A crítica teatral Barbara
Heliodora morreu na manhã desta sexta-feira (10) no Hospital
Samaritano, em
Botafogo, Zona Sul do Rio, onde estava internada desde março. A crítica de
teatro tinha 91 anos.
Nascida em 29 de agosto de
1923, filha de uma poetisa, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, e do historiador
Marcos Carneiro de Mendonça, a crítica teatral e tradutora Barbara Heliodora se
transformou em uma das maiores conhecedoras da obra de William Shakespeare no
Brasil.
A paixão pelo escritor inglês
começou na infância, aos 12 anos, após ganhar da mãe o primeiro volume das
obras completas do dramaturgo. Ela costumava dizer que Shakespeare foi um
grande e bom amigo ao longo dos anos.
Barbara estudou e se formou
nos anos 1940 em literatura inglesa no Connecticut College, nos Estados Unidos.
Aos 35 anos, iniciou a carreira no jornalismo, no jornal Tribuna da
Imprensa, entre outubro de 1957 e fevereiro de 1958. Na época, amigos do
teatro "O Tablado", insistiram para que ela escrevesse sobre o mundo
teatral que ela tanto admirava.
Foi no Jornal do Brasil, onde
trabalhou até 1964, que sua carreira conquistou respeito e seriedade pelo
conhecido rigor dos seus artigos e críticas. Ela era responsável pela resenha
de teatro do jornal. A classe teatral brasileira se referia a ela como a "Dama
de Ferro". Nos teatros, gostava sempre de sentar nas primeira fileiras
para assistir aos espetáculos. Em 2013, em entrevista ao programa Starte,
da Globonews, ela contou que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos teatrais.
Entre 1964 e 1967, em plena
ditadura militar, ela assumiu a direção do Serviço Nacional do Teatro. Barbara
também deu aulas no Conservatório Nacional de Teatro e no Centro de Letras e
Artes da Uni-Rio, onde se aposentou em 1985.
Voltou ao jornalismo em 1985,
na revista Visão. Cinco anos depois, foi convidada trabalhar no
jornal O Globo, onde ficou por mais de 20 anos. Deixou o dia a dia do jornal no
final de 2013, ao completar 90 anos. Nesse mesmo ano, disse em entrevista ao
programa Starte, da Globonews, que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos
teatrais. Mesmo sem a rotina de escrever diariamente sobre teatro, Barbara
continuou a fazer traduções e participar de mesas de debates sobre Shakespeare,
em reuniões semanais em sua casa, no Largo do Boticário.
Barbara também fez direção,
adaptação e tradução de diversas obras. Um de seus maiores desafios foi a
tradução de mais de 30 peças de Shakespeare para o português. Em entrevista
exibida em 2009, na Globonews, ela contou que fez a tradução ao longo de 30
anos. A mãe dela já tinha feito a tradução de "Hamlet" e
"Ricardo III".
Ao longo da carreira ela
escreveu seis livros. O primeiro em 1975, a partir da sua tese de
doutorado na Universidade de São Paulo (USP) : "A Expressão Dramática do
Homem Político em Shakespeare". Em 1997, "Falando de
Shakespeare", onde reuniu conferências realizadas ao longo de 15 anos de
trabalho.
Em 2000, Barbara escreveu
"Martins Pena, uma introdução", a convite da Academia Brasileira de
Letras. Em 2004, ela lançou uma coletânea de ensaios: "Reflexões
Shakespearianas". E na companhia de outros quatro autores, lançou em
2005 "Brasil, Palco e Paixão" - Um século de Teatro",
sobre uma parte da história do teatro brasileiro no século XX. O último livro
foi "Caminhos do teatro Ocidental", resumo do trabalho como
professora de história do teatro, de 1966 a 1985.
Em uma de suas últimas
entrevistas disse que pensava sobre a contribuição do teatro. "O teatro é
um documentário perfeito da história do ocidente. Você lendo as peças você vai
acompanhar o desenvolvimento do ocidente exatamente. Os autores teatrais acabam
refletindo exatamente a história toda".
Barbara Heliodora deixa três
filhas - de dois casamentos - e quatro netos.
Barbara Heliodora, nascida Heliodora Carneiro de Mendonça (Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1923 — Rio de Janeiro, 10 de abril de2015), foi uma ensaísta, tradutora e crítica de teatro brasileira,2 além de reconhecidamente uma
autoridade na obra de William Shakespeare.1É professora emérita e titular aposentada da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
Foi condecorada pelo Ministério da Cultura da França com a Ordre des Arts et des Lettres e, no Brasil, pela Academia Brasileira de Letras,
conquistando a medalha João Ribeiro.
Filha
mais nova do casal de intelectuais Anna Amélia e Marcos Carneiro de Mendonça, Barbara
Heliodora inicia sua em 1958, aos 35 anos, como crítica teatral da Tribuna da
Imprensa.1De
1958 a 1964 assina a coluna especializada do Jornal do
Brasil, logo adquirindo respeito graças à seriedade, ao rigor e à
erudição dos seus artigos.1 Foi
uma das líderes na modernização da crítica teatral no Rio de Janeiro, através
do Círculo Independente de Críticos Teatrais.1
De
1964 a 1967, afasta-se da crítica para atuar na direção do Serviço Nacional de
Teatro (SNT).1 Mais
tarde volta-se unicamente ao ensino ao atuar como professora de história de
teatro no Conservatório Nacional de Teatro e,
posteriormente, professora titular da mesma disciplina no Centro de Letras e
Artes da Uni-Rio,
cargo que desempenha até a sua aposentadoria, em 1985.1 Mais
tarde, também ministra cursos de pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP), onde
defende, em 1975, tese de doutorado intitulada "A Expressão Dramática do
Homem Político em Shakespeare", posteriormente transformada em livro.1 Publica
também Algumas Reflexões sobre o Teatro Brasileiro em 1972.1 Em
1986, volta a exercer a crítica jornalística na revista Visão, passando depois
a jornais e como O Globo, onde se estabelece. Na década de 90,
volta a lecionar no curso de mestrado em teatro da Uni-Rio.1
Publicou
textos também no Jornal do Brasil e Estado de S. Paulo. Uma de suas obras mais
conhecidas é Falando de Shakespeare, a expressão dramática do homem
político em Shakespeare e Martins Pena: uma introdução.
Também é considerada uma "polemista inveterada".
Em
2013 publicou A história do teatro no Rio de Janeiro e Caminhos
do teatro ocidental. Em 2014 lançou Shakespeare: o que as peças
contam — Tudo o que você precisa saber para descobrir e amar a obra do maior
dramaturgo de todos os tempos.2
Em
janeiro de 2014, aos 90 anos, decide sair de cena, embora já estivesse
aposentada desde 1985.3 Deixa
seu cargo de crítica de teatro n'O Globo para o crítico Macksen Luiz