm em comum?
Ah! eureca: - os espinhos!
O pequi os esconde sob sua poupa dourada e saborosa!
O sertanejo os esconde sob os sorrisos fartos e a aparente ingenuidade!
Tanto o pequi, quanto o sertanejo, escondem os espinhos com imensa maestria!
Vejamos, agora, o recado ao leitor que dá sequencia a esta explanação, o passo a passo do raciocínio do qual me utilizei para chegar a uma conclusão tão espinhosa:
Matreírice de Caipira, Uai!
Ouvir e escutar...
As prosas debochadas
Do caipira deste sertão,
É bom demais da conta,
Promove total inclusão!...
Caipira ou roceiro,
Como o queiram chamar,
O catrumano não é besta,
Ao contrario, é muito sabichão!...
Catrumano ressabiado,
Aparente sofredor,
É ave de rapina...
A espreitar a presa desavisada
Que dele se compadece,
Que dele se aproxima!
Cuidado com o caipira,
Porque ele é muito matreiro!
Se a gente der bobeira,
O pobre e triste capiau
Passa-nos à perna sorrindo...
Sem hesitar por um só momento,
Sem sentir nenhum dó...
Sem sentir nenhuma pena
Do caridoso sujeito.
Montes Claros (MG), 20-11-2011
RELMendes
Recado ao leitor:
ATENÇÃO:
Se quiseres saborear o delicio pequi sem correr o risco de teres a língua perfurada por seus terríveis e dolorosos espinhos, roa-o superficialmente. Não o mordas jamais!
Senão, vais ver o que é bom pra tosse.
- Não d`outra forma, se te dispuseres a conviver com o ressabiado sertanejo, trate-o com delicadeza e muita gentileza. Senão verás o eclodir de sua terrível ira!
E tenhas o dito!
CAPITULO 2
Sertanejo que é sertanejo,
é um irritante brincalhão!
Veja só que pilérias
irônicas:
1 - San
Remigio do Catajiló,
(Uma cidadezinha porreta!)
Segundo
Bertolo Brecha
A
sua querida San Remigio do Catajiló
É
uma cidadezinha qualquer
Como
todas as demais do mundo.
( Sempre “o mais do mesmo”!)
Tem
mais de 400.000 habitantes
E,
geograficamente, está situada
No
Rincón de San Cucufato Limpo,
Uma
bela região localizada
Entre
a “Toca do Curupira e a Cratera do
Bacurau”!
Aqui,
diz Bertolo Brecha:
A
gente usa uai pode, uai pede e uai fo--!
Viu
como, tecnologicamente...
A
gente aqui é atualizado?!
Então
visite a gente sempre que puder!!!
E
prossegue sua curiosa explanação:
Aqui
a gente se veste do mesmo jeito;
( Chapéu e precata de couro cru!)
A
gente só fala das mesmas coisas;
(Regurgita-se maledicências...
E empanturra-se de inveja,
Uns dos outros!!!
Ora,
mas a gente se exalta a nós mesmos,
Porque
a gente é especialista em jactância,
E
embora a gente não se tolere na realidade,
Nesse
nosso gueto, a gente depende muito,
Uns
dos outros...claro!
(Desculpe-nos, é coisa do interior!);
Aqui
só comemos as porcarias daqui mesmo
(oiti, seriguela,macaxeira, jabá,tapioca...)
Mas
arrotamos caviar...
E
peidamos feijão tropeiro!
(Nisto está a diferença da gente...ora pois,
pois!)
E
como a gente é muito chique...
Com
perdão da palavra:
“On
va faire les excrement au bord de la rivière”!
(A
gente caga na beira do rio mesmo!)
Intão
inté,despediu-se o nosso entrevistado!
Bom...depois
do que vi e ouvi,
Logo...logo
voltarei a entrevistá-lo
Porque
quero saber o que acha do seu bairro!
Kkkkkkkkkkkkkkkk
(Qualquer
semelhança, é mera coincidência!)
Montes
Claros (MG), 13-02-2014
RELMendes
Fazendo
composição
(Como bem antigamente... ora!)
MEU BAIRRO
(e seus encantos!)
O meu bairro
situa-se na cidade
De São Remígio
do Catajiró,
(Rincón De San
Cucufato Limpo)
E se chama:
ESPLANOSA!!!
