Ao tentar cadastrar as inúmeras realizações teatrais concretizadas ao longo da minha árdua caminhada de educador, sinto a sensação de dever cumprido.
Abri perspectivas de amplo desenvolvimento cultural e proporcionei
oportunidade para que outros descortinassem horizontes mais amplos.
Vislumbrei, antecipadamente, possibilidades futuras infinitas de
concretizar o surgimento de inúmeros grupos teatrais que, hoje povoam o
ambiente sócio-cultural do Norte de Minas.
Pressenti a importância da Arte Cênica como elemento indispensável,
no processo de aprendizagem e de integração afetiva e efetiva do aluno ao
ambiente escolar.
"Le thêatre instruit mieux que ne fait pas un gros livre." Voltaire.
Montes Claros 16 de maio de 2009
A uma laboriosa artesã de belas cenas teatrais
(Terezinha Lígia Fróis...)
O primeiro encontro meu com a dama-mãe do Teatro Profissional Montes
Claros, Terezinha Lígia, ocorreu lá pelos idos de fevereiro de 1975, ao se
iniciar o “Curso Técnico de Teatro” (2° Grau a época) do “Conservatório
Lourenzo Fernández”.
Em lá chegando (no amado “Conservatório”, ora, pois!) subi muito
ressabiado as escadas daquele templo da música, em Montes Claros, e deparei-me
com uma sala de aula transbordando de encantadoras senhorinhas ansiosas, e, de
curiosidade, repletas!
Contudo, dentre todas aquelas senhorinhas alunas, uma delas, Terezinha
Lígia se destacava sobremaneira, o que me dá o azo, agora, de relembrar a
inesquecível sensação de admiração que se apoderou de mim, naquele momento
ímpar. Deparei com a sala de aula florida e com aquele diamante refulgente de
sonhos teatrais muitos e de tantas outras utopias cênicas viáveis, porque
escrevia bem, cantava como um rouxinol, e era portadora de um “mis-en-scéne”
incrível.
À medida que o “Curso de Teatro” ia seguindo seu percurso, ela, o
diamante refulgente também ia me falando acerca de seu amor pelo “Teatro” e
discorria, com certa frequência, sobre suas pretensões artísticas. No decorrer
das aulas, apenas duas por semana, o que muito dificultou a elaboração de um
produto teatral consistente, como montagem de peças, esquetes e outras, à
medida do possível, sempre tergiversamos acerca de nossas vivências teatrais e
de tantas outras coisas afeitas às “artes cênicas”, tais como: conceito
elementar de Teatro; noções gerais de expressão corporal e impostação de voz;
fragmentos de história do teatro; e, en passant, foram abordados alguns
ensinamentos de Constantin Stanislavsk, oriundos de sua obra, “A preparação do
ator” (Ex: “a quarta parede” e, também, outras coisas mais, indispensáveis ao
dito ofício); entre tantas outras coisas.
Entretanto, apesar de tantos senões e de incontáveis dificuldades, a
competentíssima e talentosíssima atriz Terezinha Lígia, a quem carinhosamente
chamo de “artesã laboriosa de tantas belas cenas teatrais”, prosseguiu seguindo
as trilhas da meta a que se propôs atingir, e as atingiu: (veja, assista e
deguste seu trabalho artístico em suas montagens teatrais: “Brincando de
Brincar” e “Uma Conversa Puxa a Outra” e diga-me se não tenho razão!).
Atualmente, pelas estradas da vida e também pelos palcos do mundo,
Terezinha Lígia e seu extraordinário “Grupo Fibra” tecem cenas de inenarrável
beleza, bordando seus belos sonhos cênicos para o encantamento de todos nós que
temos a grata felicidade de contemplá-los em suas divinas performances
teatrais.
Que você, Terezinha Lígia, e o “Grupo Fibra” continuem a abrir as
cancelas do encantamento das gentes, é o que lhes desejo de todo o coração.
Abraços tantos.
O menino silente de “Pasárgada”!
(a Joba, João Batista de Almeida
Costa)
Sereno!...
Esguio!... Observador!...
Surpreendentemente...
Acolhedor...
E
espantosamente,
Generoso e
envolvente!...
Com aquele
jeitinho sorrateiro,
De catrumano
curioso,
Joba surgiu...
Como
inesperada flor de primavera,
Prá dar
existência e sustança,
À imaginária
“Pasárgada,”
Do “Grupo de
Teatro, do Plínio Ribeiro”!...
Vestiu-se de
poesias diversas...
Fartou-se de
gestos tantos...
Fantasiou-se
de hippie,
De “Zumbi” e
outros tantos...
Enfeitou-se de
sonhos muitos...
Arregimentou
outros jovens talentos,
Fez-se um, com
todos os demais atores...
E bordou-se de
amizade (duradoura),
Com cada um,
E com todos os
membros do “querido grupo”,
Desde o
primeiro momento,
Para todo o
sempre...
Esse é o Joba,
cofundador...
Do Grupo de
Teatro “ Pasárgada”,
Porque ele se
fez presença desde o início:
“Nós, você e
Manoel Bandeira” (1970);
“Vomupopono”
(1971);
“Pasárgada
Canta Zumbi” (1972);
“Milenbra
Pasárgada” (1973);
“Missa Leiga”
(1974)
E “Fernando em
Pessoas”...
E porque fez
TEATRO com a gente,
Ele é, e
sempre será o Joba,
A “Estrela da
Manhã”... da gente!...
Montes Claros(MG)-06-09-2013
RELMendes, o
Paiê!...
A
cotovia dos Claros Montes!
(Um mimo à
minha amiga, Liege Rocha!)
Vez
por outra...
Mas só vez por
outra!...
Inesperadamente...
Assim como
flor de primavera,
Uma cotovia
pousa
Na soleira do
meu solar,
E canta!... Solfeja!...
Assovia!...
E fascina a
vizinhança inteirinha.
Vez por
outra...
Mas só vez por
outra!
Inesperadamente...
Ela se abeira
Com um violão
embaixo do braço,
E é só
alegria!...
Porque canta!...
Solfeja!... Assovia!...
E a todos
encanta!...
Vez por
outra...
Mas só vez por
outra!
Inesperadamente...
Assim como uma
cotovia encantada,
Ela se põe a
cantar... a solfejar... a assoviar,
E a inebriar a
todos...
Porque isto, o
faz desde criança!...
Portanto, pra
cantar...
Com ela não há
se´s,
Todavia, sobra
si bemol:
Dó... ré.. mi..
fá.. sol... lá... si... dóoo!
Vez por
outra...
Mas só vez por
outra!
Inesperadamente...
Ela voa...
Desaparece,
E se esconde!...
E nós cá
ficamos...
Com uma
saudade louca dela!...
Montes Claros
(MG), 17-08-2013
RELMendes