(Mas
não é a Esplanada dos MINISTÉRIOS,
graças a DEUS!)
Gosto muito do
meu bairro por que:
Todas as
mulheres se parecem com a BRANCA DE NEVE,
(
pintam sempre os cabelos com tablete Sto Antonio!)
Chique, né
não?! kkkkkkkkk
Tem muitas
lojas bregas chique
(É uma
baranguice de dá dó!)
Tem boteco prá
dá com pau
(E
cachaceiro... já viu, né? )
Portanto...
Como não falar
do desagradável somzão?
( Das
balalaicas e dos agogôs....gente!)
Ah!...Tem
também venda...vendinha...vendão
(Bodega
mesmo, que nem bem antigamente!)
E eu
gooooosto, viu?
Tem um posto
policial supimpa,
(Só na
base do prende e solta, assim manda a lei,né?!)
Tem um “posto
de saúde” todo pintadinho de azul,
Lindinho
mesmo!
(Só prá
enganar os tolos, pois lá, não tem nem” óleo de rícino”!)
Tem uma
pracinha sem coreto,
Que pena!
(Mas é
lá que as crianças e adolescentes brincam,
E os
jovens namoram!)
Enfim, tem
tudo que se possa pensar e desejar:
Padarias...
restaurantes... três ou quatro pharmácias
E... muitas
vielas asfaltadas, inclusive a minha!
(Buracos... tá sobrando, e a catinga de lixo abunda!)
Bom, até a
próxima!!!
( Qualquer
semelhança é mera coincidência!)
BERTOLINHO
BRECHA
Montes Claros
(MG), 17-02-2014
RELMendes
Capitulo 3
O
sertão é tão matriarcal, mas... tão matriarcal, que penso ser ele um andrógeno - meigo - disfarçado de super homem!
Portanto, cantemos
louvores à mulheres sertanejas:
1- Dalira... uma sertaneja guerreira!
(Poecrônica)
Para
se bordar um poema
Que
descreve em versos
A
imagem densa e terna de Dalira,
(
uma valente sertaneja!)
É
preciso ser curioso,
Estar
atento,
E
recolher...
Nas
conversas dos filhos,
Parentes
e amigos,
Retalhos
de sua vida
Que
sejam referências
Para
se tentar esboçar
Um
esfumaçado perfil literário
De
tão guerreira mulher...
Secundária
dentre as quatro filhas fêmeas de seu Nego,
Que
era pai de mais sete filhos machos,
Dalira
era uma cunhã de latente formosura,
Como
tantas outras flores do agreste pacuiense.
Dalira
era só um cadim de gente,
(
no tamanho!),
Mas
um mulherão de coragem
Na
lida cotidiana
E
na lealdade à família.
Ainda
muito jovem
(
pela belezura conhecida)
Seduziu
o ciumento, Santos dos Santos,
Um
faceiro rapaz sertanejo de São João do Pacuí,
Com
quem conviveu até o final dos dias
Que
a vida a ela concedeu,
Pois
era mulher de um só homem,
Pra
felicidade do sortudo marido!...
E
para alegria do dito companheiro,
Seis
filhos, Dalira lhe deu:
Zé,
Beire, Kela, Lilo, Deo e Daniel,
Sem
contar um tantão de netos
E
o Marlon Gabriel,
Bisneto que não conheceu.
Como
Cora Coralina
Que
quebrou pedras e plantou flores,
Se
há gratidão em algum
coração,
Também
há quem ainda se lembra
De
que Dalira quebrou coco de macaúba,
Plantou
flores em torno da casa
E
no quintal hortaliças...
Versos...
Ela
não os escreveu no caderno,
Mas
os anotou e os bordou
Na
memória e nas lembranças
Daqueles
que a conheceram.
Criou
os filhos dela,
E
os dos outros também!
Partilhou
sua casa,
(
acolhendo nela. parentes e amigos),
Costurou!...
Costurou a vida inteira!
(
Pra poder alimentar a prole dela...ora!)
Eis
ai a saga de uma mulher
(
valente e guerreira!)
Que
conheceu a tristeza,
A
felicidade e a alegria
E
depois de muito lutar,
Adormeceu
profundamente,
Deixando-nos
muitos legados
De
generosidade e sabedoria,
E
uma saudade sem fim!...
Montes
Claros(MG), 24-04-2012
RELMendes
Capitulo 4
Emborcando-me sobre
hilárias lembranças da casa paterna!
Era
uma casa muito engraçada. Faltava de tudo, mas sobrava algazarra e muita
peraltice de seus inúmeros habitantes: filhos, netos, agregados e vários amigos,
que nela se instalavam sem data para partir.
Uma
esculhambação generalizada se instalara sob o telhado que cobria o velho
casebre de meu querido pai para torna-lhe os dias mais suportáveis, já que um
AVC o debilitará, sem pena e sem dó!
Mas
nessa casa muita engraçada, ocorria também, muita patifaria, porque nela havia
muito cacique pra pouco índio.
A
época em que o AVC o acometera década de 80, eu morava em SAMPA, mas vez por
outra, o seja, duas vezes por mês eu vinha visitar o meu querido velho, aquele cara
meigo e violento que amou todas mulheres e morreu, entre gardênias e outras
“cositas más”, na rua camélia 16, bairro Santo Expedito, hoje bairro sagrada
família.
Nessas
minhas muitas idas e vinda para visita-lo, sempre flagrava cenas muito
hilárias: - certa feita, ao chegar inesperadamente, encontrei a tribo toda, inclusive
meu velho, reunida na sala de visita, a gargalhar despudoradamente. Então,
perguntei-lhes:
-
Por que tanta algazarra gente?
Depois,
de muitos tapas e beijos de cumprimentos inúmeros, meu irmão mais novo me
contou o motivo:
-
É que, ao eu passar diante do ventilador que refrescava nosso pai, soltei um
pum bem fedido, e a catinga foi direto ao seu nariz, e ele pensou que tivesse
sido meu amigo que estava sentado à sua esquerda, e voltando-se para o menino,
disse-lhe em alto e bom som:
-
Tu tá podre!
Então,
soltei uma gargalhada espalhafatosa e disse a meu irmão:
-
Etá Guilherme, quando é que você irá deixar de fazer estas patifarias?
D`outra
feita, meu ônibus não sei porquê, se antecipou ao horário previsto para sua
chegada à Montes Claros. Destarte, tal fenômeno me possibilitou flagrar uma belíssima cena em que
a alegria de viver era protagonizada pelo meu velho pai.
Ainda
sonolento, vez que não durmo quando estou viajando, não percebi, de imediato,
que um taxi, trazendo meu velho para seu casebre, adiantara-se, ao meu, em
entrar no amplo pátio da frente de nossa casa muito engraçada. Surpreendi-me,
sobremaneira, ao perceber que o velho querido decera do taxi sozinho e aos berros:
-
Sou índio!
-Ha
ha há...
-
Sou índio!
Aproximei-me,
dele, sorrateiramente, e perguntei-lhe:
-
Posso saber o porquê de tamanha euforia?
Ele
olhou-me sorridente, abraçou-me...
E
disse-me apenas: - Sou índio!
Eu
perdia-me em curiosidades. Mas tive que esperar que “Mãe menininha do nosso
casebre” acordasse lá por volta das 19, 00 hs, para que ela me relatasse o
motivo de tamanha euforia do nosso amado velho.
Confesso
que o bendito mantra paterno – “eu sou índio!” - martelou-me
a mente durante o transcorrer do dia inteirinho, e transformou a espera
da noite num verdadeiro tormento, vez que cabia a mim conter a voraz curiosidade
que em mim pululava sedenta.
Enfim,
a noite chegara trazendo consigo a elucidação do bendito mantra do meu velho
querido:
-Eu
sou índio!
Tal
mantra significaria um grito de vitoria:
Tive,
num motel da Ponte Branca, uma excelente performance jovial.
Ah!
Meu querido velho era muito matreiro mesmo!
Bom...
o negocio é caciquear, porque filho de índio é curumim!
Durmam
com está!
Montes
Claros, (MG), 14-01-2015
RELMendes
Um trovador de
muitos afetos!...
(Meu pai)
Abeirando-me,
ressabiado,
Da
delicada vereda da saudade,
Ledo,
pesquei um momento de ternura
Eternizado
por uma antiga fotografia
Que,
por si só, denota a beleza
Que
transborda de qualquer poesia.
Como
se hoje, ainda fosse,
Recordo-me
daquele radiante dia
Que
nem a “Guerra”,
Nem
tampouco o cansaço
De
seu estafante ofício de médico,
Impediram-no
de esbanjar, comigo,
Tamanho
e tão terno afeto.
Talvez
dentre tantos outros filhos...
Não
fosse eu o seu preferido,
Mas...
tenham por certo
Que, sendo eu o primogênito
Das
entranhas dele nascido,
Fui
eu quem primeiro lhe concedeu
A
inenarrável alegria de ser pai...
Naquele
jubiloso dia do meu advento.
Ah,
meu amado pai e saudoso amigo,
O
humano e o divino conspiraram, em segredo,
Para
que me fosse outorgada a honra
De
ser, dentre tantos, o teu primeiro filho!
Esse
orgulho, de mim, ninguém tira!
Essa
vaidade, de mim, ninguém arrancar!
Para
mim valeu muito a pena,
Valeu
a pena demais da conta,
Eis
por que ouso alardear
(Com
tanto encantamento!)
Que,
de ti, não vou me esquecer nunca,
Nem
“bem de vagarinho”!...
Montes
Claros (MG) 12-08-2012
RELMendes
Capitulo 05
Quebrando paradigmas
(crônica)
Família não é um mar de
rosas como se decanta por ai afora! Isto desde que o mundo é mundo, ou melhor,
desde o tempo do bumba!
- Pasmem... tanto outrora
quanto na atualidade, filhos e parentes consanguíneos de quaisquer espécies, ou
quais outros tipos de agregados ( com
raras e belíssimas exceções ), são, infelizmente, os maiores infratores das
normas legais do “Estatuto do Idoso” e da “Lei de Deus”!
Para se fazer tal
afirmação, é preciso, no mínimo, ter testemunhado ou vivenciado tão
lamentáveis fatos.
Ora, isto não é tão raro
quanto pensamos:
Os asilos – esgotos da
sociedade – estão abarrotados de idosos abandonados por seus familiares; as
salas de espera do INSS estão repletas de pranto, nelas idosos vertem copiosas
lágrimas de decepção com seus filhos por terem lhes surrupiado os benefícios de
suas aposentadorias ou pensões; os Cartórios de Imóveis, apesar da probidade
moral de seus gestores, sempre de olhos abertos para evitar falcatruas
jurídicas utilizadas por familiares de idosos ingênuos, são, indiscutivelmente,
terrenos férteis para que tais artimanhas ocorram despercebidas. Esses, e outros tantos locais, são onde ocorrem essas lamentáveis situações
que são fontes imprescindíveis para se poder colher subsídios preciosos que
comporão, indubitavelmente, um dossiê de irrefutáveis provas que fortificarão muito
as nossas delações.
Pois é... só sei que eu
não sou o primeiro nem serei o ultimo delator de fatos tão lamentáveis. Há quem
afirme, baseado nas “Sagrada Escrituras” das religiões monoteístas, que o
próprio Deus foi quem primeiro delatou esses fatos tão deploráveis.
Vejamos em algumas
citações bíblicas o porquê dessa afirmação:
Conta-se que ao entardecer
Deus passeava pelo jardim do Édem e sentiu falta de Abel, e pois-se a
questionar Caim:
- Caim, cadê teu irmão
Abel?”
- Caim, onde está teu
irmão Abel?
Ora, Caim matará Abel por
inveja.
Segundo as mesmas
escrituras, Jacó (Israel) roubará a primogenitura de Isaú, instigado pela mãe
deles;
José, filho de Jacó, fora
vendido pelos irmãos, por inveja, aos mercadores de escravos;
O Rei Davi traiu e
assassinou seu melhor amigo Jônatas, para surrupiar-lhe a esposa; etc etc...
E para concluir essa
retrospectiva histórica judaica-cristã, utilizar-me-ei de um alerta do Senhor
Jesus que muito me faz refletir sobre tão delicado assunto: - “Os piores
inimigos estão dentro de nossa casa.”
( Mt 10
)
Podem até dizer-me: - Mas
que coisa mais antiga!
E eu vos direi no entanto
que: - Nada está completamente morto nem completamente vivo,” como diria Victor
Hugo, mas pulula em algum lugar da memória e vez por outra podemos pegá-las para sabermos por onde desliza o nosso velhaco raciocínio, tão
parvo, tão esdrúxulo. Contudo, tão contestador e tão lúcido.
Então, diante de tantos
alertas válidos, pra ontem e pra hoje, prefiro
andar pela vida sozinho, como diz Caio Felipe:
“Ser sozinho é como andar de bicicleta: você
aprende aos poucos, encontra o equilíbrio, e vai deixando os outros pra trás.”
Em face de tamanhas maldades relatadas por idosos
em toda a espécie de mídia na atualidade, é preciso que se bote a boca no
trombone!
Monte
Claros (MG), 11-01-2015
RELMendes
A “Serra da
Piedade” e o noviço estrambelhado
(O exato
momento em que eu recebia o hábito de noviço dominicano em BH.)
Vez por outra
minha memória passeia lá pelas bandas da Serra da Piedade.
Isto porque
por volta do primeiro semestre de 1961, eu e meus companheiros de noviciado
fomos descansar lá pelas bandas da tal “Serra”, para nos aliviarmos um pouco
das preções da vida conventual impostas pela Santa Regra Dominicana sobre o
nosso cotidiano de frades principiantes.
Se bem me
lembro, nos levantamos ainda de madrugada. Os sinos do convento badalaram
efusivamente por volta das quatro da madrugada. Dirigimo-nos à capela; rezamos
as matinas; tomamos um café substancial e entramos na velha “jardineira” que
nos conduziria à tão decantada “Serra”.
A discrição
monástica amainava a euforia que permeava
nossas almas ansiosas por um pouquinho de liberdade. Enfim, já estávamos vivendo enclausurados há mais de
quatro meses naquela santa casa de São Domingos em Belo Horizonte.
O “choffer”,
como chamávamos o motorista à época, pos-se atentar ligar a velha “Jardineira” que se negava,
veementemente, a pegar.
Contudo,
depois de algumas tentativas o motor deu sinal de vida. Pegou e pusemo-nos a
estrada. A tal ‘Jardineira” andava tão devagar que imaginava comigo mesmo:
- Não seria
melhor irmos a pé?
Mas mantive um
semblante de paz como é de bom tom a um aprendiz de frade.
Duas ou três
horas depois de uma viagem atribulada pelo desconforto da poeira e a lentidão
de locomoção do nosso veiculo,nos deparamos na beira da estrada com três
senhoras de semblante angelical que nos pediram carona. Eram três irmãzinhas de
Jesus da congregação fundada por Charles de Fouceuld. Ficamos muito encantados
com a essência da vocação dela:
- Viver a vida
oculta de Nazaré.
Na realidade a
época eu desconhecia essas ricas peculiaridades de cada uma das inúmeras
maneiras de viver a vida religiosa na Igreja Católica.
Mas de
repente, a “velha Jardineira” parou e as três freirinhas desceram e logo
saltaram na boleia de um caminhão que transitava pela estrada e partiram,
deixando-nos encantados.
Fiquei sabendo
depois que antes de elas abraçarem a vida religiosa, uma era medica, a outra
era engenheira e a terceira era advogada. Enfim, eram três mulheres de muito valor
que se dispuseram a largar tudo para seguir Jesus com radicalidade.
Bom!
Alguns minutos
depois estava-mos aos pés da “Serra”. Descemos da “Jardineira” e pusemo-nos a
escala-la lentamente.
Pouco a pouco
o cansaço e a fome se apoderaram de nós. Quanto mais subíamos, mais distante
nos parecia o pico da “Serra”.
Eu mesmo já me
perdia em murmúrios secretos. Pois um frade, mesmo que principiante, não deve
reclamar de nada, nem tampouco deixar transparecer tristezas. Mas, embora
contrariadíssimo e aborrecidíssimo, lá ia eu subindo, subindo rumo ao cume da
“Serra” onde ansiava usufruir um pouco de maior intimidade com Deus.
Já se fazia
crepúsculo quando chegamos ao topo da amada “Serra” e à frente da bela capela
de Na Sra da Piedade. Então, nos desfizemos das cargas de mantimentos que
trazíamos nos ombros. Gente, o vento assoviava estridente e gélido, era frio
pra dá com pau! Imediatamente após a chegada, nos introduzimos no átrio da
capelinha e nos posemos a cantar às Vésperas e as Completas, que são orações
que concluem o dia de oração de qualquer frade. Logo em seguida nos lançamos,
cada um em seu catre, sem ao menos nos lembrar que estávamos famintos.
Meu Deus!
Nunca um alvorecer fora, em nossas vidas, tão esperado. Porque nem o frio congelante,
nem a fome de lobo faminto, nem tampouco
os abusados pernilongos nos deram um só instante para pregarmos as pestanas
durante a noite inteirinha.
Portanto, mal
soara a primeira badalada do sino da capelinha, saltamos dos triliches e sem
lavar a cara ou fazermos a higiene bucal, no dirigimos, de imediato, à
capelinha para cantarmos as “Matinas”, dando
assim inicio aos primeiros louvores
diários de um frade . logo em seguida fomos degustar a primeira alimentação do
dia que nós mesmos tratamos de preparar: Um pãozinho amanhecido, umas
bolachinhas daquela bem simplesinhas, um chazinho feito com água de bica e um
cafezinho bem ralinho.
Após essas
primeiras façanhas do dia, nos pusemos a meditar ao ar livre e a contempla as
belezas da natureza que Deus criou.
Passada a fase
do imenso encantamento, nos dividimos em equipes para dá encaminhamento as
tarefas do dia. Coube a mim, em religião chamado frei. Boaventura, ao padre
mestre ( frei Emammuel Maria Retumba), a frei Leandro, frei Guido e a frei João
Evangelista limparmos a velha capelinha
muito empoeirada.
À medida em
que a limpeza se procedia, descobri atrás do altar-mor um velho e lindo
crucifixo jogado às traças. Chamei o padre mestre e mostrei-lhe o belo crucifixo, dizendo lhe:
- Podíamos
leva-lo para a nossa capelinha do noviciado. Então, ele disse-me:
-Para tanto você
terá que pedir o crucifixo ao frei Rosário. Você tem coragem?
Disse-lhe sorrindo:
-Tenho! Por que
não.
Então,
zombando de mim, disse-me:
-Então, não
perca tempo, vá logo!
E lá fui eu
todo serelepe rumo a ermida de frei Rosário.
Não me
lembrara em momento algum de sua fama de bravo.
Ingenuamente,
pus em sua bater à sua porta sob os olhares curiosos de meus companheiros de
noviciado. De repente a porta se abriu e eu me encontrava face a face com uma
figura carrancuda de dois metros de altura.
-Bom dia!
Disse-lhe eu sorrindo.
-Bom dia!
Respondeu-me aos berros.
- O senhor
poderia dar-me este belo crucifixo para colocarmos na capelinha do noviciado.
Esbravejando
respondeu-me:
- Você não tem
o que fazer, coloque o crucifixo imediatamente onde você o achou.
Virou-se e
bateu a porta em minha cara. Pra dizer a verdade em momento algum fiquei
zangado com ele. Mas muito me aborreceu a gozação explicita dos outros frades.
Coloquei o crucifixo onde achei e não toquei mais no assunto.
Por fim,
completada nossa rápida estadia prevista na “Serra da Piedade”, arrumamos
nossas tralhas e retornamos ao convento de origem para darmos prosseguimento
à nossa aprendizagem religiosa nos
moldes da regra de São Domingos.
Passados uns
três dias de nosso retorno ao convento, Pe. Mestre bateu à porta de minha cela,
abriu-a e disse mim:
- Frei
Boaventura, o Frei Rosário está lhe esperando lá na porta do noviciado.
Embora
arredio, ou melhor, tremendo nas bases, respirei fundo e dirigi-me à porta do
noviciado. Ao abri-la, muito encabulado, o cumprimentei com um discreto aceno
de cabeça e um sorriso amarelo, e ele pois se a falar em alto e bom som:
-frei
Boaventura, aquele crucifixo que você gostou não posso dá-lo porque não me
pertence. Mas, trouxe este que acabei de ganhar porque penso que ficará muito
bem na Capelinha de vocês. Boa tarde!
Gente, o
presente era de veras belíssimo! Foi uma grande festa no noviciado.
Ah!
Boquiabertos com esse inesperado arroubo de generosidade do nosso nobre ermitão
turão, eu e meus companheiros de noviciado, alem de perdidos em espantos de
alegria, apreendemos, profundamente, que também por trás de um homem grosseiro pode
haver um ser generosíssimo.
Então, até a
próxima crônicasinha da época desse ex-noviço estrambelhado.
Paz e bem!
Montes Claros
(MG), 09-04-2015
RELMendes
Capitulo 7
Capitulo 7
Frei Jordão, o alegre confessor do Noviço esparolado
Frei Jordão de Oliveira OP
Meu Deus! Quando minha memória se dispões a passear lá
no passado, Ela sempre encontra algo de interessante a rememorar. Portanto, vamos
acompanha-la em suas andanças pra ver o que ela ira cascavilhar lá no passado
já tão distante.
Cá comigo tenho por certo que, novamente, nos
conduzirá ao Convento dos dominicanos, situado à rua, do Ouro, bairro da Serra
em Belo Horizonte, lá pelos idos de 1961.
Desta vez para falarmos de um cara incrível, e muito
santo, frei Jordão.
E por que não?
Ora! Se nem o
tempo conseguiu apagar em mim suas santas lembranças, não serei eu quem as
esconderei vez que não seria nem pertinente ao relato, nem tampouco justo ao
protagonista.
Quando conheci frei Jordão, ele já era um frade presbítero
e vice mestre de noviços. Era um jovem homem de sorriso afável e permanente.
Penso que frei Jordão, em sua juventude, como eu deveria
ser “um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones”.
Vez que em sua maturidade, quando o conheci, apesar de
acometido por uma terrível doença – uma tuberculose calopante adquirida em uma
de suas extravagâncias esportivas, subir a “Serra da Piedade” correndo sem
agasalho- sempre o encontrávamos perdido em alegria e brincadeiras
interessantes.
Esse cara era verdadeiramente um santo.
Dias após a minha tomada de hábito, eu o escolhi para
meu confessor vez que se ao Mestre de Noviços,
considerado a Regra Viva do convento, cabia conduzir-nos ao conhecimento e a vivência
do carismas da Ordem, aos demais frades presbíteros, segundo a livre escolha de
cada noviço, competia ouvir-nos em
confissão e dar-nos orientação espiritual .
Então, contar-lhes-ei um interessante fato que
confirma a santidade desse bom homem com quem tive a oportunidade de conviver
no convento por alguns poucos meses:
Certa feita, numa tarde qualquer daquele saudoso
tempo, quando fui me confessar, ao bater à porta de sua cela deparei-me com uma
enternecedora cena de profunda paciência consigo mesmo e com suas limitações.
Lá estava ele prostrado ao solo de braços abertos e
rindo se si mesmo, porque fora tentar rezar de joelhos e caira de bruços ao
solo. Ao entrar, disse-me que já se encontrava naquela posição a mais de duas
horas a espera de alguém que viesse ajuda-lo a se levanta.
Pediu-me que lhe desse o braço para que pudesse se
apoiar e por si só se levantar. Então compreendi que, realmente, ele se
encontrava muito debilitado. Mas, a maior surpresa, foi quando me pediu pra
ajuda-lo a trocar o hábito que tinha se sujado porque era muito branco.
Meu Deus!... O santo homem era só pele, osso e sondas excretoras
do excessivo fluido pulmonar que escorria de seu magérrimo corpo franzino. E no entanto,
nunca ninguém o vira lamuria-se de nada. Pronto! Daquele momento em diante,
eu já não tinha problema algum! Uma vez recomposto disse-me carinhosamente:
- Frei Boaventura, estou a sua disposição! O que o
senhor deseja?
Profundamente encabulado, disse-lhe:
-Vim apenas reclamar de quase nada. Mas, ao observa-lo
com tanta paciência para consigo mesmo, já obtive a paz que eu vim procurar.
Agradeci-lhe ternamente, o acolhimento e parti curado, de alma e de mente.
Conta-se que esse tal frei sorriso, com o qual eu tive
o privilégio de conviver ainda que por pouco tempo, morreu brincando com seus
confrades que cantavam a Salve Rainha na hora de sua morte.
- “Gente, se desafinarem na minha missa de “réquiem”
como estão desafinado agora, eu salto do caixão e saio correndo por ai afora”.
Contaram-me, também, que após dizer isto, sorriu,
respirou fundo e partiu.
Valeu, homem sorriso!
Até breve!
Montes Claros, (MG), 12-04-2015
RELMendes
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Editor Virtual: Daniel Mendes
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